Catolicismo

Com reflexão sobre a compaixão, Campanha da Fraternidade é lançada

O lançamento da campanha na capital maranhense ocorreu na sede da Renovação Carismática Católica (RCC), no Angelim, durante missa celebrada por Dom Belisário, arcebispo de São Luís

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Campanha da Fraternidade foi lançada no último sábado
Campanha da Fraternidade foi lançada no último sábado (Campanha da Fraternidade)

SÃO LUÍS- “Fraternidade e Vida: dom e compromisso”. Este é o tema da Campanha da Fraternidade 2020, cujo lema é “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. O lançamento oficial na capital maranhense ocorreu na tarde de sábado, 29, na sede da Renovação Carismática Católica (RCC), no bairro Angelim, em São Luís. O objetivo é conscientizar os cristãos e a sociedade sobre o compromisso para com o próximo, em uma caminhada de evangelização envolvendo não somente a Igreja Católica, como as famílias, a escola e outras instituições, além de empresas.

Na entrevista coletiva que marcou a abertura da campanha, o arcebispo de São Luís, Dom José Belisário da Silva, frisou que, de certa forma, o evento atua em conjunto com a Quaresma, que é o período de 40 dias no qual os católicos realizam a preparação para a Páscoa, considerada a mais importante festa do calendário litúrgico cristão, uma vez que celebra a Ressurreição de Jesus Cristo. Nessa época, a Igreja recomenda três práticas, que são a esmola, a oração e o jejum.

“A esmola é vista no sentido da carência humana. Não é um gesto passageiro e pessoal. Pelo contrário, é solidariedade e luta pela Justiça”, pontuou o arcebispo de São Luís. Conforme Dom Belisário, a oração é um retorno para a nossa transcendência, um momento de louvor a Deus em espírito e verdade. Em outras palavras, é um instante de dedicação à intimidade na forma de silêncio interior. Essa conduta se manifestaria na fraternidade entre os cristãos, o que é fundamental para os objetivos da campanha.

Segundo o arcebispo, o jejum representa muito mais do que um hábito nutricional, uma vez que significa autocontrole, comedimento e equilíbrio emocional. “Está ligado às partilhas dos bens e à justiça. A campanha tem procurado traduzir para o mundo atual essas práticas. Viver a Quaresma é, ao mesmo tempo, viver a Campanha da Fraternidade”, pontuou Dom Belisário.

Um chamado

Também presente na coletiva, o padre Crizantino da Conceição Silva, coordenador arquidiocesano de pastorais, destacou que a Campanha da Fraternidade é, acima de tudo, um chamado, um compromisso de evangelização, por meio da revisão de determinadas condutas do ser humano que causam destruição e deixam o mundo mais instável em todos os aspectos. Ele comentou que uma mudança de postura das pessoas tornaria a vida mais sensata, pois haveria compreensão e compaixão.

“A campanha possui objetivos permanentes. Um deles é o espírito comunitário, um convite forte para a educação em fraternidade, com justiça e amor. A consciência de cada cristão fará a diferença nesse cenário. Por isso é importante refletir com carinho sobre quem somos e onde estamos”, assinalou o padre. O sacerdote enfatizou que a Igreja Católica já trabalha a Campanha da Fraternidade durante o ano, a partir das pastorais, como a da Criança, da Catequese, da Juventude e da Pessoa Idosa.

Segundo observou, na Arquidiocese de São Luís existe um projeto conhecido como “Jovem Guardião”, que é voltado para pessoas que estão em conflito com as leis. Essa ação também se enquadra na tarefa de conscientizar o cristão sobre o que ele deve fazer nas igrejas e nas comunidades. “Por meio desses serviços, a vida é respeitada e cuidada como deveria. São gestos simples, mas que fazem uma diferença enorme”, declarou o padre Crizantino da Conceição Silva.

Missa de abertura

Para marcar o lançamento da Campanha da Fraternidade, foi realizada uma missa na sede da Renovação Carismática Católica, no Angelim. A celebração eucarística foi presidida pelo arcebispo Dom Belisário e reuniu uma grande quantidade de padres que atuam na circunscrição da Arquidiocese de São Luís, que é composta por 15 municípios. Destes, quatro são da região metropolitana, e outros 11 são do interior. No total, são 58 paróquias e 10 foranias, que é um grupo determinado de paróquias dentro de um vicariato (instância de hierarquia inferior às dioceses).

