Alerta

Automedicação para perder peso pode trazer risco à saúde

Especialista explica que não existe medicamento que promova emagrecimento sem que esteja associado a alimentação balanceada e prática de atividades físicas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
(remedio)

Fortaleza - Quando o ano se inicia, surgem muitas promessas sobre perder peso. Neste 2021, então, tem gente querendo compensar os quilos extras adquiridos na quarentena, quando a maioria ficou sem fazer atividades físicas e a ansiedade fez que o consumo de alimentos muito calóricos aumentasse significativamente. Ter o cuidado em manter a forma é válido, mas usar medicamentos para emagrecer sem orientação pode colocar a saúde em risco, segundo alerta o farmacêutico Diego Guedes.

O especialista explica que não existe nenhum medicamento que promova o emagrecimento sem que esteja associado a uma alimentação balanceada e prática de atividades físicas. Ele faz um alerta sobre as consequências que a automedicação de qualquer tipo de medicamento que a pessoa acredite ser bom para isso pode trazer. “Os perigos decorrem principalmente da alteração metabólica até alterações de humor significativas”, comenta Guedes, que é coordenador e também professor da pós-graduação em farmácia clínica da Faculdade IDE.

A busca por comprimidos que podem fazer alguém perder peso tem aumentado muito, mas é importante ficarmos atentos. “Persiste ainda em nossa sociedade a ideia de que a saúde provém de pílulas, seja para quaisquer desordens. Os medicamentos, quaisquer que sejam os mecanismos de ação, vão alterar funções fisiológicas em nosso organismo. Por isso, é imprescindível a avaliação por um profissional de saúde para poder verificar se há algum risco ao paciente”, explica.

Diego traz alguns exemplos de remédios que acabam sendo usados por muita gente pra poder mover o ponteiro da balança mais rápido. “Alguns medicamentos têm seu efeito no sistema nervoso central, como a sibutramina, que inibe a recaptação de alguns neurotransmissores, fazendo com que haja uma supressão do apetite. A fluoxetina também age por esse mecanismo de ação, mas com maiores especificidade atuando no sistema nervoso central. Outros medicamentos agem no metabolismo, feito a metformina, que é indicada para o tratamento do diabetes mellitus”, pontua.

O farmacêutico lembra ainda que todos estes medicamentos são tarjados e que a prescrição é de exclusividade médica, sendo inclusive a sibutramina e a fluoxetina medicamentos controlados que exigem a retenção de receituário.

Laxantes?

Vez ou outra a gente escuta que algum remédio pode trazer algum benefício estético, mas essa prática é muito perigosa. Um exemplo é o uso de laxantes para evacuar de forma mais intensa e diminuir líquido do organismo. “Os laxantes agem de duas maneiras: a primeira é a de expelir o bolo fecal formado. Mas há uma indicação não usual que é o uso de laxantes de forma contínua para impedir que o alimento fique por muito tempo em contato com o intestino e que, assim, possa absorver os nutrientes da alimentação”, diz o farmacêutico.

“Isso é um absurdo sem tamanho, uma vez que elementos essenciais à nossa saúde também são absorvidos através da alimentação”, alerta Diego Guedes. Existem produtos de venda livre de acesso ao consumidor direto nas farmácias, mas também é importante orientação. O profissional explica que a gama é grande e vai desde chás até medicamentos fitoterápicos industrializados, mas que mesmo os chás precisam de atenção sobre o modo de preparado e que quanto aos medicamentos nenhum deles surgem para esta finalidade e que o seu uso se configura em decorrência dos efeitos colaterais que tornam desejáveis.

Produtos permitidos e os cuidados

Algumas coisas são permitidas e sem muito risco, mas mesmo assim é bom ficarmos atentos. Um dos produtos são os populares shakes, que a gente pode encontrar facilmente nas prateleiras das farmácias. “Os shakes são uma estratégia pontual e que não deve fazer parte do plano alimentar contínuo do paciente. A composição é variada, mas muitos deles são constituídos de fibras, que aumentam a sensação de saciedade, carboidratos de difícil digestão e reposição de aminoácidos, que são essenciais à dieta. Embora estes elementos sejam os essenciais à dieta, outros elementos precisam ser consumidos e que são derivados dos alimentos, principalmente frutas e verduras. Por isso, o cuidado deve ser de introduzir por tempo determinado em conjunto com uma alimentação que venha a fornecer o aporte necessário de vitaminas e minerais”, esclarece.

Há ainda os fitoterápicos, que podem ser encontrados facilmente nas farmácias, mas eles também precisam de atenção. “Frise-se que, mesmo pelo fato de serem fitoterápicos eles não são isentos de eventos adversos. Por serem de venda livre, implicam um menor risco ao paciente, mas também não trazem um benefício milagroso. Nas farmácias, o farmacêutico é um profissional habilitado a identificar as necessidades do paciente e orientar quanto à gestão do consumo de fitoterápicos, inclusive associando produtos para que possa obter um ganho maior através de mecanismos complementares”, finaliza farmacêutico Diego Guedes.

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