COLUNA SOCIAL

Pergentino Holanda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
UMA DAS poucas imagens que guardo do grande profissional que foi o fotógrafo Valdo Melo
UMA DAS poucas imagens que guardo do grande profissional que foi o fotógrafo Valdo Melo

Dói muito lembrar dos amigos
1 Memória é o que você lembra de maneira nítida e inequívoca de um fato passado. Uma criança ao sol, seus pés descalços sobre o pedregulho, um pequeno vapor cruzando o rio, um adeus na plataforma do trem.
Ficção é quando você escolhe as palavras para resgatar esse fato. Não tem escapatória: na hora de contar, é a sua versão que domina, farol em meio à neblina do Tempo. E o acontecimento, por ter sumido, se esvanecido logo depois de acontecer, ficará sempre
inacessível.
Ficção, nesse caso, é imaginar o que realmente aconteceu.

2 Há histórias escritas que se aproximam dos fatos, tanto, que a tua versão se sintoniza com a versão de muitos outros. Outras que
alçam vôo e causam espanto aos que conhecem o que chamam de "verdadeira história".
O segredo é fazer com que a ficção tenha vida própria e se debruce sobre a memória como quem tem a chave de um tesouro.
Todos têm direito a dizer como foi. A narração é livre, como um potro criado fora do curral. É assim que memória e literatura se abraçam para costurar as abas soltas do tempo.

3 Uma redação é feita de fotógrafos, que sentam sobre as mesas afastando teclados, a querer provar que nosso ofício é moleza, basta ficar na cozinha a batucar o que nos vem na telha.
Por absoluto desprezo ao mundo das letras é que eles jamais identificam as fotos. Gostam mesmo é de fazer corpo mole, dizer que tudo já existe no arquivo, nas agências, nos bancos de dados.
E que pauta boa é a que inclui viagem e diárias e que no fundo esta é uma vida provisória e estão mesmo é montando um negócio fora do jornal.

4 Os fotógrafos chegavam com seus coletes à prova de bala, protuberâncias suspeitas, guarda-chuvas portáteis de alumínio, lentes e
refletores, e sentem falta dos tubinhos de plástico preto com tampa, que não guardavam apenas filmes.
Andavam meio de lado, porque precisavam de um arsenal para produzir essas coisas que tomam conta do espaço destinado às
letrinhas.
Com a pandemia da imagem permitida pelas câmaras digitais, eles acabaram cumprindo suas ameaças e hoje estão oficialmente em frente ao mar, mas basta chegar num restaurante lotado e lá encontramos algum deles falando sobre mais um megaprojeto.
Já nos acostumamos imaginá-los perdidos nos ermos do sossego.

5 Quando comecei a trabalhar em jornal me acostumei a vê-los nos laboratórios, mas como são feras, jamais se restringiram ao mundo que escolheram.
Queríamos confiná-los em espaços reduzidos, impedir que abrissem demais as fotos, mas como são completamente loucos, chegam
diante do diretor de redação com um clic que demole dez quilômetros de texto.
Os fotógrafos sobram e tomam conta do noticiário com o olho doentio que enxerga o que jamais notamos ao vivo, e que depois nos
impactam por uma verdade que precisava deles para ser notada.

6 A realidade não precisa de nós, os escribas, precisa dos fotógrafos. Eles têm mais poder do que um presidente com acesso aos segredos nucleares. Por isso foram extintos em sua maioria, aposentados à força, empurrados para os relatórios de luxo,
para os patrocínios ambientais e industriais.
Eles eram presença excessiva nas redações, que os expulsaram.
Ao jogá-los fora, o que entendíamos por redação foi junto. Hoje os fotógrafos sobrevivem como um punhado de bravos, porque não
existem mais aqueles departamentos com cheiro de química e vazios de fotógrafos, que se aglomeravam todos ao redor dos repórteres, editores e principalmente, das mãos femininas que possuíam mais talento do que qualquer estrela da equipe.

