Educação

Em meio à pandemia, estudantes se preparam para o Enem 2020

Diante do novo cenário de estudos remotos, aulas suspensas e novas datas do Exame Nacional do Ensino Médio, pré-vestibulandos e professores contam a O Estado como está sendo essa nova rotina

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Aulas remotas e as dificuldades da pandemia deixam inseguros candidatos do Enem
Aulas remotas e as dificuldades da pandemia deixam inseguros candidatos do Enem (Enem estudo)

São Luís –

A pandemia da Covid-19 afetou em todos os setores da vida cotidiana, inclusive na educação. Neste atípico ano, os estudantes, que já estavam acostumados com uma rotina de estudos, tiveram que se adaptar a aulas remotas e ao ensino a distância para manter os estudos e evitar a propagação do vírus. Faltando dois meses para a primeira aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio, que será realizado no dia 24 de janeiro, professores, cursinhos, escolas começaram o período de revisão com inovações. Contudo, estudantes ainda estão inseguros.

Mateus Oliveira tem 18 anos e está tentando uma vaga no curso de Medicina. Ele conta que apesar de já ter prestado vestibular outros anos, desta vez está sendo um pouco mais difícil a rotina de estudo, devido aos reflexos da pandemia. “Está difícil por causa da readaptação sucessiva. Começar em um ritmo, voltar para casa, depois voltar para o ritmo inicial, mas não da mesma forma. As mudanças sucessivas e a distância até a prova, que eu compreendo, é claro, o motivo, tem favorecido um quadro de angústia”, relatou.

Assim como ele, outros alunos relatam estarem vivendo um momento de insegurança e ansiedade, pois, além da pressão comum do vestibular, há uma pressão a mais pela nova rotina da pandemia e o conteúdo que foi atrasado. E é visando a situação desses alunos que educadores criaram novas metodologias para manter a atenção dos estudantes e evitar a evasão escolar, como o caso do professor de sociologia, Rômulo Ribeiro.

“Eu utilizei bastante o que dispunha virtualmente: slides, apostilas virtuais, links de plataforma de streaming como YouTube, Netflix, Vimeo, etc, matérias, entrevistas, fotografias, pinturas, podcast e sites. Tudo que de alguma forma estava contido no meio virtual, tinha um fácil acesso e dialogava com o conteúdo que eu trabalhava eu tentei disponibilizar", contou o professor, que ressaltou os impactos que a pandemia teve na evasão escolar. “Uma das maiores dificuldades que percebi foi a financeira. As turmas estão reduzidas, alguns cursos ainda não reabriram e o índice de evasão dos alunos aumentou, seja por medo do período pandêmico, seja por desinteresse”.

Remoto
Contudo, essa não é a única realidade. Com a liberação das aulas presenciais em cursos pré-vestibulares, os alunos estão passando pelo ensino remoto, ou seja, eles possuem tanto aulas por transmissões ao vivo, quanto presenciais, porém, seguindo as medidas sanitárias, como turmas reduzidas, distanciamento em salas de aula, higienização e o uso de máscara.

“Em alguns cursos, existem tanto turmas presenciais, em que os alunos estão em sala com o professor, como turmas online, em que a aula presencial é transmitida ao vivo. Nesse sentido, o aluno tem basicamente o mesmo tempo de aula e nível de conteúdo, seja em que formato ele estiver assistindo a aula, e os alunos que estão em casa podem também interagir com o professor que está dando aula”, explicou o professor da área de linguagens, Fernando Oliveira, que também enfatizou o aumento da busca por revisões nesta época mais próxima dos vestibulares. “É claro que a pandemia trouxe alguns afastamentos de alunos no início mas acredito que à medida que a data da prova se aproxima mais alunos estão retornando para a preparação para os vestibulares do Enem e da Uema”.

Esse é o caso do estudante Felipe Gabriel, 21 anos. O jovem, que quer cursar medicina, conta que havia parado com os estudos durante os primeiros meses da pandemia, mas que em agosto, após entrar em um curso pré-vestibular, ele voltou para sua rotina. “Devido à pandemia a minha rotina de estudos estagnou, porém em agosto eu entrei em outro cursinho o que me deu ritmo. Hoje tenho aulas presenciais dias de terça, quinta e sábado, e todo domingo eu tenho simulado”, relatou o jovem.

