São Luís - Nesta segunda-feira (14), São Luís inaugura o outdoor que fará parte do projeto "M.A.P.A. - Modos de Ação para Propagar Arte" – em sua primeira edição com a mostra "No Calor da Hora". O objetivo é levar arte para o espaço público e provocar reflexões, por meio da arte, acerca do caos político e social diante de uma pandemia que deixa transparecer de maneira ainda mais evidente a fragilidade do processo democrático brasileiro.
27 artistas cujas poéticas derivam de múltiplos percursos - como artes visuais, cinema e literatura, entre outros -, irão ocupar 27 espaços de outdoor em todas as capitais do país, um por cidade. A ideia é que cada artista, a partir de sua própria prática poética, apresente um trabalho que problematize as questões urgentes do presente. Um dos fios condutores para o convite foi a diversidade tanto em termos de atuação quanto em termos de representatividade nas muitas regiões do país. “Procuramos contemplar a pluralidade da arte contemporânea em produções que abordam, em grande parte, questões ligadas à temas fundamentais do presente. Pensando que o espaço público é também, por excelência o local da diversidade, das divergências e do debate.” afirma Patricia Wagner, curadora do projeto.
Quem apresenta seu trabalho na cidade é Paulo Nazareth, em outdoor localizado na Avenida Kenedy, Bairro de Fátima. Através de performances e instalações, a prática deste artista traz o corpo como território comum para explorar assuntos normalmente ligados à raça, ideologia e desigualdades. Da sua experiência como viajante, o artista visual mineiro coleciona em sua caminhada leituras iconográficas acerca de objetos, lugares e costumes socioculturais, buscando colocar o corpo físico no centro do espaço expositivo. Nazareth ficou em 1º lugar no Prêmio MASP de Artes Visuais em 2012. Seu trabalho já foi apresentado em diversos países, dentre mostras individuais e coletivas, a destacar as Bienais de Veneza, Lyon e Assunção. Integra também as coleções Boros Collection (Berlim, Alemanha), Thyssen-Bornemisza Art (Viena, Áustria), Pinault Collection (Paris, França), Coleção Banco Itaú (São Paulo, SP), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (RJ), Pinacoteca do Estado de São Paulo (SP) e Rubbel Family Collection (Miami, EUA).
A ideia de se valer do espaço urbano como campo para reflexão ocorre não apenas a partir da suspensão do acesso aos equipamentos culturais do país, como também da impossibilidade de manifestações coletivas em espaços públicos e a vontade de deixar a arte acessível a um público mais amplo. O caráter descentralizado da mostra visa fortalecer um programa de deslocamento entre os artistas e seus locais habituais de fala e exibição.
"Nossos projetos sempre foram pensados para inserir a arte no cotidiano, tornando possível que ela penetre a vida das pessoas de maneiras diferentes. Mas havia um desejo antigo de trabalhar em uma escala maior e mais plural, acessar diferentes públicos" diz Camilla Barella, sócia da VIVA Projects ao lado de Cecília Tanure e uma das idealizadoras e organizadoras da mostra. "Muitas questões acerca das nossas responsabilidades civis são discutidas por meio da arte, mas muitas vezes em ambientes de acesso restrito, seja por questões geográficas, alcance intelectual ou poderio econômico”.
A lista de artistas conta com André Komatsu, Aline Mota, Anna Costa e Silva, Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, avaf, Dalton Paula, Gê Viana, João Pinheiro, Karim Ainouz, Leonora de Barros, Paulo Bruscky, Paulo Nazareth, Ricardo Basbaum, Romy Pocztaruk, Santídio Pereira, Sonia Gomes, Traplev, Thiago Honório, Vera Chaves Barcellos.
A mostra será dividida em quatro ciclos, começando em seis cidades, exibidas em conjunto durante 15 dias, até completar o total de 27 cidades. Simultaneamente à exibição nos outdoors, as obras também serão incorporadas à plataforma virtual do projeto que pode ser acessado no www.vivaprojects.org/mapa
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