Retrospectiva-2019

Botafogo teve um ano desanimador e passou em branco na temporada

Glorioso perdeu 28 dos 59 jogos que disputou, ganhando apenas 22 e empatando nove

Gazetapress

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Desempenho do Botafogo foi pífio nesta temporada
Desempenho do Botafogo foi pífio nesta temporada (BOTAFOGO RETROSPECTIVA )

Rio de Janeiro - O Botafogo entrou em 2019 mergulhado em uma grave crise financeira. O time não havia conquistado a vaga na Copa Libertadores, o orçamento era enxuto e até mesmo a defesa do título carioca seria um desafio muito complicado. O técnico Zé Ricardo foi mantido e apostou em um elenco equilibrado, que alternava jovens como os laterais Marcinho e Jonathan e o volante Gustavo Bochecha com medalhões como Leonardo Valencia e Rodrigo Pimpão.

Uma espinha dorsal composta pelo goleiro Gatito Fernández, pelo zagueiro Joel Carli, pelo meia João Paulo e pelo atacante Erik foi reforçada por alguns dos destaques da temporada passada, como o zagueiro Gabriel, cedido pelo Atlético-MG na transação que levou Igor Rabello para o Galo, e o volante Alex Santana, trocado por Rodrigo Lindoso junto ao Internacional.

Ao longo do ano foi se observando que era preciso investir. Porém, ao contrário de anos anteriores, quando o clube foi cirúrgico, as idas aos mercados para contratações maiores se mostraram um fiasco. Chegando com status de titulares absolutos, o volante Cícero e o meia Diego Souza jamais justificaram o investimento feito. Para agravar a situação, alguns dos atletas que mais se esperava tinham um rendimento abaixo da média, como os meias Luiz Fernando e João Paulo.

"O Botafogo foi ao mercado buscando as oportunidades que apareceram. Tínhamos poucas opções disponíveis e não poderíamos errar. A situação financeira era grave e por isso mesmo não contratamos ninguém na janela", explicou o ex-diretor de futebol Anderson Barros, que no fim do ano se transferiu para o Palmeiras.

O desempenho do Botafogo foi pífio. O time nunca deu química na temporada. Perdeu 28 dos 59 jogos que disputou, ganhando apenas 22 e empatando nove. Anotou 59 gols e sofreu 62. Nenhum título foi conquistado. Alex Santana foi o artilheiro do Glorioso na temporada com dez gols.

Um verdadeiro vexame

O rendimento do Botafogo no Campeonato Carioca foi algo vergonhoso. O time não conseguiu em nenhum momento empolgar. Um exemplo disso é que sequer foi às semifinais da Taça Guanabara e da Taça Rio.

No Estadual o Botafogo não ganhou um único clássico e colecionou derrotas para equipes de menor investimento, como nos 1 a 0 diante de Resende e Volta Redonda. Isso sem falar nos 3 a 1 da estreia para a Cabofriense.

- Com um elenco enxuto o Botafogo enfrentou alguns problemas no começo do ano. O time não rendeu no Estadual o que rendeu nos primeiros jogos dos torneios eliminatórias - disse o técnico Zé Ricardo.

COPA DO BRASIL: Freguesia para o Juventude

Na Copa do Brasil o Botafogo até começou bem. Estreou batendo o Campinense por 2 a 0 na Paraíba e depois não teve problemas para atropelar o Cuiabá em casa: 3 a 0. A terceira fase porém reservava uma surpresa: o reencontro com o Juventude, rival que derrotou o Glorioso na final da edição de 1999.

Com problemas salariais, os jogadores não quiseram concentrar antes do jogo de ida, no Estádio Nilton Santos. O empate por 1 a 1 tornou o duelo de volta, em Caxias do Sul (RS), ainda mais complicado. O Alvinegro perdeu de 2 a 1 e o resultado custou a demissão do técnico Zé Ricardo.

