Violência contra a mulher

Caso Mariana Costa: clamor e justiça contra o feminicídio

Família e amigos de Mariana Costa, assassinada em 2016, aguardam o julgamento do acusado do crime que a vitimou, Lucas Porto, marcado para ocorrer no dia 24 de fevereiro

Evandro Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Projeto “Somos todos Marianas” hoje é uma associação e realiza ações, com palestras em escolas sobre violência contra a mulher, entre outros
Projeto “Somos todos Marianas” hoje é uma associação e realiza ações, com palestras em escolas sobre violência contra a mulher, entre outros (Caso Mariana )

São Luís - Uma dor que perdura há quatro anos e quatro meses poderá ser amenizada no próximo dia 24 de fevereiro, data do julgamento de Lucas Ribeiro Porto, acusado de ter estuprado e assassinado a publicitária Mariana Menezes de Araújo Costa Pinto, em 2016, quando ela tinha 33 anos. Recolhido no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, o réu irá a julgamento no Fórum Desembargador Sarney Costa, às 8h30.

De acordo com a advogada Carolina Costa, irmã da vítima e ex-mulher do réu, no dia do julgamento haverá uma manifestação na frente do Fórum Desembargador Sarney Costa. Além disso, será veiculado nas redes sociais um “Manifesto”, uma forma de mostrar à sociedade e, principalmente, aos agressores de mulheres, que não se admite mais “Marianas” sendo assassinadas no Brasil.

Conforme Carolina Costa, o “Manifesto” possibilitará que qualquer pessoa expresse seu apoio no combate ao feminicídio, muitas vezes motivado por ódio, desprezo ou sentimento de perda do controle e da propriedade sobre as mulheres.

“Penas severas devem ser impostas a Lucas Porto. É preciso que a Justiça aplique uma pena justa, merecida e preventiva, ou seja, proporcional à gravidade objetiva do fato e inibidora de novos feminicídios no Maranhão. Há uma resistência muito grande em aplicar a lei, pois nunca o criminoso é o homem racional para quem a lei é dirigida. É preciso avançar para que as leis sejam rigorosamente aplicadas”, disse Carolina Costa.

Confesso

Lucas Porto, após ser preso, confessou o crime, que teria sido motivado por uma atração que sentia pela vítima. Ele responderá pelos crimes de estupro, homicídio e feminicídio. O assassinato aconteceu no dia 13 de novembro de 2016, no apartamento da vítima, no bairro Turu. Segundo a polícia, Mariana estava dormindo em seu quarto quando foi abordada pelo acusado.

Ela teria travado uma luta corporal para se proteger do ato violento e, em seguida, sofreu asfixia. A vítima desmaiou e foi sufocada com um travesseiro. Mariana foi encontrada desacordada por vizinhos e levada para o hospital, aonde chegou morta. Ela era filha de Sarney Neto e sobrinha-neta do ex-presidente da República, José Sarney.

Violência
Todas as formas de violência contra a mulher precisam ser combatidas, na opinião de Carolina Costa, seja ela física, sexual, psicológica, financeira ou patrimonial. “Precisamos, enquanto sociedade, nos posicionar”, continuou a ex-mulher de Lucas e mãe de Ana Clara e Sofia Porto.

Após a morte de Mariana, Carolina Costa deu total apoio a sua mãe, Flor de Liz, na “Associação Somos Todos Marianas”. Desde então, ela se tornou um nome de referência na luta contra o feminicídio e pela mudança de mentalidade voltada ao respeito, a igualdade e equidade do gênero feminino, oferecendo palestras acerca da realidade feminina numa sociedade machista, dando suporte a elas em busca de seus direitos.

É uma transformação de dor em um propósito de vida. Não posso permitir que outras mulheres continuem apanhando de boca calada ou que sejam mortas cruelmente, como minha irmã foi”Carolina Costa, irmã de Mariana Costa

Devido ao caso, a data “13 de Novembro” foi reconhecida como Dia de Combate ao Feminicídio, por lei estadual e municipal. “Quando uma mulher sofre violência, todas nós sofremos também. É por isso que esse projeto nasceu e vamos continuar até que todas vivam sem medo”, frisou.

Carolina Costa, que viveu durante 20 anos com Lucas Porto, conta que todas as iniciativas nas quais ela se envolveu contra a violência que atinge as mulheres brasileiras a ajudaram a amenizar o sofrimento e a saudade que sente da irmã. “É uma transformação de dor em um propósito de vida. Não posso permitir que outras mulheres continuem apanhando de boca calada ou que sejam mortas cruelmente, como minha irmã foi”, diz.

Ações
Desde 2017, a família de Mariana se envolve com a Semana de Combate ao Feminicídio, em associação com a Casa da Mulher Brasileira, delegacias de Polícia e outros órgãos diretamente envolvidos com a violência de gênero. Durante a programação, há palestras, caminhadas na Avenida Litorânea e passeio ciclístico, como aconteceu no ano passado.

O projeto “Somos todos Mariana” virou uma associação e completará dois anos, oferecendo palestras, bazar e outras atividades. Mais de 70 palestras em escolas públicas, particulares e zona rural já foram proferidas, bem como realizadas ações sociais, com a ajuda de representantes de toda a rede de combate e proteção à mulher.

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