Coronavírus

AA tem reuniões virtuais por causa da pandemia

Em São Luís, as reuniões do Alcoólicos Anônimos são em espaços como a Igreja N. Sra. da Vitória

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Reuniões presenciais foram substituídas, por enquanto, pelas virtuais
Reuniões presenciais foram substituídas, por enquanto, pelas virtuais (Alcoólicos Anônimos)

São Luís - A pandemia do novo coronavírus, além de modificar a rotina dos comércios e das aulas nas escolas, também está alterando outros contextos, que estão mais ligados às dependências física e psicológica. É o caso dos alcoólatras, que estão sofrendo nesse período da Covid-19 devido à limitação das reuniões que frequentavam para tentar se livrar do vício. Em virtude do cenário, os encontros da irmandade Alcoólicos Anônimos (A.A.) estão sendo virtuais na capital maranhense, para evitar aglomeração.

No início, alguns grupos de A.A. consideraram a possibilidade de fazer algumas alterações nos procedimentos normais de suas reuniões. Isso incluía, de acordo com a Junta de Serviços Gerais de A.A. do Brasil (Junaab).), alguns condutas, como evitar apertar e segurar as mãos nos encontros e garantir que as mesas e cadeiras estivessem desinfectadas, para matar o vírus. Também foi solicitada a suspensão temporária da cortesia de alimentos durante as sessões.

Caso não fosse possível a reunião presencial, foram cogitados planos de contingência, que abrangia uma lista de contatos, para que o diálogo fosse por telefone, e-mail ou mídia social. Além dos encontros por videoconferência ou on-line, como está sendo realizado nessa época de pandemia não apenas no Maranhão, como nos demais estados brasileiros.

Em São Luís, os encontros acontecem em vários locais, como na Igreja Nossa Senhora da Vitória, no Outeiro da Cruz, e no Centro de Ensino Doutor João Bacelar Portela, na Vila Ivar Saldanha.

Medo de recaída
Para quem estava acostumado com as reuniões presenciais, o impacto das mudanças foi muito grande. É o caso de um pedreiro entrevistado por O Estado, que mora no bairro Redenção, na capital, e revelou que a vontade de beber surge de vez em quando, mas ainda não teve recaída. Ele comentou que já deu muito trabalho para sua família por causa do alcoolismo, mas, depois que procurou ajuda com o Alcoólicos Anônimos, sua vida se transformou.

“Para quem não tem o hábito de mexer em rede social, como eu, está sendo difícil acompanhar as reuniões virtuais. Eu tive que me adaptar, mas com a ajuda da minha filha, que sabe usar essas coisas. O lado bom é que não foram cancelados os encontros, apesar dessa mudança. Eu não bebo há oito meses. Estou sendo muito forte”, declarou o pedreiro, que tem 49 anos. Ele frisou que sente muita ansiedade, uma angústia que causa inquietação quando está em casa.

O pedreiro contou que participa das reuniões pelo WhatsApp, mas não todos os dias, pois há momentos em que está muito cansado, sobretudo quando trabalha em obras da construção civil. Atualmente, ele está atuando no levantamento do segundo andar de uma residência no bairro Coroado, em São Luís.

Reuniões a distância
Devido à pandemia, a irmandade teve que suspender as reuniões em um sem número de Grupos e Órgãos de Serviços por todo o País, de acordo com o Alcoólicos Anônimos do Brasil. Houve várias iniciativas para realizar os encontros remotamente, o que culminou em experiências diversas. A Junta de Serviços Gerais de A.A. do Brasil fez determinações para que fossem adotadas medidas durante a quarentena ou outra forma de distanciamento social.

“Nós, enquanto junta de serviços, tivemos que adotar algumas medidas para minimizar os impactos de tudo isso que estamos vivenciando. Adiamos a nossa Convenção Nacional para setembro. Mudamos também a data da nossa Conferência Nacional de Serviços Gerais. Colocamos os funcionários do escritório de férias. Instituímos as reuniões a distância”, disse Camila Batista Ribeiro de Sene, presidente da Junaab. Segundo ela, foi desenvolvido um manual, que foi emitido por meio de uma circular.

Esse manual está servindo para cada distrito dos Alcoólicos Anônimos, como no Maranhão, para que desenvolvessem as reuniões virtuais. “É importante para que possamos fomentar a nossa autossuficiência nesse período. Eu venho pedir que possamos unir o espiritual ao material. Cada grupo vai encontrar sua forma de estabelecer isso”, pontuou Camila Ribeiro.

SAIBA MAIS

A.A. no Maranhão
Segundo o Grupo Central de A.A., o Alcoólicos Anônimos chegou ao Maranhão por intermédio do vendedor carioca conhecido como “Carvalhinho”, que se hospedava no antigo Hotel Central, na capital. Ao conversar com a arrumadeira Estelita, ele ficou sabendo que o genro dela, o sapateiro nome Magno, estava em situação de dependência alcoólica, que causava diversos problemas, tanto afetivos como profissionais, em sua vida.

Então, “Carvalhinho” e Magno promoveram a primeira reunião dos Alcoólicos Anônimos em São Luís, fato ocorrido no dia 3 de janeiro de 1957, na Loja Maçônica Beckman, na Rua das Flores, Centro da cidade. Desse encontro, que teve a participação de 17 pessoas, resultou a fundação do Grupo Central de A.A., classificado com o terceiro do Brasil.

No início, o Grupo Central funcionava na casa de Magno, mas, depois, as reuniões passaram a acontecer na Igreja de São João, em 1974. Já em 1977, surgiu o segundo grupo dos Alcoólicos Anônimos no Maranhão, intitulado Grupo Esperança de Fátima. No interior maranhense, os primeiros grupos de A.A. apareceram somente na década de 1980.

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