Chuvas

23 municípios já decretaram situação de emergência no Maranhão

Corpo de Bombeiros Militar afirma que, com as chuvas no interior, 12.844 pessoas estão desalojadas e 7.488 estão desabrigadas no estado

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

O período chuvoso possui um comportamento climatológico que beneficia vários setores produtivos, como a agricultura, devido ao crescimento das plantações. No entanto, causa transtornos, como alagamentos e deslizamentos de terra. No Maranhão, devido às fortes e prolongadas chuvas, 23 municípios já decretaram Situação de Emergência em decorrência desses prejuízos, de acordo com informações do Corpo de Bombeiros Militar (CBMMA). Em Vitória do Mearim e outras cidades, a população ribeirinha está sofrendo com as enchentes.

O Corpo de Bombeiros disse que em 26 municípios do Maranhão há registros de famílias afetadas pelas chuvas. Essas cidades são Boa Vista do Gurupi, Conceição do Lago Açu, Grajaú, São João do Sóter, Pedreiras, São Luiz Gonzaga, Trizidela do Vale, Vitória do Mearim, Bom Jardim, Açailândia, Anapurus, Itaipava de Grajaú, Carutapera e Nina Rodrigues. Além de Codó, Imperatriz, Jenipapo dos Vieiras, Pindaré-Mirim, Bacabal, Alto Alegre do Pindaré, Formosa da Serra Negra, Arari, Brejo, Duque Bacelar, Pio XII e São Mateus.

Desalojados e desabrigados

Conforme o Corpo de Bombeiros, as chuvas deste já provocaram o desalojamento de 12.844 pessoas no estado. Além disso, o período resultou em 7.488 desabrigados. Outras 74.869 foram afetadas pela estação chuvosa de outras formas. Uma das cidades atingidas é Vitória do Mearim, que possui um histórico de enchentes. Várias famílias saem de suas casas devido ao problema, que deixa centenas de pessoas desabrigadas. A situação ocorre devido à subida do nível das águas do Rio Mearim, por conta do volume chuvoso.

A invasão da água fluvial deixa ruas e estradas totalmente intrafegáveis, o que atinge até mesmo o escoamento agrícola. No ano passado, a Prefeitura de Vitória do Mearim, assim como está acontecendo em 2020, decretou Situação de Emergência. Segundo o CBMMA, o órgão auxilia as Coordenadorias Municipais de Defesa Civil no processo de retirada das famílias dos locais de riscos, no trabalho de acomodação destas em abrigos temporários e também na distribuição de cestas básicas aos afetados.

Importante dizer que, de acordo com o governo federal, o desalojamento acontece quando a pessoa é obrigada a abandonar temporariamente ou definitivamente sua habitação, devido a evacuações preventivas, destruição ou avaria grave. Já o desabrigado é aquele cujo imóvel foi afetado por dano ou ameaça de dano e que necessita de abrigo provido pelo poder público.

Período chuvoso

De acordo com o Laboratório de Meteorologia (Labmet), do Núcleo Geambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) influencia na estação chuvosa no estado. O que chama atenção é a quantidade de raios que acompanham a queda d’água. Conforme o meteorologista Marcio Eloi, a ZCIT se aproxima bastante do litoral maranhense, o que gera os temporais. Com esse fenômeno, as denominadas “nuvens de tempestades” resultam em descargas elétricas no céu.

“Essas nuvens são chamadas de cumulonimbus, que são as únicas do planeta que causam raios e trovões. Acontece um conglomerado dessas nuvens, que geram descargas elétricas o tempo todo. Por isso que as chuvas que caem em São Luís nessa época do ano são repletas de raios”, esclareceu o meteorologista da Uema. Ainda segundo Marcio Eloi, historicamente, o mês de abril era o mais chuvoso na capital, mas, nos últimos anos, está sendo março.

Saiba Mais

Bacia do Mearim

A bacia do Rio Mearim é uma das principais em extensão territorial no estado do Maranhão e possui uma forte influência nos municípios da região centro-norte maranhense. De acordo com trabalho acadêmico intitulado “Catástrofes Naturais no Estado do Maranhão: Municípios afetados pelas enchentes do rio Mearim”, de Andreza dos Santos Louzeiro e Nayara Marques Santos, o rio possui um extenso histórico de enchentes e inundações nos períodos de chuva, o que afeta os municípios que o circundam.

No trabalho, os autores mencionam que o período de janeiro a julho concentra a maior pluviosidade sendo registradas as médias pluviométricas mais altas do ano que, consequentemente, acarreta as maiores ocorrências de enxurradas, enchentes e desabamentos em todo o Estado, causando consideráveis danos à população. “Além da alta pluviosidade, outro fator preponderante para a incidência desses eventos é o crescimento populacional desordenado, o que faz com que a população ocupe áreas vulneráveis a acidentes sem se preocupar com a falta de infraestrutura do local”, frisam.

Além disso, o constante desmatamento empobrece o solo e aumenta o volume das águas fluviais com mais intensidade neste período.

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