Perda

Milson Coutinho morre e deixa legado literário e jurídico

Intelectual ex-presidente do TJMA e da AML faleceu ontem aos 81 anos

Carla Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Desembargador Milson Coutinho deixa literatura e universo jurídico de luto
Desembargador Milson Coutinho deixa literatura e universo jurídico de luto (Milson Coutinha)

Aos 81 anos, faleceu na manhã de ontem, em São Luís, o ex-presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) e da Academia Maranhense de Letras (AML), o jornalista, escritor e historiador Milson Coutinho. O intelectual deixa grande legado nos campos literário e jurídico do Maranhão.

De acordo com informações da família, Milson Coutinho estava em tratamento de aneurisma da aorta, passou mal em sua residência e foi levado ao hospital São Domingos, onde teve uma parada cardiorrespiratória.

“Milson Coutinho teve uma atuação polivalente, destacou-se como jornalista, crítico político, como escritor e membro da AML. Como historiador prestou diversos serviços para a cultura, história e letras maranhenses com trabalhos imprescindíveis para o poder judiciário e legislativo. Além disto, foi uma pessoa muito cordial, amigo. Vai deixar uma lacuna”, disse o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão e membro da Academia Maranhense de Letras, desembargador Lourival Serejo.

Para o presidente da Academia Maranhense de Letras, Carlos Gaspar, a morte de Milson Coutinho foi um impacto também por ocorrer poucas horas depois do falecimento de outro membro da AML, o escritor Waldemiro Viana. “Milson era um homem formidável. Foi presidente da AML e uma pessoa da qual todos gostavam. Foi um historiador a quem o Maranhão deve muito pela sua produção, se aprofundando na história dos poderes públicos. Era um batalhador, sobreviveu às dificuldades a vida e teve conquistas merecidas. É uma perda para a Academia”, disse Carlos Gaspar que decretou luto oficial de oito dias pelas mortes dos dois intelectuais.

Milson Coutinho ocupou a presidência da Casa de Antônio Lobo entre os anos de 2010 a 2012. Naquela instituição ocupava a cadeira 15, patroneada por Odorico Mendes e que também já foi ocupada por Godofredo Viana, Silvestre Fernandes e Erasmo Dias.

Redes

Nas redes sociais, entidades, amigos e admiradores de Milson Coutinho manifestaram pesar. Uma delas foi a Associação de Magistrados do Maranhão (AMMA). “Milson Coutinho deixa um legado em sua vida pública. Neste momento de profunda dor, a AMMA presta sua solidariedade aos membros do judiciário, aos familiares e amigos do desembargador Coutinho, desejando conforto e serenidade para superarem a imensurável perda”.

A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Maranhão também publicou nota: “Dr. Milson Coutinho foi um grande profissional da advocacia prestando um enorme serviço à sociedade maranhense. Em 1994, na gestão do presidente da OAB Maranhão José Antônio Almeida, foi um dos indicados à lista sêxtupla pelo Quinto Constitucional, sendo escolhido para o cargo de desembargador”, diz um trecho do documento (leia a íntegra abaixo).

Trajetória

Milson Coutinho nasceu na cidade de Coelho Neto (MA), em 9 de março de 1939. Era advogado, jornalista, professor, ensaísta, historiador, procurador e magistrado (desembargador aposentado).

Foi colaborador do jornal O Estado do Maranhão e de O Debate e ainda redator dos jornais Pequeno, Diário da Manhã, O Imparcial, do Dia e do Diário do Norte. Entre os cargos que ocupou estão diretor do Arquivo Público do Estado do Maranhão; assessor jurídico das prefeituras dos municípios de Pedreiras, Buriti, Duque Bacelar, Caxias, Coelho Neto, Coroatá e Lago do Junco; Fiscal de Rendas, por concurso, da Prefeitura de São Luís; Procurador dos Feitos da Fazenda Pública do Município de São Luís.

