Perigo

Corpo de Bombeiros alerta para cuidados no uso do álcool em gel

Segundo o Corpo de Bombeiros, em caso de queimaduras, a pessoa deve lavar o local com água corrente imediatamente, além de acionar o serviço de emergência

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Álcool em gel não deve ser manuseado em locais que tenham superfície com fonte de calor, como cozinha
Álcool em gel não deve ser manuseado em locais que tenham superfície com fonte de calor, como cozinha (álcool em gel)

São Luís - Em período de pandemia, algumas medidas simples e baratas são eficazes contra a Covid-19, como a máscara de proteção e o álcool em gel, que são recomendados por autoridades sanitárias, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS). Antisséptico, o álcool higienizador, quando a concentração é maior do que 60%, consegue matar microorganismos, quebrando sua estrutura composta de proteínas. No entanto, muitos acidentes com o produto estão acontecendo nas residências, como incêndios e queimaduras. No Maranhão, não houve registro de aumento significativo de ocorrências desta natureza.

Segundo informado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA), as pessoas devem tomar muito cuidado ao manusear o álcool em gel em casa ou em qualquer outro ambiente, pois se trata de uma substância inflamável. Nesse sentido, não é indicado que acendam fósforo ou cigarro. Por este motivo, o produto não deve ser manipulado, em hipótese alguma, em locais que tenham superfície com fonte de calor. Isso significa que não pode ser utilizado, por exemplo, na cozinha ou nas proximidades de churrasqueiras, ainda mais quando é falsificado ou caseiro.

“Um cuidado especial também deve ser tomado no que se refere ao armazenamento. O produto deve ser guardado em pequenas quantidades, em recipientes fechados, longe da incidência de altas temperaturas e em locais fora do alcance das crianças”, enfatizou o Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão.

Perigo das queimaduras
Quando o álcool em gel não é utilizado corretamente, o manuseio pode causar alguns problemas, que podem levar o morador ao hospital devido às complicações. Uma das consequências da manipulação imprudente dos produtos são as queimaduras, definidas pela Medicina Legal como toda lesão causada por agentes externos sobre o revestimento do corpo, podendo destruir desde a pele até tecidos mais profundos, como ossos e órgãos. Podem ser de 1º (eritema simples), 2º (vesicação), 3º (escarificação) e 4º grau (carbonização).

Quando isso acontecer, o recomendável, de acordo com o Corpo de Bombeiros, é que a pessoa lave o local atingido pela queimadura com água corrente imediatamente. Além disso, é importante que o morador acione o serviço de emergência para uma avaliação médica. Não é indicado que se coloque gelo, manteiga ou qualquer coisa no local, assim como pasta de dente, pomadas, ovo, manteiga, pó de café, óleo de cozinha, para não agravar a lesão, independentemente de sua profundidade.

Tipos de queimaduras
O Ministério da Saúde afirma que as queimaduras podem ser classificadas em três tipos: as térmicas, provocadas por fontes de calor como o fogo, líquidos ferventes, vapores, objetos quentes e excesso de exposição ao sol; químicas, provocadas por substância em contato com a pele ou mesmo por meio das roupas; e as por eletricidade, que são provocadas por descargas elétricas. Já com relação à profundidade, podem ser de 1º grau, 2º grau, 3º grau e 4º grau.

As de 1º grau, conforme o MS, atingem as camadas superficiais da pele. Elas apresentam vermelhidão, inchaço e dor local suportável, sem a formação de bolhas. As de 2º grau atingem as camadas mais profundas da pele. Apresentam bolhas, pele avermelhada, manchada ou com coloração variável, dor, inchaço, desprendimento de camadas da pele e possível estado de choque. “Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixar cicatrizes”, explica o Ministério da Saúde.

Já as de 3º grau atingem todas as camadas da pele. Apresentam pouca ou nenhuma dor e a pele branca ou carbonizada. As de 4º grau representam o grau máximo das queimaduras, comprometendo, parcial ou totalmente, as partes profundas dos vários segmentos do corpo. Nesse caso, os ossos são atingidos.

Intoxicação infantil
Outro perigo da presença do álcool em gel em casa, nesse contexto da pandemia da Covid-19, é a intoxicação infantil, de acordo com informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sendo assim, a autarquia divulgou a Nota Técnica (NT) 12/2020, a fim de reduzir os riscos à saúde causados pelo aumento da exposição tóxica pelo produto no Brasil. O documento fornece orientações à população acerca da adoção de medidas preventivas relacionadas às crianças, consideradas as vítimas mais comuns.

