Busca e resgate

Cachorros usados por bombeiros para ajudar em resgate no Maranhão

Flecha e Pandora são as mais novas integrantes da corporação e são essenciais para identificar corpos e pessoas desaparecidas

Bárbara Lauria / Da Equipe O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Bombeiros com Flecha, da raça Border Collie, e Pandora, mestiça
Bombeiros com Flecha, da raça Border Collie, e Pandora, mestiça

SÃO LUÍS – O resgate de pessoas nem sempre é fácil. Mesmo com máquinas, equipamentos e pessoas especializadas, às vezes só o auxílio de um olfato mais apurado para resgatar uma vida. Tendo isso em vista, o Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros do Maranhão passou a trabalhar com duas novas companhias, as cachorrinhas Flecha (2 anos) e Pandora (52 dias).

Com o intuito de ajudar em operações em colapso estrutural, deslizamento de terra, busca rural, afogamento e restos mortais; a cadela Flecha, da raça Border Collie, foi adquirida por meio de doação do argento da Brigada Militar, Pedro de Albuquerque, de Caxias-MA, onde estava em processo inicial de formação para o trabalho de Busca e resgate. Já a Pandora, mestiça de Pastor Belga Malinois com Pastor Holandês, foi adquirida por meio de doação da Polícia Civil do Maranhão, de uma ninhada do cão de odor específico Vinny.

De acordo com Wenzel Souza Nicacio, sub comandante (sub CMT) do Batalhão de Busca e Salvamento, Mesmo sendo doados, os cães passaram por um processo de seleção, onde foram analisadas características ideias para um cão de salvamento e a linhagem dos pais, pois nem todos os cães tem o resultado esperado para o trabalho.

A previsão é de que a Flecha já esteja pronta para trabalhar no início de 2021 com ocorrências de colapso estrutural, busca de pessoas perdidas em vegetação, deslizamento de terra, afogamento e restos mortais. Já a Pandora, por ser mais nova, terá um tempo a mais de treinamento.

Adoção e treinamento

O sub CMT explicou que os cães de salvamento são adquiridos através de compra, doações ou cruzamento com cães de linhagem de trabalho, e passam por um processo de seleção para identificar se realmente os animais tem resultado para o trabalho de resgate. Caso aprovados, são realizados diariamente em locais e horários diferentes, afim de simular diversos ambientes de desastres e condições climáticas adversas.

“Hoje ela fica comigo em casa e eu tenho que dar todo cuidado a ela, como se fosse uma criança, mas sempre levando em conta que ela não é um pet doméstico, é um animal de trabalho, e com isso tenho que fazer exercícios todos os dias com ela para que ela não tenha medo de barulho, para que ela goste de pessoas e saiba que sempre a vida é uma brincadeira e é através das brincadeiras que ela vai realizar o trabalho dela”, contou a tenente Sarah Alves, encarregada de cuidar e conduzir a Flecha.

Nicacio também destacou que não existe uma raça adequada para o trabalho de Busca e Resgate com cães, pois todas as raças possuem características específicas que podem ser utilizadas em diversas situações e cenário de desastre.

Atualmente os cães são dos próprios militares que os conduzem, e de acordo com o processo natural, após o fim da vida útil de trabalho dos animais, eles continuam com os militares em seus domicílios.

Saiba Mais

Outros projetos

O Corpo de Bombeiros Militar também pretende iniciar no próximo ano o Projeto Social de Terapia com Cães, com o objetivo de realizar a recuperação de pessoas deficiência mental, física e traumas de acidentes através da terapia com cães.

A terapia com cães é um método muito usado como um complemento das terapias clínicas, e não como uma substituta ou alternativa para outros tratamentos convencionais. Ela costuma trazer benefícios como:

  • Incentivo a permanecer ativo;
  • Aumento da prática de atividades físicas dos pacientes;
  • A melhora das habilidades motoras e a coordenação;
  • Encorajamento do contato social e o desenvolvimento de habilidades de lazer.

Cães de Brumadinho

Em 25 de janeiro de 2019, a cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, passou por um trágico acidente ambiental. Após o rompimento da barragem da empresa Vale, uma avalanche de água e lama deixou mais de 230 pessoas mortas e inúmeros desaparecidos.

Com dificuldade de resgatar tanto os que estavam vivos quanto os corpos daqueles que morreram, a equipe de resgate recebeu a ajuda de Bacco, Zeca, Nikki e Thor, os quatro cachorros do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Os animais ficaram na região durante 14 dias, junto com outros bichos treinados para encontrar vítimas em meio à lama tóxica.

Todos os animais que participaram dos resgates, ao voltarem para casa, passaram por acompanhamento veterinário e cuidados devido ao estresse e possíveis contaminações em que foram expostos.

Personagem da notícia - Sarah Alves

Ten. Sarah Alves em ação com cachorra
Ten. Sarah Alves em ação com cachorra

A tenente Sarah Alves se tornou responsável pela flecha após acompanhar o uso de cães para o resgate de pessoas no acidente de Brumadinho, em Minas Gerais, que aconteceu em janeiro de 2019.

“Hoje estou no desafio de trabalhar para conduzir um cachorro visando que ele ache pessoas desaparecidas, tanto vivas quanto mortas. Essa mudança no trabalho do corpo de bombeiros vai facilitar muito nosso serviço, e isso vai nos proporcionar inúmeras experiências em poder ter um cachorro dentro de casa, saber trabalhar com ele, tratar ele diferente, para que ele tenha prazer em buscar pessoas e realizar um bom trabalho.

No caso de Brumadinho, os cães foram as grandes estrelas e isso me despertou para um serviço que o Maranhão ainda não tinha e que a gente podia desenvolver e salvar vidas”, relatou a tenente para o jornal O Estado.

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