Arsenal

Estados Unidos acusam Irã de transportar mísseis para o Iraque

Pentágono diz que iranianos usam os protestos no país vizinho para ''montar um arsenal'' de foguetes de curto alcance; país foi acusado pela Europa de ter mísseis com ''capacidade nuclear''

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Mísseis iranianos apresentados em uma praça de Teerã, ao lado de uma foto do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei
Mísseis iranianos apresentados em uma praça de Teerã, ao lado de uma foto do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei (Reuters)

WASHINGTON E BAGDÁ — O governo dos EUA afirma que o Irã está montando um arsenal de mísseis de curto alcance no Iraque, se aproveitando dos protestos que há meses abalam o país árabe e levaram à queda do premier Adil Abdul Mahdi.

De acordo com o New York Times, militares e funcionários da Inteligência a operação faz parte de uma campanha do Irã para ameçar seus adversários regionais, como Arábia Saudita e Israel , além de colocar em risco tropas americanas hoje presentes ao redor do Golfo Pérsico. Os EUA ainda acusam o governo de Teerã de usar bases "escondidas" em outros países, como Iraque e Iêmen, para "disfarçar" ações na área, como o ataque contra instalações petrolíferas da Saudi Aramco , na Arábia Saudita.

Os funcionários não revelaram evidências que corroborem as acusações ou de que tipo seriam esses mísseis, mas o arsenal iraniano é um dos mais diversos hoje no Oriente Médio — alguns mísseis possuem capacidade de atingir alvos a mais de 2 mil km de distância, colocando cidades como Jerusalém e Riad dentro de seu raio de ação. Nas últimas semanas, os EUA vêm alertando para a possibilidade de ataques contra interesses americanos, incluindo petroleiros e outras embarcações, o que levou a um aumento da presença militar do país na região.

Além disso, esse arsenal serviria como uma linha de defesa não apenas para a eventualidade de um ataque direto contra o Irã, mas também contra bombardeios realizados contra posições ligadas a Teerã dentro do Iraque.

'Incompetência miserável'

Ontem,5, o chanceler iraniano atacou uma carta enviada à ONU por Reino Unido, Alemanha e França acusando o Irã de possuir mísseis balísticos capazes de transportar ogivas nucleares. Na mensagem, divulgada na quarta-feira, os três governos dizem que o programa de mísseis do país é "inconsistente" com o texto do acordo sobre o programa nuclear iraniano, assinado em 2015 mas gravemente prejudicado pela saída dos EUA.

Segundo diplomatas europeus, a carta vai "somar" a uma rodada de discussões sobre o estado do acordo, prevista para o dia 20 de dezembro. Segundo o texto, acordado por Irã, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia, China e EUA, Teerã aceitaria uma série de limites a suas atividades atômicas em troca da suspensão de sanções econômicas e acesso aos canais usuais de comércio exterior.

Mas com a saída dos EUA em 2018 e a retomada das sanções, os iranianos passaram a deixar de observar algumas das obrigações, alegando que o próprio texto do acordo lhes permite isso.

Ao comentar a carta dos europeus, Javad Zarif disse que ela é uma "falsidade desesperada para acobertar a miserável incompetência deles (europeus) para cumprir de forma mínima suas obrigações no JCPOA", sigla em inglês para o acordo. Zarif ainda pediu que os governos não se rendam ao que chamou de " bullying " dos americanos.

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