7 A raça não some porque não se rende. Quando menos se espera, lá surgem eles aumentando a lista impossível de ser citada na íntegra.
Grande profissional dos anos 1970-1980, o cearense Valdo Melo era capaz de debulhar um assunto em cem mil fotos, dilacerando a escolha na hora de uma capa.
Ele era um profissional que jogava pesado e não admitia rejeição de nenhuma espécie. Se sentia o centro do noticiário e acreditava na máxima de que os pixels superam o alfabeto.

8 Fotógrafos como Valdo Melo optaram pela imagem porque alguém precisava fazer o serviço. No fundo, gostariam mesmo é de nos
provar que as palavras não são nossa exclusividade e que podem fazer com elas o que costumam aprontar visualmente.
Só não gostariam de ficar suando em coisas obsoletas como um lead. Contariam sua versão do jeito que gostam: com aquele ar superior dos artistas bem resolvidos, mal sabendo eles que nós é que somos os retratistas dos fatos.
Esse é um conflito que se resolve numa viagem, com boas diárias, como as de antigamente. É quando temos a chance de nos afastar das redações, que nos confinam, e nos aproximar da nossa humanidade completa, que é invisível a olho nu, mas não para essas pessoas que empunham a câmara como quem roubam a alma.

9 Valdo Melo era assim. Um profissional que fez história. Virou lenda. E ontem, foi encontrado morto, na solidão do refúgio que
escolheu para ficar longe desse ambiente que um dia o fascinou, mas que depois relegou e que deve ter guardado apenas na memória.
Há alguns anos ficou distante dos amigos que o estimavam muito. Foi um afastamento voluntário.
Dele, fica agora uma enorme saudade. Sobretudo naqueles que, como este Repórter PH, dividiram grandes momentos e grandes emoções com esse grande profissional.

Serenata
Não será surpresa se a Prefeitura de São Luis decidir levar para as janelas as famosas serenatas que atraiam muita gente no centro da cidade.
O projeto passaria a ser denominado Serenata na Janela, uma forma de manter a tradição das serenatas, que foram cancelados por conta da pandemia do coronavírus.
Obedecendo a orientações das autoridades de saúde, o show seria realizado de forma virtual e seria acompanhado nas redes sociais.

Colapso
Preocupados diante das incertezas, os secretários estaduais da Fazenda, acreditam na possibilidade de colapso, se nada mudar no curto prazo.
Para alguns especialistas em economia, as finanças dos Estados, em especial daqueles de maior arrecadação de ICMS, irão
colapsar, com atrasos em massa de salários e interrupção de serviços.
Além da necessidade de recomposição de parte das perdas, há de se pensar em dois elementos fundamentais: urgência e liquidez.
de longo prazo ou critérios focados apenas na população dos Estados não atendem à nossa região.
As perdas de arrecadação têm, também, potencial para deteriorar as finanças dos municípios, com efeitos em cadeia em todo o setor público.

Em alta
Não são apenas os segmentos de venda de alimentos e produtos de higiene que têm se beneficiado da crise.
O aumento das compras online provocou um crescimento de quase 30% no volume diário de encomendas transportadas no
Estado em abril, em relação a março.
Especializada em entregas de itens leves, registram que o maior volume foi nos setores de bebidas, vestuário e calçados.
No mercado nacional, a alta foi ainda maior, de 160% na comparação mensal, só comparável aos períodos de Black Friday e Natal.

Direitos Humanos
“Políticas de Direitos Humanos em Tempos de Pandemia” foi o tema da live proposta pelo Instituto Florence de Ensino Superior e apresentada ontem à noite.
O convidado especial foi o secretário estadual de Direitos Humanos, Francisco Gonçalves, também professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e um dos mais competentes docentes da área de Comunicação no estado.
A live foi transmitida por meio do perfil do Instagram da instituição. A iniciativa foi da Coordenação do Curso de
Direito.

