Verão

Meteorologistas fazem alerta para temporada de ventos

Período é favorável para velejar; pequenas embarcações e catamarãs fazem mudanças

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Findo o período de chuvas e céu nublado, agora é tempo de ventos fortes
Findo o período de chuvas e céu nublado, agora é tempo de ventos fortes (nublado)

São Luís – Após o período de chuvas, a estiagem chegou no Maranhão e com ela, os ventos fortes e constantes atingem a Grande Ilha. Meteorologistas informam que a partir de agosto será possível perceber ventos fortes, principalmente no litoral, e a falta de chuvas, o que pode causar mudanças em práticas de esportes aquáticos e a navegação de catamarãs e pequenas embarcações.

Conhecida popularmente como o verão maranhense, a estiagem no estado costuma ocorrer entre os meses de agosto e dezembro e é caracterizada, principalmente, pela falta chuvas e os fortes ventos. O meteorologista do Instituto de Meteorologia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Hallan Cerqueira, explica que o período de estiagem no norte do nordeste do Brasil, que inclui o Maranhão, é o momento em que os sistemas meteorobiológicos causadores do período chuvoso não estão mais presentes e a circulação geral da atmosfera acaba dominando, e isso provoca ventos mais intensos predominantemente de leste, que inclui as direções nordeste e sudeste. No caso do litoral, como a existência do sistema de brisas podem intensificar esses ventos.

Contudo, o meteorologista ainda destaca que apesar de fortes, esses ventos não tem a mesma intensidade de vendavais que ocorreram nos últimos meses e causaram transtornos na capital. Os vendavais são provocados por nuvens Cumulonimbus, nuvens grandes de temporais que ocorrem relacionadas com o forte calor e alta umidade do ar e incomuns em épocas de estiagem.

A Marinha informou que, apesar da média normal dos ventos ser de 11Km/h, durante os meses de setembro, outubro e novembro é comum ver ventos mais fortes na média de 60Km/h como foi alertado na última terça-feira (4), que podem, inclusive, causar ondas maiores, principalmente no mar aberto.

Embarcações e catamarãs
Tendo isso em vista, embarcações precisam aumentar os cuidados, principalmente os barcos pesqueiros que vão ao alto-mar. A empresa de navegação de passeios e pesca na região da Raposa, Joab Tour, explica que como os passeios são realizados em áreas entre mangues, o vento não influência tanto na navegação, porém, nas áreas de pesca, no alto-mar, é necessário garantir que as medidas de segurança estejam sendo cumpridas devido as ondas grandes e fortes que se formam pelos ventos. “Se sair uma previsão antes de ventos fortes é recomendado que nem saia, mas se já estiver em mar aberto, é pedir a Deus que nada de ruim aconteça e tentar voltar para casa com todas as medidas de segurança”, explica a empresa.

Os horários das navegações também podem variar, pois as saídas das embarcações são baseadas na Tabua de maré, que pode sofrer alterações devido a força dos ventos. As marés são oscilações periódicas do nível do mar que são o resultado da atração do Sol e da Luna sobre as partículas líquidas dos oceanos. Os efeitos dos astros se sobrepõem e o seu resultado é a força que gera as marés, porém, elas também podem receber influências de ventos e chuvas.

Já no caso dos barcos em velas, o período de ventos fortes é o ideal para o velejo. Sérgio Marques, empresário, tem uma empresa de embarcações e é velejador. Anualmente ele realiza um trajeto de catamarã da ilha de São Luís até a cidade de Barreirinhas no mês de dezembro, e conta que os ventos fortes são essenciais para o trajeto. “As embarcações maranhenses já são construídas para navegarem durante os ventos fortes, que são comuns nessa região, e por isso, a principal coisa a fazer quando chega o período da estiagem é a revisão das embarcações, reformas caso necessário, e garantir que possuam equipamentos de segurança”, explica Sérgio Marques.

Kitesurf
Assim como os catamarãs, os ventos fortes também são ideais para a prática do kitesurf, esporte aquático que utiliza uma pipa ou papagaio e uma prancha com suporte para os pés, sendo o objetivo, “voar” e deslizar sobre a água, puxado pela pipa. Esportistas de todo o Brasil vêm para o Maranhão durante o período de estiagem para praticar o esporte.

Contudo, instrutores enfatizam a necessidade de certos cuidados para evitar acidentes. “Os maiores cuidados que o velejador deve ter nesse período é ficar atento a algumas coisas como mudanças climáticas bruscas. Por exemplo, se o vento aumentar drasticamente, o ideal é que pare de velejar, pois muitas vezes após a ventania vem uma calmaria e a pessoa não tem como retornar”, explica o instrutor de Kitesurf Vinícius Felix.

O instrutor ainda enfatiza que a estiagem é o melhor período para a pratica do esporte, pois há ventos constantes e poucas mudanças bruscas. Porém, ainda assim, é importante que o praticante do esporte procure escolas credenciadas na Associação Brasileira de Kitesurf (ABK) e que o velejador seja guarderado, ou seja, é pago uma sociedade e um espaço em que será utilizado um serviço, permitindo suporte para o velejador enquanto está em mar.

“Sempre que o guardeirado estiver na água vai ter alguém aqui observando para dar suporte. Nós montamos o equipamento e caso a pessoa caia na água fazemos o resgate com caiaque, stand up, ou até mesmo com o próprio equipamento do Kitesurf, caso os ventos estejam propício”, enfatiza Vinícius Felix.

O corpo de bombeiros também enfatiza que, para a segurança dos praticantes, principalmente na época de ventos fortes, os esportistas evitem velejar durante a noite e sempre façam isso com o suporte de um instrutor que esteja na faixa de areia observando.

SAIBA MAIS

Segurança nas embarcações

De acordo com a Marinha brasileira, antes de embarcar é importante:

  • Realizar a manutenção preventiva eficaz, sem improvisos;
  • Verificar rigorosamente o seu material de salvatagem e se há coletes salva-vidas em número suficiente para todos que irão embarcar;
  • Inspecionar o seu material de combate a incêndio e verificar o prazo de validade e o estado de carga dos extintores;
  • Vistoriar o casco quanto a sua estanqueidade, verificar o funcionamento das bombas de esgoto, das luzes de navegação, do equipamento rádio (VHF e/ou HF) e a condição de carga das baterias, além do nível de óleo no cárter do motor e do nível do líquido de resfriamento;
  • Verificar também a integridade do sistema de combustível, e se não há vazamentos no compartimento dos motores;
  • Fazer o planejamento de sua singradura. Verificar se sua embarcação possui as cartas náuticas da região onde pretende navegar. Conhecer as características dos faróis e da sinalização náutica. Calcular, com uma margem de segurança, o consumo de combustível para garantir o seu regresso;
  • Conhecer a previsão do tempo e mantenha-se atento às indicações de mudança, para não ser surpreendido pelo mau tempo. Conhecer o regime de ventos de sua área de navegação;
  • Entregar o aviso de saída ao iate clube ou marina e siga à risca o seu planejamento, para possibilitar o seu resgate em caso de emergência. Se não estiver em clube ou marina, deixe alguém em terra ciente para onde você vai e a que horas pretende retornar.

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