SÃO LUÍS - Um problema que afetou o litoral nordestino e uma parte da costa sudeste brasileira já foi, oficialmente, solucionado. As manchas de óleo, que causaram impactos ambientais devastadores, com registro de várias mortes de animais, não foram mais detectadas no mar, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Inclusive, a Coordenação do Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo (PNC) formalmente desmobilizou a coordenação unificada das equipes envolvidas com ações de resposta e monitoramento do governo federal.
Sobre o caso, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Sema) disse que os esforços de remoção dos resíduos de óleo no litoral maranhense foram concluídos em março. Até o presente momento, não foram observadas novas ocorrências de manchas tóxicas nas localidades atingidas. Houve o processo de desmobilização das ações emergenciais conduzidas pelo Ibama, pela Marinha do Brasil (MB) e pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que integravam o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), do Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo.
“Todos os órgãos envolvidos permanecem em ação no escopo de suas competências institucionais, embora já não integrem coordenação unificada”, informou o Ibama.
Monitoramentos
Para conter o avanço das manchas no litoral maranhense, foi criado o Centro de Operações de Incidentes de Poluição por Óleo, que era coordenado pela Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA), da Marinha do Brasil, que realizou várias ações, caracterizadas pelo monitoramento e limpeza dos pontos atingidos, em conjunto com os demais órgãos envolvidos. No segundo semestre de 2019 e no início deste ano, várias intervenções de limpeza da substância tóxica foram registradas.
As operações de monitoramentos foram feitas por meio de embarcações e também pelo ar. Helicópteros da Marinha do Brasil foram utilizados nos sobrevoos no litoral maranhense. Na região do Delta do Parnaíba, na divisa com o Estado do Piauí, foram feitas diversas inspeções aéreas.
Primeiras manchas
O primeiro caso no território maranhense, como acompanhou o Jornal O Estado, ocorreu no dia 18 de setembro de 2019, quando a substância foi encontrada na Ilha dos Poldros, em Araioses, na divisa com o Estado do Piauí. Ali, só foi recolhido, nas primeiras ações, cerca de 1kg do material, ou seja, pouca quantidade, segundo o Ibama. Devido à presença das manchas de óleo no Delta do Rio Parnaíba, uma tartaruga marinha impregnada da substância morreu.
Já no dia 23 de setembro, ocorreu o segundo caso, na Praia de Itatinga, em Alcântara, onde uma tartaruga foi encontrada suja de óleo na faixa de areia. Um universitário achou o animal quando fazia uma caminhada. A partir dali, surgiram novos pontos. Então, o Ibama, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Corpo de Bombeiros fizeram as operações conjuntas.
Centro de Operações
Assim como o Grupo de Avaliação e Acompanhamento (GAA) no Piauí, foi criado no Maranhão o Centro de Operações de Incidentes de Poluição por Óleo, que foi anunciado, oficialmente, no dia 31 de outubro de 2019, em uma entrevista coletiva na Capitania dos Portos do Maranhão. O objetivo é agilizar o fluxo de informações e a coleta das manchas de óleo no litoral maranhense.
Desde o primeiro surgimento das manchas, na Ilha de Poldros, na área do Delta do Parnaíba, já havia um esforço conjunto para combater o problema ambiental. Com o segundo caso, que aconteceu em Alcântara, na Praia de Itatinga, os trabalhos se intensificaram, pois envolveu outros órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
No dia 6 de outubro, foi montado o Grupo de Monitoramento e Avaliação, em âmbito nacional. Mas tornou-se necessária a criação de uma coordenação setorizada e local. Isso aconteceu porque a contaminação se alastrou no litoral maranhense, embora em pouca intensidade quando comparada aos outros estados do Nordeste.
Explicações das manchas
Desde o surgimento das manchas no Brasil, várias hipóteses foram lançadas para tentar explicar o fenômeno. São formulações diversas, mas nenhuma conseguiu comprovar, cientificamente, as causas. Uma das primeiras teorias foi com relação ao “navio fantasma” ou “dark ship”. Seriam embarcações irregulares que transportam cargas sem identificação, como o petróleo da Venezuela, cujo comércio está sob embargo dos Estados Unidos da América (EUA).
Um desses navios teria abastecido na Venezuela e, posteriormente, trocado a carga com outra embarcação. Outra explicação teve como peça-chave os barris da Shell. A Marinha do Brasil encontrou um desses objetos flutuando no mar e recolheu para análise, no litoral do Rio Grande do Norte. Os barris deveriam estar repletos de lubrificantes, mas continham o mesmo óleo derramado nas praias do Nordeste.
A Shell, porém, emitiu uma nota descartando seu envolvimento na origem do desastre. A empresa disse que as embalagens foram reutilizadas por outras pessoas. Já a Polícia Federal (PF) apontou um navio grego como origem das manchas de óleo, a partir de um relatório elaborado por uma empresa. No entanto, a substância era clorofila, como o Ibama, por meio do Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (Cenima), frisou pouco depois.
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