Carta

Associações são contra Abraham Weintraub no Banco Mundial

Em carta, as associações pedem aos embaixadores dos oitos países no Brasil que se posicionem também contra a indicação do ex-ministro da Educação

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Weintraub ainda passará por avaliação de representantes de oito países que integram o grupo com o Brasil
Weintraub ainda passará por avaliação de representantes de oito países que integram o grupo com o Brasil (Ministro Abraham Weintraub )

Brasília

Uma carta assinada por 15 associações e mais de 130 personalidades de diversas áreas pede a embaixadores de oito países no Brasil que se posicionem contra a indicação de Abraham Weintraub, ministro demissionário da Educação, a um dos cargos de diretor do Banco Mundial.

A instituição confirmou que o governo brasileiro indicou Weintraub ao posto no dia seguinte ao anúncio da saída do ministro. Porém, o nome dele deverá ser referendado pelos representantes de oito países que integram o grupo do qual o Brasil faz parte: Colômbia, Filipinas, Equador, República Dominicana, Haiti, Panamá, Suriname e Trinidad e Tobago.

O texto ainda menciona a agressividade do ministro a cidadãos comuns, jornalistas, parlamentares e juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirma que ele "é a antítese de tudo o que o Banco Mundial procura representar à política de desenvolvimento e ao multilateralismo".

Xenofobia

A carta também cita uma postagem feita em abril numa rede social com insinuações sobre a China, chamada pelos autores de "carregada de preconceito". A recente revogação de uma portaria sobre políticas de inclusão na pós-graduação que incluem acesso de negros, indígenas e pessoas com deficiência também foi mencionada.

De acordo com o Banco Mundial, um eventual mandato de Weintraub terminaria em outubro, quando uma nova indicação teria que ser feita. A instituição reforçou que diretores-executivos não são funcionários, mas representantes dos 189 acionistas da organização.

O salário do cargo que Weintraub deverá ocupar é de US$ 250 mil ao ano (cerca de R$ 1,34 milhão, em valores de hoje). Ele terá que morar em Washington.

Apreensão

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) encaminhou, nesta sexa-feira, 19, um ofício ao Supremo Tribunal Federal pedindo a apreensão do passaporte do ministro demissionário da Educação, Abraham Weintraub, para evitar que ele saia do País enquanto durar o inquérito das fake news. O documento foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, que conduz as investigações.

Contarato solicita que uma medida cautelar proibindo Weintraub de fazer viagens ao exterior seja lançada no sistema de tráfego internacional e que seu passaporte seja recolhido pelas autoridades. O pedido veio após o ministro recém-demitido anunciar, nas redes sociais, que está de saída do País.

Amigo dos filhos do presidente, o ministro vinha resistindo no cargo nos últimos meses por manter o apoio da ala ideológica do governo, da qual fazia parte. Bolsonaro relutava em demiti-lo para não desagradar a parte mais ruidosa do seu eleitorado, mas a pressão pela exoneração, iniciada com críticas na comunidade acadêmica e nos meios estudantil e político, aumentou após a escalada de tensão entre o Planalto e o STF - que teve como um dos pivôs o próprio Weintraub. A saída do ministro foi lida como um gesto de trégua do governo.

Na reunião ministerial de 22 de abril, a portas fechadas com a cúpula governista, o então ministro da Educação chama os integrantes do Supremo de 'vagabundos' e pede sua prisão. A declaração lhe rendeu a inclusão como investigado no inquérito das fake news.

Além disso, o ministro demissionário é investigado por racismo em razão de um tuíte no qual insinuou que a China vai sair fortalecida da crise causada pelo coronavírus, apoiada por seus 'aliados no Brasil'. L

Mais

Os autores elencaram os seguintes motivos para que os países rejeitem a nomeação de Weintraub:

Uso da ideologia no lugar de políticas com base em provas

Habilidade fraca de negociação

Falta de compreensão e capacidade de lidar, por meio de políticas públicas, com injustiças econômicas e sociais

Desrespeito aos valores do multilateralismo, como tolerância e respeito mútuo

Conduta incompatível com padrões de ética e integridade profissional

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