Tráfico

Aeronaves apreendidas em Timon levariam 1t de cocaína até Fortaleza

Da capital cearense a droga seguiria para a Europa; polícia investiga se a cocaína foi importada da Bolívia ou Colômbia. sete pessoas foram presas, entre elas quatro pilotos

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Droga apreendida por policiais do Piauí no município de Timona
Droga apreendida por policiais do Piauí no município de Timona (Cocaína)

TIMON - Considerada a maior apreensão de cocaína da história do Piauí, a Polícia Civil, com o apoio do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope/PI), localizou 1,100 tonelada da droga, avaliada em R$ 25 milhões, em Teresina, capital piauiense, nessa terça-feira, 10. Durante a operação, foram recolhidos um helicóptero, modelo “Esquilo”, e um avião bimotor, em um aeroporto privado na cidade maranhense de Timon. O entorpecente seria colocado nas aeronaves, para ser levado até Fortaleza, no Ceará, onde, provavelmente, iria ser embarcado em direção à Europa.

Ao Jornal O Estado, o delegado Luciano Alcântara, da Delegacia de Prevenção e Repressão aos Entorpecentes (Depre), confirmou que as aeronaves foram apreendidas no aeroporto privado em Timon. O helicóptero e o bimotor, depois de localizados em Timon, foram encaminhados a um hangar do Governo do Piauí. Segundo ele, as investigações sobre o caso continuam, uma vez que a quadrilha de traficantes é interestadual. A operação foi realizada pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), em conjunto com a Divisão de Operações Especiais (DOE), Bope/PI e Depre.

Europa como destino

De acordo com o secretário de Segurança Pública do Piauí, Fábio Abreu, os traficantes chegaram ao estado nas duas aeronaves e depositaram a cocaína na capital. Na cidade, o grupo se hospedou em hotéis e quitinetes, para não chamarem atenção da polícia. Os criminosos iriam recolocar a tonelada da droga no helicóptero e no bimotor, para deixarem o material em Fortaleza.

Em seguida, a tonelada de cocaína seria colocada em navios em direção à Europa, conforme o secretário. "Supostamente, o nosso Estado, com essa quantidade, estava servindo somente como suporte dessa quadrilha como guarda desse material, com o destino para Fortaleza. Em seguida, para o exterior", frisou Fábio Abreu. O delegado Cadena Júnior, coordenador da Depre, disse que, provavelmente, a droga veio da Bahia.

Segundo ele, uma facção criminosa lucraria com o envio do material ao exterior. "É um lote que já vem dividido. Vários traficantes se unem em um consórcio para pagar esse transporte. A partir da embalagem é possível saber que haveria um destino final para cada lote desses", explicou o delegado Cadena Júnior.

Prisões de envolvidos

No decorrer da operação, sete pessoas foram presas em dois hotéis e em uma quitinete na Zona Norte de Teresina, de acordo com o delegado Cadena Júnior. Foram capturados quatro pilotos de aeronaves, que são André Luís de Oliveira Cajé Ferreira, Alexandre Vagner Ferraz, Vagner Farabote Leite e Renato Solon Gondim Magalhães. Os demais conduzidos foram Alexandro Vilela de Oliveira, João da Cruz Marques e Alexandre Barros Pereira de Meneses.

Praticamente toda a cocaína, inclusive, estava na quitinete. Pouca quantidade foi encontrada nas aeronaves. Os presos são dos estados da Bahia, Piauí, Pará e Pernambuco. Na capital piauiense, o grupo alugou pelo menos três imóveis, incluindo um sítio localizado nas proximidades do aeroporto da cidade. “Foram presas sete pessoas, quatro pilotos de aeronaves e outros três homens que faziam o acompanhamento e participavam do setor de logística, ou seja, faziam a locação de sítios”, disse Cadena Júnior.

“Um dos sítios, eles chegaram a alugar por R$ 10 mil. Nós temos um piauiense que, segundo ele, trabalhava em um garimpo e ajudava na locação dos espaços”, comentou o secretário de Segurança Pública Fábio Abreu. Segundo Fábio Abreu, além da droga e as aeronaves, os policiais também apreenderam uma quantia em dinheiro no valor de R$ 12 mil e quatro veículos, que seriam utilizados pela facção criminosa para a logística.

Uso de aeronaves

O uso de aeronaves para transporte de drogas no Brasil começou a partir da década de 1970, segundo estudo feito pelo 2º tenente da Polícia Militar Pascoal Machado Peres, que é lotado na Superintendência do Serviço Aéreo da Secretaria de Estado da Casa Militar de Goiás. O militar frisa, em sua pesquisa, que a preferência dos criminosos por esse meio de transporte ocorre por conta da agilidade e acessibilidade proporcionadas pelos veículos.

Isto acontece, segundo o oficial, porque, geralmente, os locais de produção de entorpecentes estão situados em áreas montanhosas e de difícil acesso por terra em países da América Latina, como Paraguai, Colômbia, Peru e Bolívia. “Os destinos são os mais variados, como Estados Unidos, Europa e Ásia. Porém, grande parte da droga destinada a esses locais passa pelo Brasil, havia vista sua estratégica relevância no mercado internacional, facilitando assim o escoamento da droga produzida, seja por via aérea, terrestre ou fluvial”, diz o militar.

O policial militar salienta que, além de serem utilizados para o tráfico de drogas, aviões e helicópteros também são usados para o contrabando, descaminho e lavagem de dinheiro. Segundo levantamento feito pelo pesquisador, em média ocorre a apreensão de pelos menos uma aeronave (envolvida nessas modalidades criminosas) no Brasil todos os meses, sobretudo na região Centro-Oeste, devido à proximidade com os países produtores de maconha e cocaína.

O estudo do oficial da Polícia Militar de Goiás foi intitulado “As aeronaves apreendidas no tráfico de drogas e seu emprego pelas forças de segurança pública”. A pesquisa foi publicada em maio deste ano.

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