"Mesmo com medo de ir/ Quando percebo me entrego/Já fui". A estrofe compõe o refrão de "Feitos de Luz", primeira faixa de Frequência Rara Ao Vivo, de Dani Black. O trabalho do cantor e compositor paulista reflete um novo momento de sua carreira e expressa, em uma narrativa espontânea e emocional, um encontro íntimo com a própria existência. Gravado em um show feito em 2019, no Tucarena, em São Paulo, o registro audiovisual dirigido por Rafael Kent já está disponível no YouTube e nos aplicativos de música. Ainda neste ano, ele lança o álbum de estúdio Frequência Rara, criando um grande projeto que dialoga e se complementa.
Com 13 faixas, entre inéditas e sucessos de álbuns anteriores, Frequência Rara Ao Vivo faz um convite para um mergulho de entrega nos próprios sentimentos e vivências. A canção de abertura chega com groove. Ela traz a síntese desta imersão, que é marcada pela mistura de leveza e força. "O registro ao vivo tem uma sonoridade mais para fora, mas mesmo as canções mais expansivas abordam o universo de dentro, esse que quer compreender do que nós somos feitos", conta Dani Black.
Numa viagem em si mesmo, o encontro toca em estruturas sensíveis e mais sombrias ao questionar percepções que são representadas por "Rancor", terceira faixa da tracklist e responsável por explorar um ponto mais denso. "Esperando você chegar", por sua vez, surgiu em uma tacada só de inspiração, durante uma passagem de som. Bem-humorada, foi feita como nasce um improviso.
O rap se faz presente em "Temor Estranho" devido à participação de Fabio Brazza. Trata-se de uma canção que visa as responsabilidades e construções interiores, embalada por uma pegada forte que flerta com o rock and roll.
Em um momento voz e violão, "O Que Você Criou" completa a reflexão de que estamos criando a nossa vivência a todo instante a partir das nossas perspectivas e relações com o mundo. Mote ao longo de todo o show, a coloração interna ganha leveza em canções como "Você Sorrindo". “Ela é simples. Desenvolve-se cheia de relevos sonoros pra falar de um simples encantamento por um sorriso. E comemora a beleza disso.” explica o artista.
Essa doçura e delicadeza também são a tônica de "Ser Amado". Esta música, com participação especial de Mariana Nolasco, coroa e concilia a simplicidade e a profundidade do amor. “Não tem que ser complicado. Só ser amado e amar”, diz a canção. O sentimento pelo outro, de modo mais atrevido, também é marca de "Ú". Esta última citada, "Areia", "Seu Gosto", "Só Sorriso" e "Linha Tênue" são originalmente do elogiado disco Dilúvio, lançado por Dani Black em 2015. Aqui, ganharam um novo e singular registro com a participação calorosa do público.
Ao lado de Maria Gadú, apresentou acappella "Bem Mais". "O sentimento quando gravamos é de que tudo ali se despiu. Era eu e ela, só olhos nos olhos, a dança dos corpos. Ambos entregues para conversar sobre aquilo que estava sendo cantado. Nossa intimidade e conexão é fácil. Natural.", finaliza Dani.
O cantor e compositor lista em sua discografia: Dani Black (2011), o EP SP Ao Vivo (2013) e Dilúvio (2015).
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