Preparação na rede pública
Apesar da liberação das aulas presenciais nos cursinhos pré-vestibulares, na rede pública estadual elas suspensas, com o objetivo de evitar a propagação da covid-19, e para evitar que os alunos da rede pública sejam prejudicados, A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) promoveu ações de reforço para os estudantes, como realização de quatro simulados online, abordando os conteúdos de maior incidência nos últimos exames realizados pelo INEP; projeto “Terceirão Não Tira Férias”, promovido no mês de julho como preparatório intensivo, abordando todos os componentes curriculares, com videoaulas diárias, lives com temas da atualidade e redação, plantão tira-dúvidas e correção das redações produzidas; e a distribuição de chips com pacotes de internet a todos os estudantes da 3ª série do Ensino Médio matriculados em escolas da rede que, por sua vez, foram orientadas à usar os chips para fins pedagógicos, como ferramenta para facilitar o contato direto via aplicativo de mensagens ou plataforma que definida pela escola para contato direto com os professores.

Além disso, a Seduc também realiza transmissão semanal de aulas pela Rádio Mirante AM, para ampliar o alcance dos estudantes que não possuem acesso à internet; criação da Plataforma Gonçalves Dias com grade de programação contemplando os principais conteúdos cobrados no ENEM - composto de roteiros de estudos, videoaulas, apostilas com questões com resolução comentadas e questões propostas para desafiar os estudantes maranhenses e de outros estados, além de plantão tira-dúvidas durante as lives realizadas aos sábados.

De acordo com nota enviada a O Estado, a Seduc informa que até o final de dezembro, a plataforma contará com 675 videoaulas, abordando 225 conteúdos cobrados no ENEM, acompanhados de respectivos roteiros de estudos e apostilas revisão dos conteúdos e questões selecionadas para resolução pelos estudantes, com indicação de seus gabaritos.

Enem 2020

Adiado após pressão de estudantes e parlamentares por causa da pandemia de Covid-19, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 será aplicado em janeiro e fevereiro de 2021, conforme o calendário abaixo:

  • Provas impressas: 17 e 24 de janeiro, para 5,7 milhões inscritos
  • Prova digital: 31 de janeiro e 7 de fevereiro, para 96 mil inscritos
  • Reaplicação da prova: 24 e 25 de fevereiro (para pessoas afetadas por eventuais problemas de estrutura)
  • Resultados: a partir de 29 de março

SAIBA MAIS

Alerta de contaminação

Em conversa com O Estado, o infectologista Fabrício Pessoa explicou que apesar das medidas sanitárias, o dia dos exames podem ter um alto risco de disseminação do vírus da Covid-19. “O dia do Exame, pelo fato de ter muitas pessoas, pode sim representar um alerta, um momento de maior risco de haver a disseminação do vírus. Mesmo com todos os cuidados que venha a ter, com o uso de máscaras, a higienização das mãos com álcool em gel e o distanciamento social, pode sim haver esse viés de que as pessoas não respeitem as normas e acabe tendo a disseminação, o que representa um risco para os participantes desse processo”, explicou o infectologista.

O médico ainda ressaltou a importância de algumas medidas: “O ideal seria que as pessoas do grupo de risco fizessem a prova em uma sala específica e que se evitasse locais fechados com ar condicionado na hora do exame. É importante também que as pessoas levem mais de uma máscara devido o tempo de duração das provas”.

Você se sente seguro para fazer o Enem 2020?

“Não tão segura, até porque sabemos que São Luís não tem a capacidade para comportar os alunos com distanciamento no exame. Creio que não há escolas suficientes. Estou tentando me motivar a cada dia e pensando que esses meses perdidos não tenham influenciado tanto. É que todos os alunos foram prejudicados do mesmo jeito”. - Maria Clara Aires, 20 anos

“Seguro a gente nunca se sente né? Em relação ao covid e a realização da prova em si, vou esperar para analisar com calma qual o procedimento que será adotado por eles, o local e tudo mais. Já em relação ao tempo de estudo, não consegui estudar tudo que o vestibular demanda, é claro, mas pude aprender coisas novas. Vou tentar manter algum tipo de mentalidade positiva para realizar, de alguma forma. Foi um ano tão atípico, tão difícil, tão longo”. - Mateus Oliveira Viana, 18 anos

"Não mesmo. É tudo muito incerto para mim em relação a prova, pois não sabemos como ela virá diante desse cenário. Quanto a covid-19, com certeza a apreensão é muito grande devido ao risco de contágio. É um ano muito atípico”. - Thalita Linda Alves Candeira, 22 anos

“Eu acompanho o jornal todo dia, então, até lá, ficarei atento com a possibilidade da segunda onda de Covid-19. Bom, sentir-se seguro, não, mas não temos muitas escolhas. Vou continuar respeitando as medidas de prevenção da OMS”. - Felipe Gabriel Pereira Martins, 21 anos

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