São Luís - O longa-metragem “As órbitas da água”, do cineasta maranhense Frederico Machado foi selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2020. O filme é a terceira parte da Trilogia Dantesca, que consiste em produções que têm como norte, a obra de Nauro Machado, um dos grandes poetas do Brasil e pai do cineasta. O filme poderá ser assistido a partir de amanhã, quando começa o evento que segue até o dia 4 de novembro e é aberto à votação popular. O ingresso on-line custa R$ 6,00.

Além de “As órbitas da água” integram a trilogia “O exercício do caos” e “O signo das Tetas”. São filmes que privilegiam a poesia, numa tentativa de serem obras abertas e que buscam por novas possibilidades subjetivas, formas de olhar, onde a poesia também das imagens e sons, é parte integrante do filme.

Os três filmes têm como centro famílias destroçadas, além das questões social e geográfica como barreira de integração humana, a natureza como força motriz da narrativa e a questão do corpo físico num embate permanente e crescente com o psicológico dos personagens. Questões religiosas, políticas e existenciais também são expostas, mesmo que na borda do projeto.

Sobre “As órbitas da água”, o cineasta ressalta tratar-se de um filme realizado de maneira totalmente independente, com recursos próprios da Lume Filmes e co-produzido por um pool de outras quatro produtoras do Maranhão, Guarnicê Produções, Freela Conteúdos, Ruido Filmes e JF Serviços. “Ao custo final de R$ 150 mil, grande parte do elenco e da equipe entrou no filme como produtores associados, por acreditarem no caráter autoral da obra e na minha trajetória de cinema. Estamos muito felizes com essa seleção, em tão importante mostra”, diz Frederico Machado.

O filme tem no elenco Antonio Saboia (“Bacurau”), Rejane Arruda (“O Veneno da Madrugada”), Auro Juricie (“O Exercício do Caos”), Flavia Bittencourt (cantora maranhense fazendo sua estreia no cinema) e Tácito Borralho, o grande nome do teatro maranhense. “Apesar da dificuldade da produção, devido a questões financeiras, geográficas e cronológicas, chegamos a esse corte do filme, que é específico para festivais de cinema. Quando lançarmos nos cinemas e streaming em 2021, o filme terá um corte mais narrativo e explicativo. As duas versões serão complementares, mas também independentes. Nessa versão para festival (que chamamos intimamente de versão ‘líquida’) a intenção primordial é fazer um filme onde as sensações prevaleçam de forma fluida”, explica Frederico Machado.

O cineasta complementa: “pode soar abrupto, incompreensível apenas num primeiro momento (assim esperamos) e irregular. Mas é essa a real intenção nessa jornada específica. Adentrar num universo próprio, com tons de fábula, onde o terror, a angústia, a solidão e as questões existenciais estejam no que é nebuloso, no que não é traduzido, nas entrelinhas, no limbo, no lodo, no silêncio. Espero que toque de alguma maneira a quem o assiste”.

Mostra

A mostra tem versão majoritariamente on-line e disponível para todo Brasil. Serão exibidos 198 títulos de 71 países em três plataformas (a Mostra Play, o Sesc Digital e a Spcine Play) e em dois cinemas ao ar livre. A seleção desta edição faz um apanhado do que o cinema contemporâneo mundial tem produzido, além de apresentar tendências, temáticas, narrativas e estéticas.

A mostra é composta de cinco seções: Apresentação Especial, Competição Novos Diretores, Mostra Brasil, Mostra Brasil - Competição e Perspectiva Internacional. O festival também reflete a pandemia e o futuro do audiovisual no IV Fórum Mostra.

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