Pandemia

Covid-19: Maranhão é o penúltimo no cumprimento do distanciamento

Segundo o "Epicovid-19", estudo da Universidade Federal de Pelotas (RS), apenas 47,2% dos maranhenses entrevistados dizem ficar em casa ou saem apenas para atividades essenciais

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Apesar da necessidade real do isolamento para conter o contágio, as pessoas passeiam na praia
Apesar da necessidade real do isolamento para conter o contágio, as pessoas passeiam na praia (Praia)

São Luís - A pandemia do novo coronavírus, a cada dia que passa, preocupa ainda mais a população e as autoridades, devido à rápida disseminação da doença em todas as camadas sociais. Esse avanço tornou o Brasil o segundo país do mundo com maior número de casos confirmados da Covid-19, perdendo apenas para os EUA. Mesmo assim, muitas pessoas continuam desrespeitando as medidas de distanciamento social. Esse descumprimento colocou o Maranhão na penúltima posição em cumprimento do distanciamento social, segundo um estudo feito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul.

O estudo nacional, denominado “Epicovid-19”, que fez a coleta de dados, nas unidades federativas do Brasil, entre os dias 14 e 21 de maio, mostrou que somente 47,2% da população maranhense entrevistada cumprem as medidas de distanciamento social. O estado perde apenas para Alagoas, onde 46,8% dos entrevistados respeitam o isolamento, quarentena, lockdown ou outra forma de afastamento das pessoas, para evitar a propagação do novo coronavírus. Imediatamente à frente do Maranhão aparece Roraima, com uma porcentagem de 47,3%.

Segundo os pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, esses dados se referem à proporção das pessoas que relataram ficar em casa o tempo todo ou sair somente para as atividades essenciais. O resultado foi possível após entrevistas, em cada estado, e foi obtido por meio das respostas dos participantes aos questionários aplicados. Santa Catarina é a unidade federativa que mais cumpre o distanciamento social, com 69%. Na sequência, vêm Rio de Janeiro, com 68,3%, e Rio Grande do Sul, com 67%.

Entrevistados no Maranhão
Convém ressaltar que, segundo ressaltado pelos pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, apenas no Acre, Amapá, Sergipe e Amazonas, foram concluídas 100% das entrevistas previstas. No Maranhão, foram realizados 71,5% dos testes. “Os principais motivos pelos quais não foi possível completar 200 entrevistas em 43 das 133 cidades incluíram medidas de lockdown, que restringiram a circulação dos pesquisadores, fake news sobre os objetivos da pesquisa, e dificuldades na coordenação e comunicação entre autoridades federais, estaduais e municipais”, destacaram os envolvidos no estudo.

O “Epicovid-19” observou que a Região Nordeste foi aquela com menos percentual de entrevistados, representando 63%. O Sul teve a maior taxa, com 97%. Na sequência, aparecem o Norte, com 92%; Sudeste, com 71%; e Centro-Oeste, com 66%.

Sobre a pesquisa
O “Epicovid-19” está em sua primeira fase, mas traz resultados inéditos e preocupantes. Os pesquisadores fizeram as entrevistas, em 133 cidades espalhadas em todos os estados do Brasil, durante uma semana. Em 90 municípios, incluindo 21 das 27 capitais, foi possível testar pelo menos 200 pessoas selecionadas por sorteio. No conjunto dessas regiões, a proporção de pessoas com anticorpos, que significa que já tiveram ou têm o coronavírus, foi estimada em 1,4%, podendo variar de 1,3% a 1,6% pela margem de erro do estudo, considerado sobre o coronavírus no país.

Coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, o estudo é financiado e apoiado pelo Ministério da Saúde (MS), mas com o apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Pastoral da Criança e do Instituto Serrapilheira. De acordo com os envolvidos na pesquisa, os resultados dessas 90 cidades não devem ser extrapolados para todo o país, nem usados para estimar o número absoluto de casos no Brasil, pois são municípios populosos, com circulação intensa de pessoas e que concentram serviços de saúde.

