Operação

Navio Stellar Banner é afundado na costa do Maranhão nessa sexta-feira

O navio foi afundado por volta das 10h. A Marinha disse que fará fiscalização no local nos próximos dias, para verificar peças que possam se desprender da embarcação no fundo do mar

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

São Luís - Na manhã dessa sexta-feira, 12, por volta das 10, foi afundado o navio sul-coreano NM Stellar Banner, de propriedade da empresa Polaris Shipping. O evento aconteceu na costa do Maranhão. A embarcação estava no litoral maranhense desde o dia 24 de fevereiro deste ano, quando sofreu uma avaria na proa, logo após ter saído do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís. Os danos foram sofridos depois que o veículo foi abastecido com 2.700 toneladas de minério de ferro. O produto, no entanto, foi retirado, assim como o óleo, antes do naufrágio.

Conforme informações da Marinha do Brasil (MB), por meio do 4º Distrito Naval, os procedimentos para o afundamento se iniciaram às 5h e transcorreram como planejado pelas equipes. Essa preparação foi o resultado do Plano de Alijamento, aprovado pela Autoridade Marítima, com anuência da Autoridade Ambiental. “A fase de preparação para o afundamento ocorreu em consonância com os pareceres da Sociedade Protection and Indemnity (P&I) e da organização ITOPF (International Tanker Owners Polutions Federation) que reúnem boas práticas mundialmente reconhecidas nas questões ambientais”, frisou o órgão.

Monitoramento das equipes

Ainda de acordo com a MB, o AHTS (Anchor Hanking Tug Supply) Bear, o OSRV (Oil Spill Response Vessel) Água Marinha na contingência, o OSV (Offshore Support Vessel) Normand Installer e o Navio de Apoio Oceânico “Iguatemi”, da Marinha, permanecerão na área pelos próximos três dias, a fim de verificar possíveis objetos que porventura se soltem do Stellar Banner. Essas embarcações também monitorarão manchas de óleo na cena de ação, conforme destacado pelo 4º Distrito Naval.

Além disso, a aeronave Poseidon, contratada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), realizou voos pela manhã, para monitoramento e continuará no local nos próximos dias. A Marinha disse que manterá a fiscalização das atividades junto com as autoridades ambientais do Maranhão, na presença da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) e Ibama.

A reflutuação

Antes do afundamento do Stellar Banner, houve o processo de reflutuação, que foi concluído no último dia 3 de junho, depois de um procedimento delicado, que contou com a participação de várias equipes e um estudo criterioso dos órgãos envolvidos. Após a quilha ter se desprendido do banco de areia, o navio ,pertencente à empresa Polaris Shipping, foi rebocado para uma área de águas mais profundas, a cerca de 60 milhas, na costa maranhense, para as inspeções estruturais.

Para essas inspeções, participaram não apenas mergulhadores, como, também, um veículo submarino operado remotamente (Remotely Operated Underwater Vehicle). Por meio do resultado dessa verificação, foi possível analisar o destino final do navio.

Retirada do minério

A retirada do minério de ferro foi concluída recentemente, depois da remoção e transferência do óleo (combustível). O Navio Graneleiro Alfred Oldendorff e os Batelões Leeuw e Jan Blanken permaneceram na cena de ação, para a operação e descarte do material na área de despejo, de forma segura, para evitar contaminação do mar. Com a extração do produto, teve início, então, a fase de reflutuação do navio sul-coreano, cuja quilha estava enterrada no banco de areia.

O NM Stellar Banner, até então, continuava estável, assentado no leito marinho. A operação ocorreu sob a supervisão do Navio de Apoio Oceânico Iguatemi, da Marinha do Brasil, cumprindo o Plano de Reflutuação e Salvatagem, aprovado pelo Comando do 4º Distrito Naval e fiscalizado pela Capitania dos Portos do Maranhão e pelas demais autoridades.

Transferência do óleo

Em abril, houve a operação de transferência do óleo do navio NM Stellar Banner, como acompanhou o Jornal O Estado, que, em uma aeronave da Marinha, fez um sobrevoo na área do encalhe ainda quando ocorria a retirada do combustível. A ação foi realizada em duas etapas, de acordo com informações da Marinha do Brasil. Durante o procedimento, houve o bombeio do combustível armazenado no HOS Brass Ring para o NM Stellar Iris.