Milson Coutinho também foi suplente de vereador no município de Pedreiras e suplente de Deputado Estadual; procurador-geral da Câmara Municipal de São Luís; procurador efetivo do Estado; subprocurador-geral do Estado e procurador-geral do Estado em substituição; assessor jurídico da Assembleia Estadual Constituinte; consultor jurídico das Câmaras Municipais Constituintes de São Luís e Caxias; e desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão pelo quinto constitucional.

Vice-Presidente e Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão; membro do Colégio Brasileiro de Presidentes dos TREs; vice-presidente e presidente do Tribunal de Justiça; membro do Colégio Brasileiro de Presidentes dos Tribunais de Justiça; conselheiro da OAB-MA com três mandatos.

Integrou ainda o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, na cadeira 6; Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, categoria correspondente; Academia Maranhense de Letras, cadeira 15; Academia Imperatrizense de Letras, correspondente; Academia Caxiense de Letras; Academia Sambentuense de Letras; Associação dos Procuradores do Estado do Maranhão. Academia Maranhense de Letras Jurídicas, poltrona do Visconde de Alcântara.

Saiba Mais

Milson Coutinho - Bibliografia

Atualidades do Padre Vieira – O Poder Judiciário no Maranhão. São Luís, 1978

Apontamentos para a História Judiciária de Coroatá. São Luís, 1978

Apontamentos para a História do Maranhão, Sioge, São Luís, 1980

Apontamentos para a História Judiciária do Maranhão, Sioge, São Luís, 1979

O Poder Legislativo no Maranhão, I vol. Gráfica do Senado, Brasília, 1980

Memória sobre o prédio da Academia, Rev. da AML, vol. XV, p. 103/108, 1983

O Poder Legislativo do Maranhão, II vol. Sioge, São Luís, 1982

História do Tribunal de Justiça do Maranhão, Sioge, São Luís, 1982

A Revolta de Bequimão, São Luís, 1984 (2ª ed. revista, São Luís: Geia, 2004)

A cidade de Coelho Neto na História do Maranhão, São Luís, 1984

O Maranhão no Senado, São Luís, 1985

Sarney – Apontamentos para a vida e obra do chefe liberal, 1ª edição, 1986; 2ª edição, 1988. Gráfica Alcântara

A presença de Maquiavel nos Estados totalitários, publicação em capítulos, O Jornal, São Luís, 1979

Caxias das Aldeyas Altas, subsídios para a sua História, Gráfica do Senado, Brasília, 1980

Perfil de Odorico Mendes, in Revista da AML, 1983

Camões, vida, obra, contradições, Edições AML, 1982

O Poder Legislativo do Maranhão, III vol. 1991

Memória de Pedro Neiva de Santana, Luiz Rêgo e Franklin Viégas, jornal O Estado do Maranhão, 1982 a 1983

Memória dos 180 Anos do Tribunal de Justiça, São Luís, 1993

Imperatriz: subsídios para a História da cidade, São Luís, 1985

História do Tribunal de Justiça – Colônia, Império, República, São Luís, 1999

O magistrado da cidadania e justiça, São Luís, 2002

Desembargador Sarney: memória do primeiro centenário, Brasília, 2002

Caxienses ilustres, São Luís, 2002; Ouvidores-gerais e juízes de fora: livro negro da Justiça Colonial do Maranhão (1612-1812), 2008

História da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão (5 volumes), 2009-2011

Os 390 anos da Câmara Municipal de São Luís, 2009

Síntese histórica do TRE do Maranhão

Legislaturas e Legisladores da Câmara de São Luís, 2013.

Nota OAB-MA

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Maranhão (OAB/MA), solidariza-se com a classe advocatícia, os familiares, e amigos do advogado, Milson de Souza Coutinho (OAB/MA 9.1235).

Natural de Coelho Neto, Milson de Souza Coutinho era advogado, jornalista, professor, ensaísta, historiador, procurador e magistrado (desembargador aposentado). Dr. Milson Coutinho foi um grande profissional da advocacia prestando um enorme serviço à sociedade maranhense. Em 1994, na gestão do Presidente da OAB Maranhão José Antônio Almeida, foi um dos indicados à lista sêxtupla pelo Quinto Constitucional, sendo escolhido para o cargo de desembargador.

