Teste

Pesquisa para tratamento da hanseníase é realizada no Maranhão

Estudo está sendo feito por um instituto paranaense na cidade de Imperatriz, que ocupa a segunda colocação do ranking nacional com relação ao número de casos da doença

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Hanseníase tem tratamento e cura, desde que seja diagnosticada pelo médico e tratada em tempo hábil
Hanseníase tem tratamento e cura, desde que seja diagnosticada pelo médico e tratada em tempo hábil (Hanseníase)

A hanseníase, apesar de considerada discreta, continua atingindo várias pessoas no mundo. O Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS), está ocupando a segunda colocação com relação ao número de casos. A antiga lepra, que é crônica e transmissível, tem alta taxa de incidência no Maranhão. Por conta disso, pesquisadores do Paraná estão na cidade de Imperatriz, no sudoeste do estado, que é o segundo no ranking mundial no que se refere à doença.

A pesquisa está sendo conduzida pelo Instituto Aliança contra a Hanseníase (AAL, da sigla em inglês Alliance Agaiinst Leprosv), cuja sede fica em Curitiba, capital do Paraná. Os profissionais estão em Imperatriz desde o último dia 2 e permanecerão até o próximo sábado, 7. O objetivo é examinar o maior número de pessoas, entre as 5 mil tratadas no projeto, com o intuito de testar se um conjunto de medicamentos, que elas receberam entre 2010 a 2015, pode prevenir contra o adoecimento pela moléstia.

Escolha
Imperatriz foi escolhida por ser uma das regiões hiperendêmicas do Brasil, que ocupa a segunda colocação no cenário mundial com relação ao número de casos da hanseníase. Esse estudo já ocorre em outras partes do país. A duração é de três anos. A previsão para o término é dezembro de 2020. De acordo com o AAL, mais de 100 mil pessoas estão sendo avaliadas e acompanhadas pelos pesquisadores e profissionais da saúde de cada local beneficiado pelo teste do tratamento.

“É um estudo ambicioso. As sociedades científica nacional e internacional estão aguardando os resultados desse estudo, para validar uma estratégia adicional para o controle dessa doença, que não tem prevenção primária, isto é, não tem vacina específica”, comentou a médica dermatologista e hansenologista Laila de Laguiche, que é fundadora do AAL, que atua em todos os estados do Brasil. A expectativa da comunidade médica/científica nacional e internacional é validar uma alternativa de controle da transmissão e proteção contra a doença, que atinge os nervos da pele e pode causar sequelas gravíssimas, com deficiências físicas e incapacitantes.

A responsável pelo projeto que está sendo feito em Imperatriz é a professora doutora Isabela Maria Bernardes Goulart, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais. Para ela, a pesquisa é única, em termos mundiais, no que se refere à investigação se a quimioprofilaxia (proposta para o controle da endemia) com administração de três medicamentos seria efetiva para a diminuição da transmissão do bacilo e proteção contra a hanseníase.

“Em um contexto de aumento da resistência medicamentosa, é fundamental testarmos alternativas para realmente eliminar o bacilo que causa hanseníase nesse grupo de maior risco de adoecer. Acreditamos, desde 2010, quando iniciou essa pesquisa, que não poderíamos usar monoterapia apenas com rifampicina, e nem dose única, por ser uma bactéria de crescimento lento. Por isso, usamos três medicamentos e em duas doses. Os resultados desse projeto poderão nortear o controle da hanseníase no Brasil e no mundo”, frisou a professora.

Maranhão e Brasil
O Maranhão, segundo o Ministério da Saúde, é o segundo do ranking nacional, com maior número de ocorrências da doença. A taxa de incidência é de 3 mil casos novos da hanseníase em média. Devido ao problema, o órgão lançou uma campanha para orientar as pessoas sobre a enfermidade. As ações educativas/preventivas começaram em julho deste ano.

O Brasil é o segundo com o maior número de casos no mundo, perdendo somente para a Índia. Segundo dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde, em 2018 foram detectados 28.660 mil casos novos no território brasileiro, com 1.705 incidências em crianças, e 8,5% de casos incapacitados no diagnóstico. Em 2017, foram detectados 26.875 mil novos casos. Em 2016, foram 25.218 mil, demonstrando uma tendência crescente na detecção da doença.

A hanseníase

A hanseníase, conhecida antigamente como lepra, é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional, de acordo com o Ministério da Saúde. Possui como agente etiológico o Micobacterium leprae, bacilo que tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos, e atinge principalmente a pele e os nervos periféricos.

A doença possui a capacidade de ocasionar lesões neurais, o que confere à enfermidade um alto poder incapacitante, principal responsável pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela hanseníase. A infecção pode acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de exposição à bactéria. Apenas uma pequena parcela da população infectada realmente adoece.

A hanseníase é uma das enfermidades mais antigas da humanidade. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que, juntamente com a África, são consideradas o berço da doença.

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