Especial

A elite paulistana dos palacetes aos imóveis de alto padrão

Com uma história que se confunde com a da própria cidade, a elite paulistana sempre agitou setor imobiliário de SP

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Com uma história que se confunde com a da própria cidade, a elite paulistana sempre agitou setor imobiliário de SP
Com uma história que se confunde com a da própria cidade, a elite paulistana sempre agitou setor imobiliário de SP (especial imoveis)

O fim do século XIX trouxe um novo status para a cidade de São Paulo. Os abastados cafeicultores passaram a povoar em peso a região, transformando-a em um dos maiores polos produtores do Brasil. Para abrigar suas famílias, pratarias e dezenas de criados, esses “barões do café” construíram palacetes para sua moradia.

Com inspiração européia em áreas muito grandes, muitas desses palacetes situavam-se na região da Avenida Paulista. O objetivo dessas construções monumentais era a ostentação, serviam para que a riqueza de seus donos fosse admirada por outros membros da sociedade paulistana. Alguns desses palacetes estão em pé até hoje. A Casa das Rosas, e o casarão na altura do 1919 e a Casa das Uvaias são alguns exemplos.

Do café para a indústria

Como nada é para sempre, os cafeicultores enfrentaram uma enorme crise reverberada a partir da quebra da Bolsa de Valores dos EUA em 1929. Com importadores europeus e americanos em baixa, o café tornou-se um grão superproduzido e o preço foi lá embaixo.

Os palacetes foram se esvaziando por essa elite que viu grandes investidores da indústria, sobretudo migrantes nordestinos e imigrantes, ocupar o posto mais alto da sociedade paulistana. Mas os palacetes não foram inteiramente abandonados, transformando-se em sua maioria no que conhecemos hoje como cortiços.

Os novos “donos de São Paulo”, as famílias que enriqueceram com a indústria no estado, habitaram os primeiros bairros nobres da cidade. A Cia. City, primeira empresa urbanística de São Paulo, transformou uma parte da cidade de forma a atender os gostos extremamente sofisticados dessa exclusiva população.

O convite aos urbanistas ingleses Barry Parker e Raymond Unwin veio com o desafio de projetar o bairro Jardim América, que depois teve seu estilo copiado para dar origem ao Jardim Paulistano, Europa e América. A ideia de compor as ruas com bastante área verde tem inspiração nas ideias do também inglês Ebenezer Howard e seu livro Garden Cities of Tomorrow, influência para arquitetos paisagistas e urbanistas até hoje.

Depois da crise, uma nova cidade

Após a grande onda migratória das décadas de 30 e 40 decorrentes da crise econômica de 1929 e da Segunda Guerra Mundial (1939-45), São Paulo passou a lidar com a questão da superpopulação e a solução encontrada pelos profissionais da época foi a verticalização dos espaços, aumentando o potencial de moradias em toda a cidade.

A própria elite paulistana precisou se adaptar aos novos tempos dando lugar às casas gigantes em terrenos maiores ainda para edifícios de alto padrão localizados nos mesmos bairros. Mesmo com as mudanças na lógica social da sociedade, os bairros-jardim permaneceram com seu status exclusivo.

Após a década de 60 houve uma mudança na legislação de uso e ocupação do solo, tornando possível o nascimento de edifícios com vários andares pela cidade e apelidados de “espigões”. Dessa forma, muitos escritórios de arquitetura fizeram nome durante essa época pois construíram empreendimentos icônicos na região da Av. Paulista, Higienópolis e Jardins.

A “era de ouro” da arquitetura paulistana data do fim da década de 60 até o fim da década de 90 e até hoje morar em uma dessas obras-de-arte assinadas por famosos arquitetos é sinônimo de luxo e exclusividade. Edifícios como Louveira, Paulicéia, Saint Honore e Cinderela são alguns desses badalados endereços e concentram até hoje boa parte da elite da cidade.

Descentralização da nova elite

A partir dos anos 90, o centro expandiu-se e deu origem à novas oportunidades de negócios em outros bairros espalhados pelas outras quatro regiões. Quem procura apartamentos de luxo em São Paulo, já sabe que além dos já citados Higienópolis e Jardins, estão em alta os modernos empreendimentos de alto padrão do Alto de Pinheiros, Vila Nova Conceição, Itaim Bibi, Vila Olímpia, entre outros.

Conhecer a história do mercado imobiliário de São Paulo é saber mais sobre a própria cidade. Em seu próximo passeio na Paulista, esperamos que você olhe para as construções com outros olhos!

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.