Intimidação

Bando que extorquia e expulsava famílias de casas é preso em São Luís

Não é de hoje que faccionados invadem casas e expulsam moradores na Grande Ilha. Dessa vez, os bandidos extorquiram pessoas no Eco Tajaçuaba, na zona rural de São Luís

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Membros de facção chegaram a fazer abaixo-assinado para pedir soltura de comparsa
Membros de facção chegaram a fazer abaixo-assinado para pedir soltura de comparsa (Facção extorsão)

A Polícia Civil do Maranhão realizou, nessa terça-feira, 17, uma operação no Eco Tajaçuaba, zona rural de São Luís, contra membros de um grupo criminoso considerado novo na Grande Ilha. Foram cumpridos seis mandados de prisão temporária e de busca domiciliar contra os integrantes do bando, que é suspeito de ter participado de um homicídio naquela região em outubro deste ano. Os investigados também teriam extorquido moradores do condomínio, construído com recursos do programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal.

Foram presos Leandro Silva Atan, mais conhecido como Casquinha; Wagner Dias, o Fiel; Natanael Cardoso; Walyson de Jesus Silva, o Marcinho, e Vítor Rodrigues Sousa. Este último, de acordo com informações de um policial do 6º Batalhão de Polícia Militar (BPM), é um dos líderes do grupo. Além do homicídio, que teve como vítima Washington Luís Souza Martins Santos, de 31 anos, os criminosos são investigados por se apropriarem de residências do condomínio para o tráfico de drogas.

A operação foi coordenada pela Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) e Delegacia Geral Adjunta Operacional da Polícia Civil. O Centro Tático Aéreo (CTA), Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) e Polícia Militar também participaram das incursões.

O homicídio

Durante o dia 15 de outubro deste ano, ocorreu um homicídio no Eco Tajaçuaba, condomínio localizado na zona rural de São Luís, nas proximidades da Santa Bárbara. De acordo com informações divulgadas pela SHPP, Washington Luís Souza Martins Santos foi executado com vários tiros e facadas. Ele teria sido morto por um grupo que instalou uma “base” no local. A polícia apura se é uma facção criminosa.

De acordo com o delegado George Marques, da SHPP, Washington teria furtado uma motocicleta na “quebrada” desse grupo criminoso. Devido a essa suspeita, cerca de 10 bandidos invadiram a casa dele e o assassinaram, talvez, para servir de exemplo na comunidade.

Expulsão de moradores

Não é de hoje que facções criminosas expulsam moradores na região metropolitana da capital maranhense. Em novembro de 2017, 22 criminosos foram capturados depois de obrigarem populares a saírem de suas casas na Vila Funil, zona rural de São Luís. Na época, o delegado Jorge Pacheco, então titular do 15º Distrito Policial (DP), Conjunto São Raimundo, informou, em uma entrevista coletiva, que as investigações começaram após a soltura de vários integrantes de um grupo, depois da “Operação Leste sem Trégua”, que aconteceu no dia de julho de 2017, na Vila Funil, que resultou na captura de 16 criminosos, incluindo o chefe do bando, Marco Antônio Rodrigues Corrêa, o Marquinhos Satã ou Marquinhos Patrão.

Com o retorno desses bandidos ao bairro, a população novamente passou por momentos de terror, pois o grupo expulsou alguns moradores e familiares de Almir Silva dos Santos, 46, líder comunitário da Vila Funil que foi executado a tiros em 8 de julho de 2016. Ademais, os suspeitos também obrigaram os populares a comprar rifas, cujo dinheiro seria utilizado para pagar advogados que iriam atuar para conseguir a libertação dos membros da organização que estavam encarcerados, como o próprio Marquinhos Satã.

Pacheco disse que os criminosos compareceram de casa em casa e intimidaram os moradores a assinarem um abaixo-assinado que pedia a soltura do líder do bando. Ainda insatisfeitos, os bandidos ainda recolheram, mensalmente, uma “ajuda de custo” da comunidade para pagar os advogados. Um dos alvos da operação foi Marquinhos Satã, que, devido ao documento com as assinaturas, foi colocado em liberdade pela Justiça, mas, novamente, foi capturado.

Além dele, foram localizados Maria de Paula da Costa Sá; Irlane Cecília Duarte Muniz, a “Tainha”; Lindalva Duarte Muniz; Crislene de Morais do Espírito Santo; Marciana de Jesus Carvalho; Elisdênia Farias Silva; Ednaldo Soares da Silva; Possidônio Mendes da Silva; Bruno Damasceno Pereira, o “Pombo Branco”; Hélio de Sousa Oliveira; Alan Mendes da Silva; Laefson Monteiro Santos; Wanderson Pereira Soares; Elivaldo Araújo Silva; José Tiago Silva Pereiral, o “Lego” ou “Lerdão”; Alisson Júnior Duarte Muniz; Daniel dos Santos; Daniel Santos Teixeira; Cássio Mendes Gabriel; Marlon Mendes da Silva; Gilvan Lima Pereira e Gabriel Patrick Sousa da Silva.

Em 2019, o fato mais recente aconteceu no bairro Pedrinhas, onde integrantes de uma facção, desconfiados de que havia um “X9” na comunidade, invadiram várias casas e incendiaram uma delas. A residência pertencia a um pastor evangélico. O imóvel ficou muito destruído devido às chamas. O caso aconteceu no fim de novembro, na Travessa da Vitória.

O telhado veio abaixo, os móveis queimados, cacos de telhas espalhados pelo piso e o cheiro de fumaça permaneceu no local durante quase todo o dia. Outras residências dessa rua ficaram com as portas e janelas fechadas. Há informação de que muitos desses moradores abandonaram o seu lar com receio de sofrerem algum tipo de penalidade por partes de faccionados.

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