“Não é por acaso que o logotipo do Epicovid-19 remete a um iceberg. Os casos confirmados, que aparecem nas estatísticas oficiais, representam apenas a ponta visível de um iceberg cuja maior parte está submersa. Para conhecer a magnitude real do coronavírus, é obrigatória a realização de pesquisas populacionais”, frisam os pesquisadores. Eles destacam que, de cada sete pessoas com a doença, apenas uma sabe que está ou esteve infectada.

Isso é preocupante, tendo em vista que as demais seis pessoas que não sabem da infecção podem, involuntariamente, transmitir o vírus para outras.

Outra pesquisa
Recentemente, um levantamento do Jornal O Globo mostrou que a população maranhense não está respeitando o isolamento social, medida que objetiva separar as pessoas infectadas (sintomáticos respiratórios, casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus) das não doentes, para evitar a propagação do vírus. A pesquisa, feita com base no “Relatório de Mobilidade Comunitária” disponibilizado pela empresa Google, descobriu que houve uma queda de 3% no cumprimento do confinamento em abril com relação a março.

Segundo o levantamento, o Maranhão está entre as 22 unidades da federação que apresentaram menor adesão ao isolamento social. Apenas cinco estados brasileiros apresentaram quedas na circulação de pessoas maiores ou iguais em relação às registradas em março. Esses lugares são Acre, Roraima, Amapá, Amazonas e Piauí. A pesquisa levou em consideração a média dos últimos sete dias do mês passado, excluindo feriados nacionais e fins de semana. Essas informações foram comparadas com os dados do intervalo similar em abril, até o dia 17.

No Maranhão, a média de presença de pessoas nas ruas era de 60%, mas esse índice caiu em 3% neste mês. As demais unidades federativas que apresentaram menor adesão ao isolamento social são Distrito Federal, Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

SAIBA MAIS

Isolamento e quarentena

Em tempo de pandemia, alguns conceitos podem ser facilmente confundidos pelas pessoas. Isolamento social, por exemplo, é uma medida que tem como objetivo separar as pessoas doentes (sintomáticos respiratórios, casos suspeitos ou confirmados de infecção por coronavírus) das não doentes, para evitar a propagação do vírus. Esse procedimento pode ocorrer em domicílio ou em ambiente hospitalar, conforme o estado clínico da pessoa contaminada ou sob monitoramento.

Essa ação pode ser prescrita por médico ou agente de Vigilância Epidemiológica e tem prazo máximo de 14 dias. Na prescrição do isolamento, o paciente deve assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Por outro lado, a quarentena é a restrição de atividades ou separação de pessoas que foram presumivelmente expostas a uma doença contagiosa, mas que não estão doentes, uma vez que não foram contaminadas ou porque estão no período de incubação.

A quarentena pode ser aplicada em nível individual, como para uma pessoa que volta de viagem internacional ou para contatos domiciliares de caso suspeito ou confirmado de coronavírus. Ou em nível coletivo, como em situações referentes a um navio, um bairro ou uma cidade, e geralmente envolve restrição ao domicílio ou outro local designado. Pode ser voluntária ou mandatória.

Posição de cada estado

Porcentagem de cumprimento do distanciamento social

Santa Catarina – 69%
Rio de Janeiro – 68,3%
Rio Grande do Sul – 67%
Pernambuco – 64,5%
Espírito Santo – 63,9%
São Paulo – 63,3%
Paraná – 62,8%
Pará – 61,7%
Amazonas – 61,3%
Mato Grosso do Sul – 60,6%
Tocantins – 60,5%
Rondônia – 59,5%
Minas Gerais – 59,3%
Piauí – 58%
Paraíba – 57,7%
Mato Grosso – 56,9%
Ceará – 56,5%
Goiás – 56,4%
Amapá – 55,6%
Bahia – 55,4%
Rio Grande do Norte – 54,3%
Acre – 54,1%
Distrito Federal – 52,9%
Sergipe – 52,1%
Roraima – 47,3%
Maranhão – 47,2%
Alagoas – 46,8%

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