Música

Sandra Duailibe lança disco para celebrar 15 anos de carreira

Em "Do canto", Sandra Duailibe mostra o elo com o Pará, estado no qual cresceu; novo disco reúne canções de respeitados compositores daquele estado e comemora uma década e meia de trajetória artística

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Capa do disco "Do Canto", de Sandra Duailibe
Capa do disco "Do Canto", de Sandra Duailibe (Capa Sandra Duailibe)

São Luís - “Do canto”, é nome do novo álbum da cantora maranhense Sandra Duailibe que traz referências do estado vizinho, o Pará, onde a artista morou por mais de duas décadas. O trabalho, que marca seus 15 anos de carreira, reúne 12 faixas compostas por 17 nomes de diferentes gerações, todos relevantes nas suas trajetórias. A direção musical é de Luiz Pardal, que divide os arranjos da maioria das faixas com o pianista Jacinto Kahwage. O álbum, cuja produção musical e executiva é da própria artista, chegou às plataformas digitais em agosto e chegará às lojas este mês, distribuído pela Trattore.

Com poucos meses de vida, Sandra Duailibe foi levada pela família a Belém do Pará, para onde seu pai fora transferido. Foi lá onde demonstrou as primeiras aptidões musicais, ingressando, aos 8 anos, no Conservatório Carlos Gomes, referência no ensino musical. Em Belém, ela viveu por 21 anos. Foi lá também onde conheceu estilos musicais e compositores significativos para ela abraçar a música – o que veio a ocorrer em 2005, quando passou a dedicar-se unicamente ao ofício de cantar. E é a esse lugar do país que ela volta para celebrar 15 anos de carreira.

Quando se fala na produção musical do Pará é comum elencar ritmos distintos, muitos deles ligados à cultura pop. O Pará é tão diverso musicalmente quanto o Brasil. Há o Pará da modinha, da ciranda, do bolero e do samba (canção ou mesmo o de gafieira). E é a esses estilos que Sandra Duailibe empresta o seu timbre refinado e único. E o resultado é um álbum delicado e cheio de minúcias.

Faixas

O disco chega quando a música mostra-se um elixir precioso contra a solidão e o isolamento. E esse clima benfazejo já se mostra na faixa de abertura,“Amores, amores” (Paulo Moura e Marcelo Sirotheau). A harmônica de Luiz Pardal é a prova de que a beleza é, antes de sublime, algo possível nesses tempos bicudos. O clima leve é mantido na faixa seguinte. “Coração sonhador” (Nilson Chaves) fora lançada pelo próprio autor no CD “Em dez anos” (1991), e (re)nasce em gravação que conta, inclusive, com a participação do próprio autor.

A segunda participação do disco é a de Salomão Habib, de quem Sandra gravou duas músicas. Habib tornou-se respeitado também por compor para o público infantil. Um exemplo disso é a ciranda “Tão amigo assim”, terceira canção do disco. O autor faz-se presente também com a modinha “Depois do amor”, sexta faixa do disco, na qual Sandra é acompanhada somente pelo violão do autor, responsável pelos arranjos de ambas as faixas supracitadas.

Da amizade ao amor. A quarta faixa é “Chegada” (Giselle Griz), balada bem construída por Griz, comumente associada ao pop e ao blues. Depois do amor, o “Silêncio” (Floriano e Jorge Andrade). Esse samba fora gravado originalmente em 2002, num dueto de Andréa Pinheiro com Pedrinho Cavallero para álbum que marcou os 60 anos do Banco da Amazônia.

Jorge Andrade faz-se novamente presente com “Enquanto isso”, choro comovido em parceria com Luiz Pardal. A gravação finda com o verso “Tamba-tajá, que meu amor me queira bem”, numa alusão à “Tamba-tajá”, canção do maestro Waldemar Henrique, referência para muitos artistas de lá. A música foi título do álbum de estreia de Fafá de Belém, também uma referência para Sandra. E isso é confirmado na faixa seguinte, “Pauapixuna” (Paulo André e Ruy Barata), com que Fafá abriu seu segundo LP, o hoje clássico “Água” (1977).

Um clima buliçoso se instaura com a bossa “Pretexto” (Pedrinho Cavallero e Jorge Andrade). A temperatura boêmia continua com “Bem com a vida” (Luiz Pardal e Almino Henrique), samba-choro não menos saboroso.

O Círio de Nazaré é algo arraigado na vida do paraense. A profissão de fé da artista é explicitada em “Círios” (Marco Faria e Vital Lima). Esse hino - em cuja letra é apresentada a uma criança a grandeza daquela festa - ficou conhecido na voz do padre Fábio de Melo, que o incluiu no disco “Humano demais” (2005). A faixa conta com a participação de Vital Lima, e é perceptível a emoção de Sandra ao cantá-la.

“Do canto” se encerra com a canção-título, composição da própria cantora em parceria com Robenare Marques, membro da Academia Paraense de Música, e Marcia Duailibe Forte. O lirismo da letra é evidenciado pelo piano do próprio Robenare, responsável também pelo arranjo, cujo resultado é vigoroso.


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