Imunização

"Se quiser, o Brasil vacina 5 milhões por dia", diz pesquisadora da Fiocruz

Margareth Dalcolmo falou sobre imunização contra o coronavírus no Brasil durante entrevista ao programa "Timeline" na sexta-feira.15; segundo ela, no entanto, este cenário depende de uma "decisão política", que acarreta em um minucioso planejamento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Pesquisadora Margareth Dalcolmo diz que é preciso  uma estratégia de guerra em tempos de paz
Pesquisadora Margareth Dalcolmo diz que é preciso uma estratégia de guerra em tempos de paz (Pesquisadora Margareth Dalcolmo)

RIO - Referência na atuação durante a pandemia do coronavírus, a pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo, disse acreditar que o Brasil tem condições de vacinar 5 milhões pessoas por dia. Segundo ela, no entanto, este cenário depende de uma "decisão política", que acarreta em um minucioso planejamento.

"Se tivermos full time (postos abertos), por que não (vacinar 5 milhões)? Basta que se tenha vacina, gente trabalhando, horários diferenciados e uma estratégia de guerra em tempos de paz. Tem que ter vacinas, insumos e pessoal disponível. E adesão com a organização da nossa sociedade, entendendo que não pode fazer tumulto, deixar idosos expostos. Tudo isso terá que ser feito com serenidade", avaliou.

A expectativa do governo brasileiro é iniciar a vacinação contra a Covid-19 de forma simultânea a partir das 10h da próxima quarta-feira,20. Conforme a pesquisadora, a projeção é de que se imunize 60% da população ao longo de 2021, o que "é perfeitamente factível com a estrutura do programa nacional de vacinação".

"O Brasil tem quase 40 mil salas em todo o Brasil, tem uma expertise em campanhas e todas as pessoas de acordo com o programa poderão procurar centros de saúde SUS mais próximos de suas residências. O que estamos alertando é que não haverá vacina para toda a população. Isso não existe. Em nenhum lugar do mundo", enfatiza.

Principal aposta

A vacina contra a covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford e a Fundação Oswaldo Cruz, é principal aposta do Brasil para começar a vacinar a população. No Brasil, o imunizante será produzido pela Fiocruz. Na última quinta-feira (14), o Ministério da Saúde enviou um avião à Índia para buscar 2 milhões de doses do imunizante no laboratório Serum, um dos fabricantes da vacina da AstraZeneca.

O resultado da análise do pedido de autorização para uso emergencial da vacina da Oxford, no entanto, será divulgada no domingo,17, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que também decidirá sobre o pedido encaminhado pelo Instituto Butantan para aval da CoronaVac.

O pedido de autorização da Fiocruz é para o uso de 2 milhões de doses de vacinas que devem ser importadas do laboratório Serum. A Fiocruz deseja distribuir, ainda em janeiro, estas doses prontas, vindas de fábrica indiana. A instituição passará a produzir a vacina a partir de 20 de janeiro. A previsão é de entrega de 1 milhão de doses já no início de fevereiro. A projeção é produzir 15 milhões de doses a cada mês e fechar o primeiro semestre com 110 milhões de doses produzidas já no Brasil.

Manaus

Ainda durante a entrevista ao programa Timeline, Dalcomo comentou a situação de calamidade pública diante do colapso do sistema de saúde de Manuas, no Amazonas. Mais de 230 pacientes estão sendo remanejados para outros estados por falta de oxigênio nos hospitais.

"Estamos acompanhando de perto, com nossos colegas. Eu considero que estamos vivendo um luto vendo o sofrimento dessas pessoas. Não é possível que em 2021 esteja ocorrendo. Manaus é um lugar isolado, não é tão simples de chegar, não é qualquer aeronave que pode transportar oxigênio. Há uma premência causada pela transmissão da cepa mutante, essa cepa está circulando e transmite muito mais. É uma crônica anunciada",disse. E completou:

"O que está acontecendo em Manaus pode perfeitamente ocorrer em outros locais do Brasil se providências não forem tomadas", alertou a pesquisadora.

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