Segundo informado pela Marinha do Brasil, durante o processo de transferência do óleo retirado do navio sul-coreano, não foram observados vestígios de poluição hídrica na área do encalhe. Foram transferidos aproximadamente 3.900 metros cúbicos de óleo combustível, conforme a MB. Durante a operação, o Navio de Apoio Oceânico “Iguatemi” foi substituído pelo Navio-Patrulha “Bocaina”, que está na área do encalhe realizando o controle de embarcações e coletando amostras da água, confirmando a ausência de resíduos oleosos.

O monitoramento foi realizado por meio das aeronaves, drones e embarcações nas proximidades do NM Stellar Banner.

Retirada do óleo

Após intenso planejamento, a operação para retirada de óleo do navio sul-coreano NM Stellar Banner foi concluída no dia 27 de março. Foram recolhidos 3.900 metros cúbicos de combustível, que foram transferidos para os navios ALP Defender e HOS Brass Ring. Após o processo de transferência do líquido, as equipes planejaram a remoção de quase 3000 toneladas de minério de ferro da embarcação, que levaria o produto para a China, no continente asiático.

“Ademais, os órgãos e empresas envolvidos permanecem em estreita coordenação com a Autoridade Marítima, no intuito de solucionar o ocorrido com a brevidade possível, obedecendo normas e procedimentos de segurança, priorizando a mitigação de riscos à poluição e à navegação”, frisou a Marinha.

Processo delicado

A retirada de óleo foi realizada em duas etapas, devido à delicadeza do procedimento, uma vez que poderia ocorrer o deslizamento de combustível no mar, causando um desastre ambiental. O prazo para término da operação, que começou no dia 11 de março, segundo estimado pela Marinha do Brasil, era de 10 dias, mas, devido às condições oceanográficas e meteorológicas, não foi possível concluir nesse tempo.

A MB salientou que os porões de carga continuam intactos, e os sensores instalados confirmam que a embarcação sul-coreana permanece estável. Para auxiliar no procedimento, foi enviado um navio MPOV Normand Installer, que atuou na ação de salvatagem. De acordo com informações da Marinha do Brasil, essa embarcação é multipropósita e possui guindastes de grande capacidade.

Equipes envolvidas

Para a operação de transferência de óleo, foram empregados 265 militares da Marinha do Brasil, além dos seguintes meios: Navio-Patrulha Bocaina; Navio Hidroceanográfico “Garnier Sampaio”; um helicóptero UH-15; e duas embarcações da Capitania dos Portos do Maranhão. Outros meios aéreos envolvidos foram um helicóptero S-76, operado pela Vale S.A, que abasteceu o Stellar Banner com minério de ferro antes do encalhamento.

Além disso, atuaram no local do encalhe o Navio MPOV Normand Installer; nove rebocadores (sendo quatro dotados com materiais para combate à poluição por óleo); dois drones com câmera térmica; duas embarcações de suporte às atividades de contingência de derramamento de óleo (OSRV) e quatro PSV.

Área afetada

De acordo com informações do chefe de Estado-Maior do Comando do 4º Distrito Naval, Robson Neves Fernandes, a área onde afetada pela avaria na proa é de aproximadamente 25 metros, mas isso não significa que é um buraco desse tamanho, como ressaltou. Esse problema está no lado direito, conhecido em termos náuticos como boreste ou estibordo. Acima dessa parte, fica o porão de carga, onde está o minério de ferro, outra preocupação dos órgãos envolvidos devido ao risco de entrar em contato com a água do mar, o que deve contaminar o mar.

Segundo o capitão de Mar e Guerra, a área afetada foi detectada nas operações de mergulho pela equipe, que foi composta por seis profissionais. Essas pessoas foram auxiliadas por robôs subaquáticos.

O incidente

De acordo com informações da Vale, os 20 tripulantes do navio MV Stellar Banner foram evacuados, por medida de precaução, na noite do dia 24 de fevereiro, data do incidente. O comandante da tripulação adotou a manobra de encalhe a cerca de 100 quilômetros da costa de São Luís, segundo relatado pela mineradora. A embarcação foi construída em 2016 e está sendo operada pela empresa sul-coreana Polaris. O suporte técnico-operacional está sendo realizado por meio de rebocadores e navios da Petrobras.

Segundo a Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA), a embarcação transportava minério de ferro. O problema na avaria ocorreu nas proximidades da boia n° 1, no cantal da Baía de São Marcos, a uma distância de 32 milhas do Farol de Santana. O incidente foi registrado por volta das 21h30 daquele dia. Equipes de mergulho da Marinha do Brasil fizeram os trabalhos de inspeção, para que fossem identificados os danos no casco e compartimentos alagados.

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