Antes do início da missa, houve apresentação teatral dentro da igreja. Os atores encenaram para mostrar a importância da caridade e compaixão. Os fiéis que estavam na sede da RCC aplaudiram e bateram fotos do que presenciaram. Durante a cerimônia religiosa, foi citada a Irmã Dulce, que foi canonizada no dia 13 de outubro do ano passado. Ela, inclusive, é homenageada na Campanha da Fraternidade 2020 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Irmã Dulce é a primeira mulher nascida no Brasil a se tornar santa. Importante destacar que a Campanha da Fraternidade possui objetivos específicos, que são apresentar o sentido de vida proposto por Jesus nos Evangelhos; propor a compaixão, a ternura e o cuidado como exigências fundamentais da vida para relações sociais mais humanas; fortalecer a cultura do encontro, da fraternidade e a revolução do cuidado como caminhos de superação da indiferença e da violência; promover e defender a vida, desde a fecundação até o seu fim natural, rumo à plenitude; despertar as famílias para a beleza do amor que gera continuamente vida nova; e preparar os cristãos e as comunidades para anunciar, com o testemunho e as ações de mútuo cuidado, a vida plena do Reino de Deus.

Os demais objetivos são criar espaços nas comunidades para que, pelo batismo, pela crisma e pela eucaristia, todos percebam, na fraternidade, a vida como dom e compromisso; despertar os jovens para o dom e a beleza da vida, motivando-lhes o engajamento em ações de cuidado mútuo, especialmente de outros jovens em situação de sofrimento e desesperança; valorizar, divulgar e fortalecer as inúmeras iniciativas já existentes em favor da vida; e cuidar do planeta, nossa Casa Comum, comprometendo-se com a ecologia integral.

Quaresma

A Quaresma é o tempo litúrgico de conversão, por meio do qual a Igreja Católica prepara os fiéis para a grande festa da Páscoa, que é a celebração da ressurreição de Jesus Cristo após a sua crucificação e morte. Nesse período, que contém várias evocações devido à simbologia do número 40, os cristãos são convidados às práticas da esmola, oração e jejum. Na Catedral Metropolitana de São Luís (Igreja da Sé), na região central de São Luís, o 1º Domingo da Quaresma foi marcado por missas e reflexões sobre o comportamento humano com relação à compaixão.

Às 10h de domingo, 1º, houve a primeira missa na Igreja da Sé, que tem como pároco o padre Roney Carvalho. Após os Ritos Iniciais, houve a Acolhida, quando a Santíssima Trindade foi evocada. Os fiéis foram convidados para entrar em comunhão com o projeto de Jesus, para que pudessem superar toda tentação e evitar o pecado. No Ato Penitencial, os irmãos e irmãs refletiram sobre o reconhecimento da culpa, para que recebessem a piedade de Deus. Na Liturgia da Palavra, foi lido um trecho do Livro de Gênesis sobre o sopro que deu origem ao ser humano e à formação de um jardim em Éden.

O Evangelho escolhido foi de São Mateus, em um versículo que discorria sobre a condução de Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Naquele momento, Cristo jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, número que faz uma evocação ao período da Quaresma. Além dessa missa, houve outra às 17h na Catedral Metropolitana de São Luís.

Durante os dias úteis, as missas na Igreja da Sé ocorrem às terças-feiras ao meio-dia, e de quarta-feira a sábado, às 17h30. Importante destacar que a Catedral Metropolitana de São Luís é uma paróquia que engloba três comunidades: a da Sé, do Desterro e a de São Benedito. Esta última é a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que fica nas proximidades da Igreja da Sé.

De acordo com o padre Roney Carvalho, a Quaresma é uma preparação que os cristãos fazem para a celebração da Páscoa. Trata-se de uma prática antiga, dos primórdios da Igreja Católica. A simbologia da passagem de Jesus pelo deserto durante 40 dias incide nesse período. Isso coincide com as palavras de Cristo sobre seus pedidos para que as pessoas se convertam e se comportem com autenticidade, sobretudo no que se refere à caridade, que deve ser algo feito de coração.

“Durante esse período, todas as missas trazem essa mensagem, com ênfase nos três conselhos de Jesus sobre a esmola, a oração e o jejum”, frisou o pároco da Catedral Metropolitana de São Luís. De acordo com o padre, a Quaresma termina na quinta-feira da Semana Santa, mas os quarenta dias se completam, mesmo, no Domingo de Ramos, que, na tradição da Igreja Católica, celebra a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.