Segundo a Anvisa, a NT foi elaborada com base nos dados dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica. A autarquia ressalta, em seu portal, que houve, de janeiro a abril deste ano, o registro de 108 situações de intoxicação por álcool em gel no país. Em 2018, foram 15 casos e 17 no ano passado. “É perceptível, portanto, o aumento expressivo dos casos em 2020, fazendo com que esta ocorrência seja relacionada ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, uma vez que a higienização frequente das mãos tem sido incentivada como forma de prevenir o contágio”, declarou a autarquia.

A Agência destacou que, dentre os 108 casos de 2020 nos quatro primeiros meses, 88 envolveram o público infantil. “O ambiente doméstico é o principal local em que ocorrem as intoxicações, que geralmente não são intencionais. Para evitá-las, a melhor medida é a prevenção, de modo a criar um ambiente seguro para as crianças”, enfatizou a Anvisa.

Perigo dos incêndios
Juntamente com as queimaduras e a intoxicação infantil, o álcool em gel, ao ser usado indevidamente ou de maneira imprudente, também pode provocar os incêndios, que ocorrem quando existe um fogo não controlado, o que representa um perigo para pessoas, animais e objetos. De acordo com especialistas da Engenharia Elétrica, o produto inflamável entra em alta combustão a partir do momento em que é aquecido a uma temperatura de 300º C. Ou, ainda, em outro contexto no qual há contato com uma faísca.

Pensando no combate aos incêndios, o Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão realiza, constantemente, treinamentos para debelar as chamas, que podem surgir com a presença ou não de álcool em gel, uma vez que outros fatores as provocam. Recentemente, o 12º Batalhão de Bombeiros Militar, com sede em Açailândia/MA, recebeu um chamado para atender a uma ocorrência de fogo descontrolado em uma residência. O fato foi registrado na tarde do último dia 10.

“Ao chegarem no local, os bombeiros detectaram que o foco do incêndio se deu em um dos quartos da residência que estava trancado. A equipe utilizou algumas ferramentas manuais para ter acesso ao cômodo e, imediatamente, iniciaram o combate às chamas com uma linha de mangueira montada a partir da viatura Auto Bomba Tanque – 26 (ABT-26)”, narrou a corporação. Parte do teto do imóvel foi atingido pelas chamas. Houve perdas materiais, mas ninguém ficou ferido.

Eficácia do álcool
O álcool em gel, assim como o álcool glicerinado, é eficaz como formas de prevenção do novo coronavírus (Sars-cov-2), o que é comprovado cientificamente e frisado rotineiramente pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde. O produto é um substituto da higienização com uso de água e sabão. De acordo com o Conselho Federal de Química, o ideal seria o do tipo 70% ou acima dessa porcentagem, pois essa é a quantidade necessária para combater micro-organismos como bactérias, vírus e fungos.

No entanto, é importante que as pessoas utilizem o produto de maneira correta, como recomendam os Centros de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e o Serviço Nacional de Saúde (NHS). Essas entidades dizem que o álcool em gel/glicerinado deve ser colocado na palma da mão, para depois ser espalhado. O gel deve ser aplicado em todas as superfícies das mãos e dedos até secar. O procedimento deve durar, aproximadamente, 20 segundos, mesmo tempo para a lavagem das mãos com água e sabão.

A eficácia do produto está em destruir a cápsula de revestimento feita de proteínas e lipídios, que é fundamental para que o vírus se prenda às células humanas. De acordo com infectologistas, sem essa capa, o micro-organismo morre.

SAIBA MAIS

Orientações da Anvisa

- Lavar as mãos das crianças com água e sabonete é a higienização mais recomendada. A eficiência da lavagem com sabonete é equivalente à utilização do álcool gel 70% no controle da propagação da Covid-19. Restrinja o uso do álcool gel para as ocasiões em que a lavagem das mãos não for possível.
- Mantenha o álcool gel fora do alcance das crianças, principalmente das crianças menores, entre 1 e 5 anos de idade.
- O álcool, seja na forma líquida ou em gel, é um produto inflamável e pode causar acidentes com fogo. Ao aplicar o produto, não fique perto de fogões, isqueiros, fósforos etc. Mantenha o produto longe do fogo e do calor.
- Evite o armazenamento desses produtos em recipientes diferentes e não etiquetados.
- Não utilize o produto em forma de aerossol nas crianças.
- O álcool gel pode ser extensivo ao uso infantil, desde que aplicado por um adulto ou sob a supervisão de um adulto.
- Em caso de emergências toxicológicas, não provoque vômito. Tenha em mãos o número 0800-722-6001 do Centro de Informação e Assistência Toxicológica, o CIATox.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.