Saúde

Maranhão registra redução de 30,2% nos casos de malária este ano

De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre janeiro e junho de 2020, apenas 30 casos foram registrados no estado; entre 2018 e 2019 a redução foi de 70%

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Malária transmitida pela fêmea do Anopheles, o mosquito-prego
Malária transmitida pela fêmea do Anopheles, o mosquito-prego (malária)

São Luís – De acordo com dados apresentados no Boletim Epidemiológico da Malária de 2020, na última quinta-feira 3, o estado do Maranhão teve uma redução de 30,2%, em relação a 2019, nos casos da doença no primeiro semestre do ano (janeiro a junho). No mesmo período do último ano, a redução foi de 70% em relação a 2018. Neste ano, segundo os dados, foram notificados apenas 30 casos em todo o estado. A Secretaria de Estado da Saúde (SES), porém aponta apenas 24 casos.

O boletim ainda destaca que, em 2019, o Maranhão fazia parte dos estados com maior número de casos importados notificados, ou seja, casos que vinham de outros estados, contudo, com a queda da contaminação, neste ano o estado não faz mais parte do grupo.

De acordo com a médica da família, Rosana Castello Branco, apesar da queda nos casos, o estado ainda apresenta áreas de alto risco de contaminação, como a baixada maranhense. “Essas regiões em que há grande proliferação de insetos, muito mato e pouco saneamento, são consideradas como áreas endêmicas, como o caso da baixada maranhense. Nesses locais é extremamente importante a prevenção”, ressaltou a médica. O Maranhão faz parte da região Amazônica, que concentra 99,9% dos casos de malária e é considerada como área endêmica.

Procurada por O Estado, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou, em nota, que em 2019 foram notificados no Maranhão 615 casos de malária, sendo 66 naturais do estado e 549 casos importados de outros estados. Nenhum óbito foi registrado nesse período. Em 2020 foram notificados 480, sendo 24 casos naturais e 456 casos importados de outros estados e sem nenhum óbito.

A Secretaria frisou ainda que as campanhas de combate à malária são de responsabilidade dos municípios, entretanto realiza a vigilância ativa de casos em áreas de risco, com bloqueio imediato através de aplicação de inseticida; além de busca ativa de casos com exames de pessoas febris suspeitas da doença e o tratamento precoce dos casos para reduzir a transmissão e evitar gravidade e óbito. As regiões com maior número de casos são Santa Inês, Pinheiro, Zé Doca, Barra do Corda e Pedreiras.

Malária
A malária é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela fêmea do mosquito Anopheles (mosquito-prego), e causada pelo parasita Plasmodium, que possui quatro principais espécies: Plasmodium Falciparum, Plasmodium malariae, Plasmodium vivax e Plasmodium ovale. No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região Amazônica, composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A contaminação costuma ser mais constante nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer, pois são horários de maior abundância dos mosquitos.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Brasil a espécie mais agressiva é o P. falciparum, que se multiplica rapidamente na corrente sanguínea, destruindo de 2% a 25% do total de hemácias (glóbulos vermelhos) e provocando um quadro de anemia grave. Além disso, os glóbulos vermelhos parasitados pelo P. falciparum sofrem alterações em sua estrutura que os tornam mais adesivos entre si e às paredes dos vasos sanguíneos, causando pequenos coágulos que podem gerar problemas como tromboses e embolias em diversos órgãos do corpo. A malária por P. falciparum é considerada uma emergência médica e o seu tratamento deve ser iniciado nas primeiras 24h do início da febre.

O P. Vivax causa um tipo de malária mais branda, que não atinge mais do que 1% das hemácias, e é raramente mortal. No entanto, seu tratamento pode ser mais complicado, já que a espécie se aloja por mais tempo no fígado, dificultando sua eliminação. Já a doença provocada pela espécie P. malariae possui quadro clínico bem semelhante ao da malária causada pelo P. vivax. É possível que a pessoa acometida por este parasita tenha recaídas a longo prazo, podendo desenvolver a doença novamente.

SINTOMAS

Semelhantes aos sintomas da gripe, os sinais da malária podem demorar até 14 dias, após a infecção, para aparecer. Os sintomas são:

Febre alta;
Calafrios;
Tremores;
Sudorese;
Dor de cabeça;
Dor nas articulações;
Vômitos frequentes;

Em casos mais graves, a malária pode causar convulsões, anemia e até mesmo óbito. Segundo o Ministério da Saúde, os casos mais graves se caracterizam por:

Alteração da consciência;
Prostração;
Dispnéia ou hiperventilação;
Convulsões;
Hipotensão arterial ou choque;
Hemorragias.

Prevenção

Rosana Castello também explica que, por ainda não existir uma vacina qualificada para atender a população, o ideal é se prevenir contra a doença de forma endêmica. "O ideal é o uso de repelentes e telas, principalmente nas regiões endêmicas. É importante também a higienização do local e o não acúmulo de água, para evitar a proliferação do vírus. O saneamento básico é essencial para a prevenção da doença", explicou.

Tratamento

O tratamento para malária costuma ser variado e depende de alguns fatores, como a espécie do protozoário infectante; a idade e o peso do paciente; condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; além da gravidade da doença. Ele deve ser indicado pelo médico após o diagnóstico. "Normalmente usamos Hidroxicloroquina, mas o tratamento varia de acordo com o quadro e a gravidade de cada paciente”, ressaltou a médica da família.

Números

30 casos de malária foram notificados no Maranhão no primeiro semestre de 2020
30,2% foi a redução no número de casos de malária no estado em relação a 2019
99,9% Dos casos estão concentrados na região amazônica

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