Deu para animar no começo

Na Copa Sul-Americana o Botafogo teve um grande começo. Diante do Defensa Y Justicia, então líder do Campeonato Argentino, o Alvinegro ganhou em casa e brilhou como visitante: 3 a 0. Erik foi a estrela dos dois jogos. Na segunda fase, diante do modesto Sol de América do Paraguai, nenhum susto. Uma goleada de 4 a 0 em casa, após triunfo por 1 a 0 em Assunção. Mas quando o Botafogo teve que cruzar com um rival nacional as coisas se complicaram. O time não foi pa´reo para o Atlético-MG, perdendo por 1 a 0 no Rio de Janeiro e por 2 a 0 em Minas Gerais.

"Infelizmente não demos sequência na Copa Sul-Americana. Tivemos um grande começo, mas contra o Atlético a coisa não fluiu", disse o zagueiro Joel Carli.

Botafogo flertou com o perigo

O Botafogo foi para o Campeonato Brasileiro com novo técnico. Eduardo Barroca herdou a vaga de Zé Ricardo e apostou em um estilo de valorização da posse de bola, com muitos toques. O começo animou e o Botafogo chegou a ficar algumas rodadas no G-4. Ganhou três dos quatro primeiros jogos.

Porém, com o tempo, o estilo de toque de bola foi se tornando pouco eficiente, com o time não mostrando nenhum poder de reação. A queda na tabela de classificação, principalmente no segundo turno, foi meteórico. Barroca não resistiu e acabou demitido após uma derrota por 1 a 0 no clássico diante do Fluminense.

Alberto Valentim deixou o lanterna Avaí para atender a um pedido da diretoria do Botafogo e voltar ao time que lhe deu o título carioca de 2018. O Botafogo não melhorou tanto seu rendimento, porém, passou a ser menos vulnerável no sistema defensivo. A retranca armada serviu para a conquista de vitórias magras, porém, fundamentais para o Glorioso escapar do rebaixamento. Casos dos 2 a 1 diante de Avaí e CSA, no Rio de Janeiro. Duelos contra concorrentes diretos. "A gente precisava somar pontos e traçamos um campeonato com algumas metas definidas. Conseguimos afastar o rebaixamento, mantendo até uma distância tranquila nas últimas partidas. Infelizmente não veio a vaga na Copa Sul-Americana", disse Ricardo Rotenberg, que assumiu a vice-presidência de futebol após o afastamento de Gustavo Noronha, tido pelo elenco como um dirigente omisso em meio a momentos de crise. 38

Botafogo pode começar a mudar de vez a sua história

Mudar sua história recente e retomar um passado de glórias e de tantos ídolos, como Nilton Santos, Didi, Mané Garrincha, Jairzinho e Zagallo. Essa sempre foi a meta do Botafogo. Porém, 2020 por der um marco na história do clube. O projeto que permite transformar clubes em empresas será aprovado pelo Senado Federal até março e o Glorioso poderá aderir.

O ex-presidente Carlos Augusto Montenegro vem liderando o processo internamente, para que o clube siga os passos do estudo feito pelos irmão Moreira Salles junto a uma consultoria. Se tudo correr bem, a ideia é que o Botafogo tenha um aporte de R$ 350 milhões para pagamento de dívidas emergenciais, já que o total do que o clube deve gira em torno de R$ 1 bilhão. Além disso, cerca de R$ 40 milhões poderiam ser investidos de cara na chegada de reforços.

Porém, entre encerrar o modelo atual e virar empresa é preciso um período de transição, liderado por Montenegro, Manoel Renha, Cláudio Good, Ricardo Rotenberg e pelo atual presidente Nelson Mufarrej. "O Botafogo ainda está na UTI. Se pudesse pedia para o clube não participar de nenhuma competição até sanear as suas dívidas. Mas o importante é irmos avançando para tornar o clube viável", explicou Montenegro.

Alberto Valentim está mantido até o fim do Campeonato Carioca, podendo ter o contrato renovado. A vaga de diretor de futebol já foi preenchida por Valdir Espinosa, treinador responsável pela quebra do jejum em 1989. Resta saber se o futuro brilhante chegará já em 2020.

NÚMEROS:

Jogos: 59
Vitórias: 22
Empates: 9
Derrotas: 28
Gols Pro: 59
Gols Contra: 62
Saldo de gols: - 3

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