Volta do cipó
Políticos se queixam de que nestes tempos de pandemia sites usam fotos antigas com eles rodeados de gente sorridente e sem máscara, como se estivessem quebrando o isolamento, mas um atento leitor desta coluna, muito experiente na convivência com políticos, diz que eles próprios são culpados porque suas assessorias só distribuem alegria. Nada de cuidados especiais. Ou seja, o que era amores virou odores.

DE RELANCE
Mensagens virais

Plataforma que abriga grupos que disseminam mensagens falsas em todo o mundo, o WhatsApp anunciou que houve redução em 70% do número de mensagens frequentemente encaminhadas. No começo do mês, a empresa atualizou o aplicativo limitando o reenvio de
conteúdos populares para um contato por vez. Antes, uma mensagem retransmitida diversas vezes podia ser repassada pelo usuário para até cinco pessoas ou grupos.

Mensagens virais 2
No assunto: o objetivo, segundo o WhatsApp, é combatera desinformação e reforçar o caráter privado e pessoal da plataforma. Durante a pandemia do coronavírus, o aplicativo tem sido um dos principais canais de disseminação de notícias falsas. Mais da metade dassugestões enviadas ao site do Comprova, coalizão que reúne 24 veículos de imprensa na checagem de conteúdos sobre coronavírus, é de informações que circulam no WhatsApp.

Colapso financeiro
Os governos estaduais alertam que o socorro da União não pode ser feito com base no Fundo de Participação dos Estados, pois acabaria levando a um colapso financeiro. Poressa regra, os Estados com maior renda per capita (Sul e Sudeste) receberiam menos do que os do Norte.

Impacto no setor de eventos
Necessário para a contenção do avanço do coronavírus, o isolamento social impactou severamente os negócios de eventos no país. Pesquisa do Sebrae, em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc) e a União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe), realizada entre 14 e 22 de abril, mostra que a pandemia
impactou 98% das empresas do segmento.

Muitos eventos cancelados
Tem mais: para driblar os efeitos da crise, 35% dos empresários ouvidos negociaram crédito para realizar os eventos cancelados futuramente. A maior parte das empresas colocou seus funcionários para trabalhar on-line, enquanto outras deram férias. Segundo o levantamento,que ouviu 2.702 empresas, 98% delas foram impactadas pela pandemia do coronavírus – com uma média de 12
eventos cancelados por empresa.

Efeitos dos cancelamentos
Mesmo diante desse cenário, 51% das empresas optarampelo trabalho on-line e 33% deram férias aos trabalhadores, enquanto 43% dispensaram funcionários. De acordo com os entrevistados, 64% não pretendem fazer dispensas nos próximos três meses. “O setor de eventos atua sempre em cadeia, são muitos fornecedores envolvidos. Assim, cada evento cancelado impacta pelo menos outras 10 empresas”, analisa o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Soluções para sobreviver
Entre as soluções encontradas para sobreviver ao momento está a renegociação de contratos e fornecedores (53%), corte de custos com insumos e matérias-primas (50%), redução de custos com as concessionárias de energia e água (20%). Conforme o estudo, 54% das empresas tomaram algumamedida em relação aos terceirizados. As principais foram a redução de horas e valores pagos e o cancelamento ou suspensão de contratos.

Lembrando Beth Carvalho
O último dia de abril marcou um ano sem Beth Carvalho.
Para recordar a Madrinha do Samba, o canal BIS exibiu o documentário Beth Carvalho, de Rafael de Paula Rodrigues. O material foi gravado em 2014 e trouxe depoimentos da cantora. “Eu pertencia à classe média, e ela não estava nem aí para o samba. Não podia ver um pandeiro que eu ia atrás quando criança”, disse Beth, em um dos trechos. Além de apresentações memoráveis, o especial trouxe depoimentos de nomes como Martinho da Vila e Arlindo Cruz.

Para escrever na pedra:
“Samba é uma comédia dramática e romântica de sucesso. A prova, é que o vai fazer rir… com o coração pesado". (Paris Match)

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.