No Coroadinho, 10% testaram positivo para Covid-19 em ação
Dados foram divulgados pela campanha Bora Testar, voltada a detectar a presença do coronavírus nas 10 maiores favelas do Brasil, dentre as quais o bairro ludovicense, visitado entre os dias 6 e 7
Divulgados os números da mais recente ação realizada pela campanha Bora Testar, no bairro, Coroadinho, em São Luís, no fim de semana retrasado. Pelo levantamento feito durante a ação, cujo objetivo é diagnosticar casos de Covid-19 nas 10 maiores áreas de favela do Brasil, a comunidade registrou uma taxa elevada de contaminação pelo novo coronavírus. Foram 10% de casos positivos. O estado do Maranhão continua com a curva de contaminação ascendente, contabilizando quase 200 mil casos e mais de quatro mil mortes registradas, de acordo com o convênio de imprensa que contabiliza os dados da pandemia no país.
Ao todo, foram mais de 2 mil pessoas entrevistadas e, em média, mais de 20% delas encaminhadas ao teste de Covid-19. A triagem é realizada por meio da plataforma online Ciente, desenvolvida por médicos parceiros para apontar, via questionário sobre sintomas e saúde dos moradores, se eles têm indicação para o fazer o exame diagnóstico.
“A gente sabe que a pandemia, a exemplo de tantas outras doenças, acomete prioritariamente grupos populacionais menos favorecidos, que têm menos acesso à saúde, menos condições de fazer distanciamento social. Quando a gente vai à comunidade e faz uma entrevista, oferece um teste, oferece um resultado, a gente mostra a pandemia está
Indicadores sociais
O Coroadinho tem 17,5% das pessoas desempregadas. 75% delas se declaram pardas ou negras e mais de 44,3% têm ensino médio completo ou superior incompleto e 8,6% superior completo. O desemprego atinge quase igualmente todas as faixas etárias – de 18 a mais de 55 anos.
Em São Luís, conforme metodologia da campanha, 400 pessoas passaram pela triagem e 45,6% foram encaminhadas para testes, resultando 10,1% em casos positivos para a Covid-19. “Desses, 29,3% trabalham como autônomos e prestadores de serviço 9,8% em serviços gerais – em constante contato com outras pessoas. 17,1% têm curso superior e 90% têm renda familiar de até dois salários mínimos. 78% usam transporte público diariamente e a maioria dos casos está entre jovens adultos de 26 a 35 anos (30%), seguidos de 27,5% entre 46 e 55 anos.aqui”, comenta Juliana de Arruda Matos, médica infectologista, uma das desenvolvedoras da plataforma Ciente.
Os dados levantados pelo projeto Bora Testar, que quer traçar um retrato do impacto da Covid-19 nas favelas brasileiras, também trazem um grave problema que atinge essa população, de maneira ainda mais intensa do que a média geral do país: o desemprego. Em todos os locais, a falta de trabalho, provocada pela pandemia, aparece com alta incidência e muito acima da média nacional, que fechou o trimestre em agosto em 14,4%, de acordo com dados oficiais do governo.
Paraisópolis, em São Paulo, traz o número mais alto de desemprego (26%) e também menor índice de escolarização: 52% dessas pessoas têm ensino fundamental incompleto e 31% ensino médio incompleto. Em seguida, o bairro Cidade Tiradentes, com 22% dos entrevistados sem trabalho, 52,7% são homens e 47,3% mulheres. Desses desempregados, 35% têm ensino médio incompleto e 34,3% têm superior incompleto.
Em Heliópolis, 18,5% estão desempregados, 73% se declaram pardos ou negros e há duas faixas etárias distintas: 35% até 29 anos e 52% com mais de 40 anos.
Coroadinho tem 17,5% das pessoas desempregadas. 75% delas se declaram pardas ou negras e mais de 44,3% têm ensino médio completo ou superior incompleto e 8,6% superior completo. O desemprego atinge quase que igualmente todas as faixas etárias – de 18 anos a mais de 55 anos de idade.
E por último, aparece a Rocinha com 17,2% das pessoas sem trabalho. 49% se declaram pardos e 22,5% negros. 31% têm ensino fundamental incompleto e 42,3% ensino médio incompleto. Em todas as comunidades, a maioria das famílias vive com uma renda mensal de R$1045,00. Situação que deve se agravar com o desemprego.
Próximas ações - A próxima ação do Bora Testar está programada para acontecer no Rio de Janeiro, no Morro do Alemão – uma grande extensão territorial com cerca de 90 mil habitantes. A parceria com a comunidade local e associação de moradores é fundamental para a realização desse trabalho. “Nós privilegiamos contratar pessoas da comunidade para desenvolver o projeto, como profissionais de saúde, entrevistadores para a triagem e suporte local, uma maneira de também apoiar nesse momento em que emprego também está escasso”, conta Emília Rabello, uma das idealizadoras do projeto e responsável pelo planejamento e coordenação da equipe em campo.
Com patrocínio da empresa de mídia Outdoor Social e em parceria com a agência de comunicação LatAm Intersect PR, a testagem continuará até alcançar as comunidades do Grupo G-10, composto pelas 10 maiores favelas do Brasil. “Nosso objetivo é fazer um retrato das comunidades periféricas de todo o país, para formar uma grande leitura das necessidades de transformação e poder contribuir para novas políticas públicas”, afirma Claudia Daré, também idealizadora do projeto.
O Bora Testar conta também com apoio de empresas solidárias e com uma plataforma de crowfunding para compra de testes e suporte logístico. Para contribuir com qualquer valor a partir de 10 reais, basta acessar a plataforma aqui. Conheça mais sobre o projeto nas redes sociais @boratestarcovid no Instagram e Facebook.
Parcial
O projeto Bora Testar, criado para levar testes de diagnóstico as 10 maiores favelas do país, com o objetivo de ajudar na prevenção da saúde dessa população e gerar dados que traduzam a realidade desses territórios, traz uma análise do que encontrou até agora, no momento em que atinge, metade de sua meta.
Em São Paulo, a campanha percorreu as favelas consideradas as maiores comunidades da cidade. Paraisópolis e Heliópolis com aproximadamente 60 mil habitantes cada uma e o bairro de Cidade Tiradentes, distrito que abriga o maior complexo de conjuntos habitacionais. da América Latina. No Rio de Janeiro, o Bora Testar passou pela comunidade da Rocinha, território com mais de 100 mil habitantes, a maior concentração populacional em uma favela do país e no último final de semana, finalizou Coroadinho, em São Luís do Maranhão, a quarta maior favela do país.
Com ações realizadas entre os meses de setembro e outubro, a Rocinha era o local com maior número de contaminados (17%), no início de outubro. Paraisópolis com 6,3% (ação realizada em setembro), Heliópolis com 4%, no início de outubro e Cidade Tiradentes com apenas 1,5% - bem abaixo da média geral – entre os dias 17 e 18 de outubro.
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