Amparo

Espaço acolherá pessoas trans em vulnerabilidade

Em construção, no Araçagi, a Casa FloreSer Maranhão será gerenciada pelo Instituto Raíssa Mendonça; projeto acolherá a comunidade LGBTQ+

Evandro Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Casa oferecerá alimentação, higiene pessoal, acolhimento e atendimentos
Casa oferecerá alimentação, higiene pessoal, acolhimento e atendimentos (Casa FloreSer)

São Luís - Indivíduos em situação de vulnerabilidade social pertencentes à população LGBTQ+, principalmente transexuais, passam a contar com um espaço solidário em São Luís. Trata-se da Casa FloreSer Maranhão, no bairro Araçagi, a ser inaugurada no próximo dia 27, às 16h, com a presença de autoridades dos mais diversos segmentos, representantes de órgãos e entidades.

A iniciativa é do Instituto Social e Cultural Raíssa Mendonça, entidade filantrópica sem fins lucrativos que pretende amparar, também, pessoas oriundas do sistema prisional maranhense, com ações postas em prática em parceria com órgãos públicos e a iniciativa privada, ofertando cursos profissionalizantes.

A casa vai favorecer o empoderamento desses indivíduos, tanto por meio da capacitação profissional quanto do acolhimento, que será prestado de forma humanizada, fortalecendo a autoestima e reconstruindo vínculos familiares e comunitários.

O serviço oferecerá alimentação completa em diferentes turnos, higiene pessoal, acolhimento, atendimento socioeducativo e psicológico e encaminhamento à rede socioassistencial. Os conviventes poderão participar de oficinas, debates, palestras internas e externas, festas e outras atividades.

O projeto, inspirado na Casa Florescer de São Paulo, acolherá 90 pessoas inicialmente. De acordo com a idealizadora, psicóloga transexual Raíssa Martins Mendonça, o objetivo é proporcionar um ambiente salutar e acolhedor e que, também, contribua para que os assistidos descubram seus talentos e potenciais.

“Além daqueles indivíduos que não se sentem acolhidos no ambiente familiar devido à sua identidade de gênero, nós receberemos pessoas em situação de vulnerabilidade social, inclusive vítimas das drogas e da prostituição, dando-as uma possibilidade de superar as mazelas e de viver com dignidade”, afirma Raíssa Martins Mendonça, acrescentando que o projeto prevê a construção de uma padaria comunitária e de um salão de beleza.

Sonho
Ela criou o Instituto Social e Cultural Raíssa Mendonça para realizar um sonho antigo de ajudar a comunidade LGBTQ+ com iniciativas concretas, pois, tendo sentido na pele, ela sabe das inúmeras dificuldades por que passam essas pessoas, devido ao preconceito da sociedade. “São muitas portas que se fecham quando você decide revelar a sua identidade de gênero. Eu passei por tudo isso e sei que não é fácil”.

Segundo ela, estima-se que 10% da população brasileira pertençam à comunidade LGBTQ+ e uma parte significativa é transexual ou travesti. Com expectativa de vida de 35 anos, este é, também, o grupo mais afetado pela violência relacionada à identidade de gênero e orientação sexual, fazendo com que o Brasil lidere, há anos, o ranking dos países que mais matam transexuais.

De origem humilde, Raíssa Mendonça (cujo nome foi Dorivaldo Martins Mendonça) passou a infância ajudando a família na roça, em Pedro do Rosário (MA), e deixou sua terra natal ainda adolescente, migrando para a capital com a ajuda de uma tia. Em São Luís, trabalhou como catadora de frutas descartadas, pregoeiro, empregada doméstica, cabeleireira e militante política na sede de um partido.

A transexual conseguiu na Justiça a mudança de seu prenome social, o que aconteceria depois de seu ingresso no curso de Psicologia, na Universidade Ceuma. A vida dela foi marcada por muitos altos e baixos. Entre outras coisas, chegou a ser enganada no exterior, onde quase foi obrigada a se prostituir.

As principais passagens de sua história estão no livro intitulado “O Outro Lado da Maçã”, escrito por Evandro Júnior, jornalista, blogueiro e colunista de O Estado. O dinheiro arrecadado com a venda dos exemplares será empregado nas primeiras ações da Casa FloreSer Maranhão.

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