Waldete Moraes Corrêa

Experiência e dedicação à cultura maranhense

Com uma longa trajetória na área, ele se orgulha de, aos 82 anos, participar ativamente das manifestações culturais de sua terra

Evandro Júnior

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Waldete Moraes Corrêa é um dos fundadores do Bloco Os Foliões
Waldete Moraes Corrêa é um dos fundadores do Bloco Os Foliões (WALDETE MORAES CORRÊA)

SÃO LUÍS- Um dos fundadores do bloco tradicional Os Foliões e cantador do Boi de Maracanã, mestre Waldete Moraes Corrêa, ou simplesmente Mestre Cabeça Branca, completou 82 anos no último dia 13 de junho e terá suas toadas gravadas, entre elas, “Palmeira Linda”, “Roseira do Meu Lugar”, “Voa Maracanã”, “Estrela do Oriente”, “Touro Encantado” e “A Roseira Não Murchou”.

Com uma história de envolvimento com a cultura maranhense, principalmente no que diz respeito às agremiações carnavalescas e ao bumba meu boi, Waldete Cabeça Branca começou a admirar a cultura maranhense nos tempos de criança, quando brincava em grupos de bumba meu boi como caboclo de fita e, depois, tocando maracá. A família enfrentou muitas dificuldades e ele chegou a passar fome, após o falecimento do pai, Hermírio. A mãe, costureira, se chamava Maria de Lurdes.

Ao passo em que ia crescendo, mais apreço passava a cultivar por aquela manifestação da cultura maranhense. Foi cantador no Boi de Madre Deus e nos anos 1980, migrou para o Boi de Maracanã, onde fincou raízes. No Boi da Madre Deus, tocava maracá, ajudando os amos Mané Onça, Vavá e Sabiá. Foram 12 anos de parceria.

Em seu currículo cultural, consta ainda experiência como um dos coordenadores da tribo de índio Os Apaches, reconhecido e premiado pelo Governo do Estado do Maranhão e Ministério da Cultura como mestre da cultura popular, a exemplo do seu irmão mais novo, Mestre Walmir. Como compositor, já participou do Festival Maranhense de Músicas Carnavalescas, com o samba “Navegante do Amor”, com co-autoria do sobrinho, William Moraes Corrêa, e Chico Poetta (sambista e cantador do Boi de Nina Rodrigues). Em 2012, chegou a ser homenageado pela Fundação Fio-Cruz no Encontro Nacional de Saúde e Cultura, no Rio de Janeiro, com direito a desfile pela Cinelândia.

“Tenho muitos episódios marcantes em minha vida. Uma vez, estava na Baixada Maranhense para um trabalho jornalístico e a lancha em que eu estava partiu ao meio durante a travessia e algumas pessoas morreram. Eu consegui me agarrar numa pedra e ali fiquei por mais de 24 horas, aguardando resgate. Quando criança, eu sobrevivi também a um quase naufrágio de barco, numa viagem para Viana, terra de meu pai”, recorda Cabeça Branca.

Toadas - O mestre tem toadas gravadas em CDs e DVDs do Boi de Maracanã e chegou a participar de gravações da novela “Lado a Lado”, da Rede Globo. O apelido, “Cabeça Branca”, foi dado justamente pelo Mestre Humberto Barbosa Mendes, o Humberto de Maracanã, ícone da cultura maranhense. Até hoje, ele participa da festa “Reis de Alecrim”, em Maracanã. No São João, além do Boi de Maracanã, ele participa do espetáculo “Folias Juninas”, do grupo Os Foliões.

Seu Waldete tem uma paixão. “Sou apaixonado pelos casarões e telhados de São Luís. Acordo todo dia cedo para ver os primeiros raios de Sol nos azulejos do grande casarão em frente à minha casa, na qual viveu a família do empresário João Lélis, dono da famosa vidraçaria João Lélis. Minha vida sempre foi marcada por muita simplicidade. Cresci nas brincadeiras infantis com os amigos da minha comunidade: bola de papel, de meia, bola de gude, papagaio, pipa, corrida, pião na calçada. São coisas que você nunca esquece”, lembra.

Em 2018, ele participou da entrega do Prêmio Excelência e Qualidade Cultural do Brasil, da Associação Brasileira de Liderança, entregue ao bloco tradicional Os Foliões, em cerimônia realizada no Clube Sírio Libanês, em São Paulo.

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