Entrevista

"País vive uma crise institucional sem precedentes", diz José Sarney

Ao jornalista da GloboNews, Roberto D''Ávila, ex-presidente comentou o atual momento do país e criticou recente atitude do presidente da República, Jair Bolsonaro, de participar de manifestação

Thiago Bastos/ Da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
José Sarney criticou o presidente Jair Bolsonaro por “mau exemplo”
José Sarney criticou o presidente Jair Bolsonaro por “mau exemplo” (josé Sarney)

O ex-presidente da República, José Sarney, disse ao jornalista Roberto D’Ávila, em entrevista exibida pelo canal GloboNews que o Brasil vive uma crise institucional sem precedentes. Sarney citou, por exemplo, a politização do Poder Judiciário e a desfiguração nos atributos do Poder Legislativo. Ele pediu união às diferentes correntes ideológicas para retirar o país do que chamou de “labirinto”.

Sarney afirmou que, na atual conjuntura, não há solução para a pacificação nacional. “Atualmente, estamos vivendo sem saber ao certo o que esse momento para o país representa. Nós estamos em meio a um labirinto, não sabemos a saída e como vamos sair. Várias crises estão superpostas, com excesso. Externas, das instituições e de outros entes. Institucionalmente, o país vive uma crise sem precedentes. Os poderes da República estão trincados”, disse.

Ao relembrar o histórico político, o ex-presidente citou a sua postura enquanto chefe de Estado. Para ele, é preciso que os gestores de hoje deixem as diferenças políticas de lado. “O país precisa de União. Quem é eleito precisa unificar as forças. A divisão do país é péssima. A casa dividida não prospera”, disse.

Sarney frisou, na entrevista, a importância do Legislativo para a boa governança do Executivo. Segundo ele, a pulverização de partidos políticos no país criou uma espécie de vácuo nas discussões sobre o centro do poder.

“Na medida em que você tem vários partidos políticos, o Brasil não tem nenhum. Quanto a governar, não é possível se fazer isso sem partido. A boa gestão precisa de programas e, para isso, é preciso maioria na Casa Legislativa para a aprovação das medidas”, afirmou.
O ex-presidente citou, por exemplo, Deodoro da Fonseca (primeiro presidente da era republicana) para frisar o papel do parlamento na gestão do país.

Sobre o sistema de governo, Sarney voltou a defender o parlamentarismo. Para ele, trata-se da forma mais consensual de gestão e a que consegue abranger diferentes correntes de pensamento político.

“O parlamentarismo é uma necessidade para o Brasil. Tivemos uma boa experiência no Império, assegurou a unidade brasileira, a proteção do território. Eu mesmo apresentei projetos em prol do parlamentarismo, em prol do voto distrital”, afirmou. Sarney também disse ser contra o voto proporcional adotado no país.

Crítica
O ex-presidente teceu críticas ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro que, no domingo, 15, cumprimentou simpatizantes em Brasília, em meio à pandemia do coronavírus. “Não censuro mais antecessores e tampouco quem me sucedeu. Mas estamos vivendo um caso inédito e o presidente Jair Bolsonaro não poderia expor a população diante de uma doença como esta. Ele [presidente] citou isso e fez o contrário do que havia dito. O que fez o Bolsonaro foi um mau exemplo”, criticou.

Atualmente, estamos vivendo sem saber ao certo o que esse momento para o país representa. Nós estamos em meio a um labirinto, não sabemos a saída e como vamos sair”José Sarney, ex-presidente da República

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