COLUNA SOCIAL

Pergentino Holanda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
DUAS GRANDES lideranças empresariais do Maranhão unidas neste momento de pandemia e isolamento social: Cristiano Barroso Fernandes (presidente da Associação Comercial do Maranhão) e Edilson Baldez das Neves (presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão – Fiema)
DUAS GRANDES lideranças empresariais do Maranhão unidas neste momento de pandemia e isolamento social: Cristiano Barroso Fernandes (presidente da Associação Comercial do Maranhão) e Edilson Baldez das Neves (presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão – Fiema)
ENCONTRO de amigos na Oak Wine, um dos lugares mais charmosos da gastronomia de São Luís: Ana Lúcia e Mauro Fecury com o Repórter PH
ENCONTRO de amigos na Oak Wine, um dos lugares mais charmosos da gastronomia de São Luís: Ana Lúcia e Mauro Fecury com o Repórter PH

Permaneça em casa
A Sexta-feira Santa deste ano foi diferente, sem as tradicionais procissões, em São Luís. Não houve missas presenciais nas igrejas, as cruzes não circularam nas ruas, nem tivemos grandes reuniões familiares à volta de mesas fartas. Foi, também, um feriado em que se feznecessário revogar o costume de viajar para visitar parentes e amigos. Foi um momento de ficar em casa.
A Sexta-feira da Paixão, por outro lado,foi – e é sempre – uma oportunidade para reflexão. Diante do desafio posto pela
pandemia do novo coronavírus, nãoapenas para os católicos, mas para os seguidores de todas as religiões.
Seguir em casa, diante da crise sanitáriaque testa a resiliência do mundo, continua sendo um dos maiores atos de empatia, ao
lado de ajudar os mais necessitados. Permanecer em casa significa proteger a si mesmo e diminuir as chances de mais pessoas serem contaminadas pelo vírus. É uma atitude de responsabilidade e solidariedade, que se aferra aos mais profundos valores religiosos e da civilização.

Permaneça em casa2
O Maranhão e suas principais cidades parecem estar conseguindo conter o tsunami de infecções, internações e mortes.
Para os desavisados, essa aparentesituação sob controle pode ser um incentivo para relaxar a determinação de continuar seguindo as orientações das autoridades de saúde e sair às ruas em situações que não sejam absolutamente necessárias.
Mas é preciso ter em mente que estequadro que hoje não é tão dramático como o observado em outras cidades do mundo só
está sendo possível exatamente porque amaioria da população maranhense está se guiando pelas regras de distanciamento social.

Permaneça em casa 3
A decisão tomada no feriadão tem reflexos nas semanas que virão, para o bem e para o mal. Ficar em casa não significou perder o contato com as pessoas mais próximas. O momento apenas exigiu – e continua a exigir – a substituição do contato pessoal pelo virtual, para levar ereceber palavras de carinho.
É preciso permanecer resguardado e só se deslocar em casos de máxima necessidade, um gesto que exige pouco diante dos enormes prejuízos individuais ecoletivos que a burla a esta regra agora básica pode acarretar.
Depois da Sexta-feira Santa, que remete a sacrifícios, veio a Páscoa, que carrega o significado do renascimento. Um símbolo
e uma certeza de que todas as angústias atuais vão passar.
Será tudo mais rápido se seguirmos em casa.

E a volta, como será?
Situação número 1: “Vá para casa! – Não vou!”; Situação número 2: “Saia de casa! – Não quero!”.
Até o momento, o estado de emergência foi decretado no Maranhão para fazer face à situação número 1. De um modo geral, está sendo bastante eficaz. Os maranhenses e os que aqui moram foram para casa e mantêm-se em casa.
Vai ser interessante verificar se o estado de emergência terá também de ser decretado para fazer face à situação número 2.
Ou seja, apurar até que ponto as pessoas que abraçaram com grande empenho as medidas de contingência estarão agora disponíveis para voltar a trabalhar a partir de maio, quando o vírus estiver ainda circulando nas nossas ruas e a ameaçar as nossas vidas.
Esse vai ser o novo grande desafio do governo – e é bem possível que seja ainda mais árduo do que o primeiro.
O governador Flávio Dino será obrigado, muito em breve, a enfrentar ao mesmo tempo a pandemia do vírus e a pandemia do medo do vírus, que afeta muita gente, e com razões de sobra.

Notas do mesmo assunto
Mudez, paralisia, falta de linguagem para contar o cotidiano “insidioso” que invadiu o espaço mais íntimo das pessoas. Das suas casas, os escritores olham a rua e veem nela um momento histórico que transformou o banal num abismo que está para ser contado.
Talvez daqui a 50 anos. Agora todos os escritores do mundo tomam notas sobre o mesmo assunto. No papel ou notas mentais. O
grande romance terá de esperar.

TRIVIAL VARIADO
As datas comemorativas ao longo do primeiro semestre deste ano, ao que tudo faz crer, serão altamente impactadas pela crise do
novo coronavírus. As vendas da Páscoa caíram como nunca. O Dia das Mães deve seguir a mesma tendência.

