Carnaval 2020

Vida e obra de Maria Firmina dos Reis na avenida

Escola Turma da Mangueira vai levar para a Passarela do Samba enredo de exaltação à romancista maranhense

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Figura de Maria Firmina dos Reis, homenageada da escola de samba
Figura de Maria Firmina dos Reis, homenageada da escola de samba (Maria Firmina dos Reis)

São Luís - A escola de samba Turma da Mangueira afina os instrumentos e organiza os preparativos para a disputa do troféu de melhor do Carnaval 2020. A agremiação, sediada no bairro João Paulo, vai defender o enredo “Dos reis da abolição, a rainha é ela: Maria Firmina, de Guimarães para o mundo” que vai contar, na avenida, a vida e obra da autora do primeiro romance publicado por uma mulher negra no Brasil e primeiro romance abolicionista de autoria feminina da língua portuguesa, segundo pesquisadores.

Segundo o presidente e carnavalesco da escola, Itamilson Lima, os preparativos para o desfile na Passarela do Samba (Anel Viário), estão ainda em fase inicial. “Esse ano as coisas estão bastante difíceis. A questão financeira, a escassez de material, a dificuldade de mão de obra especializada. Enfim, muitas variáveis complicadoras. Porém, o nosso papel é criar caminhos que nos leve a realização do desfile superando cada um desses obstáculos”, sentencia Itamilson Lima.

A agremiação do bairro João Paulo lançou o enredo semana passada e o samba está em fase de composição. “Lançamos o enredo na última sexta-feira (10), com a participação da Prefeitura de Guimarães, o Instituto Histórico e Geografia de Guimarães e a Academia Ludovicense de Letras”, diz Itamilson Lima.

Ele explica que o samba enredo está sendo gravado e que deve ser lançado em breve. “Optamos por não fazer concurso pelo pouco tempo. Optamos por encomendá-lo, que é outra forma utilizada pelas escolas quando não fazem concurso, se contrata um grupo de compositores e encomenda o samba”, explica o presidente da escola.

Sobre quem interpretará a personagem tema do enredo, a escola prefere manter segredo, mas adianta que a ideia é que ela apareça mais de uma vez, enfatizando alguns momentos de sua vida. Com 92 anos de existência, a escola verde e rosa desfila no domingo (23 de fevereiro) com 16 alas e 1.800 componentes.

Maria Firmina

Esta não é a primeira vez que a escola de samba homenageia Maria Firmina dos Reis. “Isso não significa que estamos reeditando o enredo. O recorte atual é diferente”, pontua Itamilson Lima explicando que a primeira homenagem ocorreu em 1977.

Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís em 11 de março de 1822. Ela viveu parte da vida na casa de uma tia materna mais bem situada economicamente. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução Primária. Tornou-se professora de primeiras letras, de 1847 a 1881.

Aos 54 anos de idade e 34 de magistério, Maria Firmina dos Reis fundou, em Maçaricó, a poucos quilômetros de Guimarães, uma aula mista e gratuita para alunos que não podiam pagar: conduzia as aulas num barracão em propriedade de um senhor de engenho, à qual se dirigia toda manhã subindo num carro de boi. Lá, lecionava às filhas deste, aos alunos que levava consigo e a outros que se juntavam.

A escritora trouxe a público três narrativas de ficção: “Úrsula”, de 1859, o primeiro romance publicado por uma mulher negra no Brasil e primeiro romance abolicionista de autoria feminina da língua portuguesa, segundo pesquisadores e no qual aborda a escravidão a partir do ponto de vista do outro. “Gupeva”, de 1861, narrativa curta de temática indianista, publicada em capítulos na imprensa local, com várias edições ao longo da década de 1860; e o conto "A escrava", de 1887, texto abolicionista empenhado em se inserir como peça retórica no debate então vivido no país em torno da abolição do regime servil.

Já seu volume de poemas “Cantos à beira-mar”, cuja primeira edição é de 1871, traz textos marcados por forte inquietação e por uma subjetividade feminina por vezes melancólica diante da realidade oitocentista marcada pelos ditames do patriarcado escravocrata e representada como problema perante a sensibilidade da autora. Maria Firmina dos Reis faleceu em 1917, pobre e cega, no município de Guimarães.

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