A referência para a educação dos cegos na capital

Importância: 53 anos de história e dedicação para quem não enxerga

Atualmente com 120 alunos matriculados, mas com atividades suspensas desde março, por causa da pandemia da Covid-19, a Escola de Cegos luta para sobreviver; ajuda de abnegados mantém a instituição viva

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Antônio Rocha e Aldísio Guimarães acervo na biblioteca da escola, onde há acervo em Braile à disposição
Antônio Rocha e Aldísio Guimarães acervo na biblioteca da escola, onde há acervo em Braile à disposição

O que vê e que ajuda quem não vê e o que olha o mundo apenas como um rabisco

A assistência às pessoas cegas, não somente na escola referência a eles, como no mundo em geral, é feita por indivíduos que costumam ter o sentido específico mais apurado. No caso de Luís Carlos Soares, colaborador da Casa, esse lema é seguido. Ele – que tem um tio cego – pediu para trabalhar na Escola de Cegos e está como colaborador da instituição há pouco mais de um ano. O jovem de apenas 23 anos trouxe o ensinamento de casa para o dia-a-dia no trabalho.

“Eu sempre faço questão de saber como o seu Antônio [Rocha] e outras pessoas que não têm a visão aqui estão. A gente não deve tirar a autonomia deles, muito pelo contrário, mas é fundamental ajudar”, afirmou.

Ele é o “braço direito” e às vezes o esquerdo também de pessoas como Aldísio Guimarães. Natural de Balsas (MA), ele tem apenas 10% da visão devido a um glaucoma mal curado. Vendo apenas “os rabiscos” do mundo, ele se diz fã do rádio AM e é uma espécie de “faz tudo” na Escola de Cegos. Desde a limpeza, passando por pintura, mesmo com a visão comprometida, estas e outras tarefas são desenvolvidas por ele.

“Tem muita da percepção do que você está fazendo. Perdi minha visão na adolescência. Há mais de 30 anos vejo o mundo como se fosse uma coisa borrada, mas para mim o mundo é lindo”, diz com um incrível bom humor. Pessoas assim fazem o mundo realmente melhor.

O braile e a linguagem dos cegos
O sistema braile foi criado a princípio como um mecanismo de códigos a serem assimilados pela percepção tátil pelos cegos e fora desenvolvido pelo francês Louis Braille. Ele perdeu a visão com apenas três anos de idade, em uma brincadeira na oficina de seu pai. Uma das ferramentas usadas pelo pai caiu em seu olho, gerando uma infecção que agravou a capacidade de visão do mesmo. Já na juventude, após se adaptar à nova função, Braille criou um programa para ensinar pessoas cegas como ele a ler.

Atualmente, o Braile registra 63 símbolos em relevo, com combinações de até seis pontos dispostos em uma célula em duas colunas de três linhas cada. Apesar da facilitação na linguagem, a partir do braile, o código registra limitações, especialmente relativas ao custo do material adaptado.

Não são todas as editoras que investem em livros e outras peças literárias com a linguagem como referência. Na Escola de Cegos, por iniciativa de doadores, colaboradores e com a contrapartida do poder público, é possível disponibilizar aos alunos materiais do gênero. E eles são usados com afinco, mesmo entre os funcionários.

Perfil da fundadora da Escola de Cegos

Maria da Glória Silva, fundadora da Escola de Cegos, era professora nascida no dia 28 de dezembro de 1940, na cidade maranhense de Pedreiras (MA). Foi para São Paulo em 1955 cursar o ginásio no Instituto Padre Chico. Em 1961, se muda para o Rio de Janeiro, onde segue os estudos do secundário no curso clássico na área humanística. Casou-se com o professor Francisco Pedro da Silva, nascido em 1942, no Estado do Rio de Janeiro, pedagogo e formado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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