No capítulo: o setor de vestuário, que é o mais procurado no evento de maio, tende a estar com suas atividades, no mínimo, funcionando parcialmente. É a projeção que fazem os empresários do setor.

Em tempo: se os festejos juninos forem cancelados, deve provocar outra grande retração nas vendas, especificamente nos setores mais ligados à data festiva, como supermercados e vestuário (roupas, calçados, acessórios, entre outros)...

Em busca de um porto seguro: empresários não param de enviar mensagens a economistas e ficam à espera de um manual de sobrevivência em alto mar.

Surpresa do ano: o Aliança pelo Brasil do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores não conseguiu apresentar as 492 mil assinaturas necessárias para o registro. O prazo terminou no sábado, dia 4.

Em tempo: a coordenação do futuro partido diz que houve a coleta de mais de 1 milhão de apoios, mas apenas uma pequena
parte chegou a ser validada pela Justiça Eleitoral.

Pela primeira vez, um medicamento rompeu o ambiente científico para entrar no debate político. É tão intenso o interesse que alunos de Farmácia vão escolher a cloroquina como tema de seus trabalhos de conclusão do curso.

Difícil segurar: a ordem de confinamento vai terminar como desfile de escola de samba. Ou seja: na dispersão.

Para diminuir os impactos gerados pela diminuição da receita familiar, provocada pela pandemia do coronavírus, centenas de colaboradores do Maracap receberam na semana passada mais de cinco toneladas de gêneros alimentícios doados pela direção da
empresa.

DE RELANCE
Lamento de um poeta

É comovente o lamento de Carpinejar, grande poeta e cronista gaúcho. Diz ele: com o isolamento provocado pelo coronavírus, a maior privação é a proibição para se despedir de um amigo, a incapacidade de comparecer a um enterro. E vai fundo: Dói não completar o
luto com os próprios olhos. Dói não poder acenar a alguém com quem nunca mais se encontrará na vida. Dói não poder sussurrar as últimas palavras. Dói não poder agradecer a amizade.

Lamento de um poeta 2
Carpinejar lamenta mais: dói não poder estranhar aquele rosto magro e pálido na porta de vidro, o corpo encolhido do fim, absolutamente irreconhecível, e comentar que não é a mesma pessoa. Dói não poder encomendar a alma no papel de seda das lágrimas. Dói não poder homenagear a saudade com o traje escuro. Dói não ter poder nenhum de determinar o adeus.

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Continua Carpinejar: o vírus não vem roubando apenas a nossa presença, vem profanando valiosas e definitivas ausências. Não existe desonra igualmente funda, remorso igualmente agudo quanto o de faltar no velóriorio de um ente querido e marcante. Nem a morte é poupada da quarentena, nem ela recebe uma trégua, um salvoconduto, uma licença para ir e vir.

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Os enterros – lamenta Carpinejar – estão cada vez mais vazios, as ruas dos cemitérios cada vez mais cinzentas. Sobram coroas de flores, escasseiam testemunhas para arremessar pétalas à sepultura. Não há fila indiana seguindo os féretros. Não há procissão para extravasar o quanto o defunto fora amado. O coveiro estará sozinho tanto quanto o morto. Não contaremos com nenhuma possibilidade depois de voltar no tempo. É mais um agora extinto dentro de nossa impotência.

Houve conivência sim
O governo federal ainda não teve tempo para calcular com precisão o total de despesas necessárias para salvar vidas. Antes da pandemia, a dívida com a emissão de títulos públicos estava em 4 trilhões e 250 bilhões de reais. Só para comparar: em abril de 1996, o valor era de 187 bilhões de reais. Chega a ser difícil acreditar que os governos tenham permitido a disparada em 24 anos. Contaram com a conivência do Congresso Nacional.

Os que pagam a conta
Por muitos anos, o crescimento do débito foi varrido para baixo do tapete. Chega o momento de removê-lo e conhecer tudo. Não haveria exagero na criação do Ministério da Dívida Pública, tendo a participação de amplas representações da população. Garantiria transparência que inexiste, funcionando como filtro para futuros comprometimentos.

Nordeste forte
Em reunião da Associação Nordeste Forte em videoconferência realizada na última quinta-feira, com a participação do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), Edilson Baldez das Neves, o ministro da Economia, Paulo Guedes apresentou o pacote econômico acionado pelo governo federal de enfrentamento a crise de saúde e para estimular a economia que pode chegar a R$ 1 trilhão. Baldez solicitou a Guedes redução da burocracia, investimentos em infraestrutura e maior entrosamento entre os entes federativos.

Projetos esgotados
Os resultados das eleições municipais determinarão os rumos da reforma partidária. As atuais siglas se tornaram uma sopa de letrinhas. Alianças incoerentes desgastaram a credibilidade da maioria. As linhas programáticas perderam consistência e se confundem. A pauta de discussões precisa mudar. Há um vazio de projetos e de convicções que condenam o país.

Para escrever na pedra:
“A comédia e a tragédia são alma do mesmo ser. A primeira faz-nos rir. A segunda, entristecer”. Verso de um poeta português de nome João Patrício, escrito numa parede de Lisboa.

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