Estudo

Reabertura do comércio não reacelerou contágio pela Covid-19 na Ilha

Para o grupo que está realizando o monitoramento, a adesão da máscara de proteção pela população seria uma das explicações para a queda do número de casos na Grande Ilha

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Rua Grande lotada de consumidores durante a pandemia
Rua Grande lotada de consumidores durante a pandemia (Rua Grande)

SÃO LUÍS - O crescimento de casos confirmados da Covid-19 é uma das preocupações da população e das autoridades públicas, uma vez que essa realidade seria um demonstrativo de que o fim da pandemia estaria longe de acontecer. A reabertura do comércio estaria entre a cruz e a espada, pois muitas pessoas são a favor e outras são contra a medida. Um estudo feito por um grupo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) apurou que a flexibilização dessas atividades no estado ainda não provocou uma reaceleração da quantidade de infectados na Grande Ilha – São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

Em entrevista concedida a O Estado, o professor doutor Antônio Augusto de Moura da Silva, do Departamento de Saúde Pública da UFMA, explicou que o Grupo de Modelagem da Covid-19 da universidade foi montado há pouco mais de um mês, para acompanhar a epidemiologia do novo coronavírus. O intuito da equipe é informar a população acerca do que está acontecendo, a partir de dados concretos, que são verificados com todo rigor científico e empírico possível, de tal maneira que não distorça a realidade.

Os envolvidos no estudo são docentes e alunos, que se reúnem entre duas a três vezes por semana, de maneira virtual, para promover os debates e levantar hipóteses.

Flexibilização precoce

Na opinião do grupo, a flexibilização das atividades comerciais no Maranhão ocorreu de maneria precoce, pois não obedeceu aos critérios estabelecidos e recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Dentre esses aspectos, o médico epidemiologista mencionou dois: redução continuada da incidência de casos e do número de mortes decorrentes da Covid-19, por um período prolongado de duas a três semanas; e a taxa de ocupação dos leitos como sendo inferior a 70%. Esses pontos, como o docente frisou, não estavam atendidos para que a reabertura do comércio pudesse ser iniciada.

“Felizmente, ainda não ocorreu a reaceleração da transmissão na Grande Ilha. Os casos continuam reduzindo. Os óbitos caíram menos, mas tem um pessoal do interior que está vindo para cá. Verificamos que, pela terceira semana consecutiva, houve diminuição de novos casos na ilha”, expressou Antônio Augusto. Ele enfatizou que, até o momento, não há indícios que confirmem um aumento da doença em São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, mas isso continua sendo uma possibilidade. Ou seja, pode ocorrer a longo prazo.

“Esse cenário de reintrodução imediata da doença não aconteceu ainda. Vamos ver se haverá aumento dos casos, por conta da flexibilização”, ressaltou o professor de Epidemiologia da UFMA.

Uso da máscara

Um ponto destacado pelo médico epidemiologista é o uso da máscara de proteção, descartável ou caseira, pela população maranhense. Na avaliação dele, isso é um fator de diferença de comportamento das pessoas com relação ao início e atual situação da pandemia da Covid-19 no estado. “É um hábito que as pessoas adotaram. É difícil vermos alguém nas ruas sem a máscara no rosto. Até acontece, mas é raro”, declarou Antônio Augusto.

Para o docente, é possível que a adesão da população ao uso da máscara tenha colaborado para manter a transmissão decrescente na Grande Ilha. Mas ele deixou claro que isso é apenas uma hipótese, que ainda precisa de comprovação.

Primeira onda

Outro aspecto citado pelo entrevistado é com relação à primeira onda da Covid-19, que, ao tudo indica, já passou, como foi verificado na Europa, sobretudo na Itália e Alemanha. No Maranhão, essa realidade também já pode ter ocorrido. Antônio Augusto observou que a questão agora é monitorarmos se a flexibilização precoce vai trazer um rebote, ou um retorno, igualmente precoce do novo coronavírus. Nesse caso, a retransmissão representaria uma segunda onda de contaminações.

“Não sabemos o que vai acontecer. Não dá para prever isso. O fato é que o uso da máscara faz toda a diferença. Até o momento, está dando certo a flexibilização, pois a doença está decrescendo. Aqui na ilha, os casos estão caindo, assim como a ocupação de UTI. Hoje, há folga. A curto prazo, não há risco de as pessoas morrerem sem assistência médica. Até agora, não aconteceram problemas de falta de atendimento em São Luís, como ocorreu em outras cidades”, esclareceu o docente.

Lives do grupo

Como salientou o professor Antônio Augusto, o Grupo de Modelagem da UFMA faz lives no instagram todas as quintas-feiras, às 18h, para apresentar a análise dos dados referentes à epidemiologia da doença na Grande Ilha e também no continente, como é denominado, geograficamente, o popular interior maranhense. As transmissões ao vivo são realizadas na rede social do docente. Nessa quinta-feira, 18, o tema foi “Entendendo a pandemia no Maranhão”, com a participação da professora Alcione Santos, de Estatística.

As lives podem ser acompanhadas no Instagram do professor Antônio Augusto (@aamouras). “Nós nos reunimos, de forma virtual, para analisarmos os dados e os modelos estatísticos”, comentou ele.

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