Com o intuito de debater temas urbanos por meio da arte, a Mostra de Cinema Moventes , promovida pelo Centro Cultural Vale Maranhão traz hoje, às 19h, no Canal do Youtube, no endereço : www.youtube.com/centroculturalvalemaranhao. Serão exibidos dois filmes que trazem discussões sobre traumas e memórias da violência policial, marcada nos corpos das personagens, em futuros distópicos, explicitados pela segregação física entre quem pode e quem não pode circular. Na programação de hoje serão exibidos dois filmes: “Chico”, dos Irmãos Carvalho (RJ) e “Branco sai, Preto fica”, de Adirley Queiroz (DF)
O curta-metragem “Chico” é de 2016 e o enredo é futurista, a trama se passa em 2029. Treze anos depois de um golpe de Estado no Brasil, crianças pobres, negras e faveladas são marcadas em seu nascimento com uma tornozeleira e têm suas vidas rastreadas por pressupor-se que elas irão, mais cedo ou mais tarde, entrar para o crime. Chico é mais uma dessas crianças. No aniversário dele, é aprovada a lei de ressocialização preventiva, que autoriza a prisão desses menores. O clima de festa dará espaço a uma separação dolorosa entre Chico e sua mãe, Nazaré.
Aclamado
Em seguida será apresentado o filme “Branco sai, Preto fica”. Na obra de Adirley Queiroz fala sobre a violência urbana. Na sinopse, tiros em um baile de black music na periferia de Brasília ferem dois homens, que ficam marcados para sempre. Um terceiro vem do futuro para investigar o acontecido e provar que a culpa é da sociedade repressiva.
O filme foi considerado pela crítica especializada um dos filmes mais importantes, lançados no Brasil em 2015, principalmente pela escolha narrativa do autor de fundir documentário e ficção, em uma trama que vislumbra o futuro político e social do país em um cenário distópico.
O título do filme tem relação com a realidade do racismo preconceituoso presente no país. “Branco sai, preto fica” foi o grito de ordem de um policial no massacre do baile do Quarentão, realizado no centro de Ceilândia, Distrito Federal, no dia 5 de março de 1986. O baile era uma das principais festas blacks da Capital Federal.
O filme, que mistura história com ficção, mostra a ação policial que aconteceu no Quarentão e que dá título ao longa. Em uma violenta 'batida', a polícia separou brancos e negros (por isso Branco sai, preto fica) e saiu atirando. Na ação, o rapper Marquim da Tropa, adolescente na época, foi atingido e ficou paraplégico. Schokito, também atingido, teve que colocar uma perna mecânica. Os dois reviveram a história de 1986 no cinema: eles são atores que estão no filme.
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