Dr. Milson Coutinho teve ainda importante papel na literatura maranhense chegando a presidir, em 1981, a Academia Maranhense de Letras (AML), tendo sido empossado em 13 de maio de 1982, sucedendo Erasmo Dias e sendo recepcionado pelo escritor Jomar Moraes.

À família, aos amigos e colegas de profissão deixamos nossos votos para que todos possam seguir suas vidas confortados na fé, em momento tão difícil.

São Luís(MA), 04 de agosto de 2020.

Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Maranhão.

Nota da Assembleia Legislativa

A Assembleia Legislativado Maranhão prestou homenagem, na sessão plenária desta terça-feira (4), ao ex-prefeito do município de Governador Nunes Freire, Indalécio Wanderlei (PT), de 55 anos, que morreu no dia 29 do mês passado, em São Luís, e ao desembargador, professor, historiador e escritor Milson Coutinho, que faleceu na manhã de hoje, aos 81 anos.

O primeiro a solicitar um minuto de silêncio foi o deputado Zé Inácio (PT), em memória de Indalécio Wanderlei. O deputado Neto Evangelista fez a mesma solicitação, em homenagem a Milson Coutinho. O parlamentar destacou que era amigo do desembargador aposentado e de sua família.

Natural de Coelho Neto (MA), Milson Coutinho foi procurador-geral da Câmara Municipal de São Luís, em 1993, durante a administração de João Evangelista. Naquele mesmo ano, foi eleito desembargador e, posteriormente, vice-presidente e presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), bem como presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA). Foi ainda suplente de deputado estadual (1967/1971) e um dos colaboradores do “Projeto Memória”, que reviveu a história do Poder Legislativo do Maranhão. Era também ex-presidente da Academia Maranhense de Letras (AML), onde ocupou a cadeira número 15.

O presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB), lamentou a morte das duas figuras públicas, lembrando que Indalécio Wanderley foi um militante político respeitado, enfatizando ainda que ele teria um brilhante futuro. “"O Estado perde uma grande liderança”, assinalou.

Sobre o desembargador Milson Coutinho, Othelino disse que teve o privilégio de desfrutar de sua amizade. “O desembargador Milson Coutinho trabalhou com meu avô, Othelino Novas Alves, e com meu pai, Othelino Filho, no Jornal Pequeno, onde, juntos, empunharam a bandeira da liberdade e travaram históricas lutas pela democracia”, lembrou.

O chefe do Legislativo maranhense afirmou ainda que Milson Coutinho deixa um legado para as gerações futuras. “Era um dos homens mais cultos do Maranhão e deixou um conjunto de obras que marca a sua trajetória como escritor e, também, como presidente da Academia Maranhense de Letras. Perdemos um dos grandes nomes de nossa história”, finalizou.

O deputado César Pires (DEM) também manifestou pesar pela morte do desembargador Milson Coutinho, a quem se referiu como uma das mentes mais brilhantes do Maranhão e que deixa uma obra literária de muita relevância, além de ter sido um grande magistrado. Lembrou que ele é autor da obra sobre a Memória do Parlamento Maranhense, muito útil para pesquisadores e para toda a sociedade.

Nota do Sindicato dos Jornalistas

SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DE SÃO LUÍS

NOTA DE PESAR

Com profunda tristeza registramos o falecimento do nosso associado, jornalista Milson Coutinho, historiador, escritor, membro da Academia Maranhense de Letras e da Academia Maranhense de Letras Jurídicas, e desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão.

Homem probo e sempre cordial, que deixa através da sua história, da sua obra e dos seus escritos em jornais maranhenses, como articulista por excelência, um grande legado à sua família, aos seus amigos e à sociedade maranhense.

Irmanados aos familiares e amigos na dor da perda e da saudade, enviamos a todos. nossas condolências, augurando que o Onipotente o acolha em sua morada e dê aos que ficam, o conforto.

A DIRETORIA
SINDJOR-SLZ

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