Dia das Crianças

Ser adulto...é ser ou virar criança e ter orgulho disso

Todo o adulto costuma manter uma criança dentro de si, um ato ingênuo ou um comportamento que o faz rememorar o período em que era mais jovem e despreocupado com as agruras da vida

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

[e-s001]São Luís - O escritor suíço, considerado pai da chamada psicologia analítica (ramo específico deste campo de estudo do comportamento), Carl Gustav Jung, dizia que “em todo adulto, espreita uma criança; uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo, e que solicita, atenção e educação incessantes”. Deve ser por isso que alguns adultos amam ser crianças, nem que seja por alguns minutos ou por horas.

Dizem que a essência do adulto é o fato de já ter sido criança algum dia. Todo histórico de desilusões e bons comportamentos é transferido para a pessoa mais velha. No entanto, a graça de ver determinados atos pela ótica de quem é mais novo, faz com que o adulto se vista ou aja como se precoce ainda fosse.

Essa viagem pela cronologia da vida é reforçada por ações específicas que, em especial, às vésperas do Dia das Crianças – comemorado nesta segunda-feira (12) – são reforçadas. Adultos que dedicam uma parte de suas vidas com um único intuito: além de desejarem voltar no tempo, ainda brincam de distribuir alegria e esperança para quem é criança, de fato.

Exemplos não faltam de solidariedade, amor ao próximo e, principalmente, afeto aos mais jovens.

A criança que vive dentro de cada adulto: o ser palhaço!
Há 38 anos, Gilson César – cujas memórias guardavam as lembranças dos circos itinerantes e cujos espetáculos foram assistidos por ele quando criança – tomou uma decisão: decidiu se vestir de palhaço pela primeira vez na vida, para levar um momento único para o público mais jovem no bairro Bequimão, em São Luís. “Eu me lembro, como se fosse hoje, essa apresentação. Nunca havia feito nenhuma interpretação de palhaço e, neste dia, foi um show, graças a Deus”, relembrou.

Da primeira exibição vieram outras apresentações em teatros, palcos em ruas e avenidas e debaixo dos picadeiros. A ternura de Gilson e o bom coração o transformaram em um palhaço perfeito. Todos estes dons foram e são passados ao “Manga Rosa”, personagem interpretado por ele.

Mesmo adulto, “Manga Rosa” usa a palhaçada do dia a dia para superar os problemas diários. A falta de incentivo para a mímica cômica e interpretação teatral deixa o palhaço – por incrível que pareça – triste. “É muito difícil viver da cultura. Nosso país precisa apoiar as pessoas que fazem da arte uma atividade”, afirmou.

Em mais um dia de humor gratuito, uma parada em pleno Centro. Em frente aos casarões nos arredores do Largo do Carmo, “Manga” se enturma com um grupo muito animado de crianças que brincavam – vejam só - de esconde-esconde.

Público escolhido, restou somente “armar” o palco e colocar a caixinha de som móvel para trabalhar. Sem qualquer necessidade de fala e apenas no gestual, as crianças tiveram uma tarde divertida e inesquecível. As crianças se divertiram. “Eu gostei dele, ele é muito engraçado”, disse Lucas, jovem de 11 anos.

“A minha felicidade é, nem que seja por um instante, levar alegria para as crianças e fazer acordar a criança que existe dentro de mim”, afirmou o palhaço.

E ele levou, sem dúvida...

[e-s001]A eterna criança colecionadora de bonecas
Personagem emblemática da reportagem em alusão ao “Canto da Fabril”, publicada por O Estado em suas edições impressa e digital dos dias 3 e 4 deste mês, a aposentada de 72 anos, Paula Frassineti é o exemplo de “juventude” dentro de um corpo de anciã.

Ela, que trabalhou por vários anos na conhecida Fábrica Santa Isabel, importante polo de produção têxtil cujo nascedouro é do início do século XX na capital maranhense, adotou bonecas como objetos de coleção e, ao mesmo tempo, mecanismo de rememoração dos bons tempos enquanto era mais jovem.

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Em sua residência, na Rua Senador João Pedro, no Centro, a senhora mostra a quantidade de bonecas – em sua maioria ainda em caixas – distribuídas em seu pequeno quarto. A aposentada perdeu as contas de quantas bonecas possui, todas elas compradas com os seus próprios recursos.

O fato curioso é que a senhora não é mãe e tampouco avó. “Decidi colecionar por mim mesmo, por uma questão de escolha própria”, disse.

Segundo ela, as bonecas são parte de seu lado criança. “Eu sou uma pessoa muito brincalhona e alegre, as pessoas sabem disso”, afirmou.

Apesar do lado de humor, nas fotos, a timidez revela uma pessoa experiente, saudosista e extremamente acanhada quando o assunto é câmera. “Depois eu quero ver estas fotos com minhas bonecas”, revelou a O Estado.

[e-s001]A jovem que vira criança para dar alegria a outras
A foliã Liana Maria Rodrigues é, em dias comuns, uma dedicada profissional de saúde da rede pública da capital maranhense. Na data alusiva ao Dia das Crianças, há 13 anos, Liana se transforma em personagens comuns do público infantil para proporcionar, ao setor pediátrico do Hospital Socorrão 1 – o Djalma Marques – um momento marcante.

Com distribuição de brinquedos e atividades lúdicas, a profissional se incorpora à programação da unidade, organizada pela equipe multidisciplinar do Setor de Pediatria do Socorrão 1. “Desde 2007, sempre faço essa dinâmica pois é uma forma de diminuir a dor e trazer alegria para essas crianças internadas. Torna o ambiente mais agradável e divertido”, disse a profissional.

Os brinquedos oferecidos são fruto de doações, campanhas de arrecadação, incentivo da direção da unidade e aplicação de recursos dos funcionários que, de forma voluntária, colaboram. “É uma ação que mobiliza a todos os profissionais lotados na unidade. Desta forma, valorizamos as crianças. A gratificação vem pela alegria das crianças. As doações dos brinquedos distribuídos, das atividades lúdicas feitas por voluntários e o lanche fazem parte da programação comemorativa”, afirmou.

A jovem profissional participará da agenda na segunda-feira, dia 12. “Este ano serei a palhacinha Lilica. Para mim, é uma felicidade participar”, finalizou.

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