SÃO LUÍS - Em época de tensão por conta de uma nova doença, a quantidade de pessoas que procuram as unidades de saúde após sentirem algum sintoma da Covid-19 é grande, sobretudo quando ocorre a falta de ar. Muitos enfermos preferem se isolar em casa, com medo de contraírem o novo coronavírus nos hospitais. Segundo levantamento feito pelo Portal da Transparência dos Cartórios, nesse período da pandemia, já foram registradas 57 mortes por causas indeterminadas referentes a doenças respiratórias no Maranhão. Isso representa um aumento em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
O gráfico montado pelos Cartórios de Registro Civil mostra que, de 16 de março até essa sexta-feira, 17, ocorreram 9.047 óbitos por doenças respiratórias no Maranhão. Desse total, 881 ocorreram em decorrência de insuficiência respiratória, 834 por pneumonia, 546 por septicemia, 626 por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) ou Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS) e 1589 pela Covid-19. Além disso, 57 tiveram causas indeterminadas. E houve 4514 por “demais óbitos”, que englobam todos os que não estão listados acima.
No mesmo período do ano passado, houve 6363 mortes por doenças respiratórias no estado, incluindo 623 por insuficiência respiratória, 620 por pneumonia, 619 por septicemia (desencadeada por uma resposta inflamatória sistêmica acentuada diante de uma infecção, na maior parte das vezes causada por bactérias), 1 pela SRAG e, obviamente, nenhuma pelo novo coronavírus, uma vez que não havia registro da doença em 2019. Com relação aos óbitos por causas indeterminadas, ocorreram 41, um número abaixo das estatísticas de 2020.
O levantamento
As estatísticas descritas se baseiam nas Declarações de Óbito (DO) registradas nos Cartórios do País relacionadas à Covid-19, sendo apresentada apenas uma causa para cada óbito. Nos documentos enviados ao Portal da Transparência, além do novo coronavírus, observado na Declaração de Óbitos como caso suspeito ou confirmado, procurou-se também avaliar outras causas relacionadas às complicações decorrentes da infecção. Dentre essas manifestações, estão a Síndrome Respiratória Aguda Grave, pneumonia, insuficiência respiratória, septicemia, indeterminadas (mortes ligadas a doenças respiratórias, mas não conclusivas) e demais óbitos.
A atualização do Portal da Transparência pelos registros de óbitos lavrados pelos Cartórios de Registro Civil obedece a prazos legais. A família tem até 24 horas após o falecimento para registrar a morte em cartório que, por sua vez, tem até cinco dias para efetuar a confirmação. Depois, tem até oito dias para enviar o ato feito à Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), que atualiza essa plataforma.
Doenças respiratórias
As doenças respiratórias são inúmeras, com sintomas, às vezes, similares. Além das citadas pelo levantamento dos cartórios, existem outras, como rinite, sinusite, faringite, laringite, asma e bronquite. Uma das consideradas mais severas é a Síndrome Respiratória Aguda Grave, cujos primeiros casos ocorreram a partir de 16 de novembro de 2002, em Gunagdong, na China. Em 11 de fevereiro de 2003, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu a notificação sobre a ocorrência na província chinesa de 305 casos de pneumonia atípica grave, 105 dos quais em profissionais da área da saúde, que ficam na “linha de frente”.
Da China, a SRAG atingiu outros países, como Alemanha, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Filipinas, Mongolia, Singapura, Taiwan, Vietnã, Estados Unidos da América e Tailândia. Dentre os sintomas, estão febre, fadiga, dispneia e outros associados, como cefaleia, anorexia, confusão mental, mal-estar e diarreia. No total, foram mais de 8 mil casos no mundo, de acordo com estatística da Organização Mundial de Saúde, mas não alcançou o status de pandemia, como a Covid-19.
Os sintomas da SARS são parecidos com os do novo coronavírus, assim como os da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), que foi identificada pela primeira vez na Jordânia e Arábia Saudita em 2012. Por outro lado, a Covid-19 também causa infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. Geralmente, os efeitos no corpo são semelhantes aos de um resfriado comum, o que pode confundir. O novo agente da enfermidade foi descoberto no dia 31 de dezembro, após casos registrados na China, no continente asiático.
Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa. O vírus pode deixar as pessoas doentes, geralmente no trato respiratório superior. Os sintomas incluem coriza, tosse, dor de garganta, possivelmente dor de cabeça e talvez febre, que pode durar alguns dias.
Óbitos por coronavírus
O boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES), divulgado na noite de quinta-feira, 16, mostrou que já aconteceram 2.608 óbitos no Maranhão em decorrência do novo coronavírus no Maranhão. Isso dá uma média de 87 mortes por dia no estado. No total, são 104.126 casos confirmados da doença, com registro de 14.459 ativos e 87.059 recuperados (“curados”). No que se refere às novas notificações da Covid-19, houve 112 na Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa), 19 em Imperatriz (sudoeste maranhense) e 1526 nas demais regiões.
Sobre os óbitos ocorridos no Maranhão, 62% das pessoas eram do sexo masculino e 38% do sexo feminino. Até o momento, faleceram 1622 homens e 986 mulheres. A faixa etária mais afetada é a de 70 anos para cima, ou seja, que estão no grupo de risco, conforme o boletim da SES. Importante relembrar que a primeira morte no estado ocorreu no dia 29 de março. A vítima, inclusive, tinha histórico de hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, que se enquadra no denominado grupo de risco, segundo a Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde (MS).
O óbito ocorreu nove dias após a comprovação do primeiro caso da Covid-19 no estado, fato registrado em 20 de março. A primeira morte teve como vítima um homem, que tinha 49 anos, segundo a SES. Ele chegou com graves sinais de insuficiência respiratória na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Operária, em São Luís. Como o quadro clínico dele estava crítico, as equipes médicas nada puderam fazer para aliviar os sintomas. O paciente morreu lá mesmo.
Saiba Mais
Óbitos por doenças respiratórias no Maranhão
2019
Demais óbitos – 4159
Insuficiência respiratória – 623
Pneumonia – 920
Septicemia – 619
Causas indeterminadas – 41
SRAG – 1
Covid-19 – 0
Total: 6363
2020
Demais óbitos – 4514
Insuficiência respiratória – 881
Pneumonia – 834
Septicemia – 546
Causas indeterminadas – 57
SRAG – 626
Covid-19 – 1589
Total - 9047
Saiba Mais
- 30% da população brasileira sofre de doenças respiratórias, afirmam especialistas
- Doenças respiratórias são comuns durante período de estiagem
- Período de estiagem requer atenção redobrada à saúde
- Período chuvoso faz aumentar número de casos de viroses
- Doenças respiratórias afetam mais as crianças neste período do ano
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