Mudança

Reino Unido deverá aprovar eleições gerais em dezembro

Pleito é uma tentativa do premier de formar um novo governo para vencer impasse do Brexit; a nova eleição tornou-se provável depois que o líder trabalhista Jeremy Corbyn orientou seu partido a votar pela proposta de Johnson

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn concordou em apoiar novas eleições
Líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn concordou em apoiar novas eleições (Reuters)

LONDRES — Após três tentativas fracassadas do premier Boris Johnson, o Parlamento britânico aprovou ontem, 29, o texto preliminar que antecipa as eleições gerais para dezembro, em uma tentativa de superar o impasse gerado pelo Brexit . Agora, os deputados discutem uma série de emendas, como a data do pleito, antes que o documento final seja levado a voto no final da tarde.

A nova eleição tornou-se provável depois que o líder trabalhista Jeremy Corbyn orientou seu partido a votar pela proposta de Johnson na manhã desta terça-feira. Precisando apenas de uma maioria simples, é quase certo que a legislação seja aprovada.

" Agora, nós ouvimos da União Europeia que a extensão do Artigo 50 para o dia 31 de janeiro foi confirmada. Assim, pelos próximos três meses, nossa demanda de que uma saída sem acordo de transição não aconteça foi atendida", disse Corbyn. "Agora, nós lançaremos a campanha mais ambiciosa e radical para uma mudança real que o nosso país já viu".

A oposição trabalhista nunca foi essencialmente contrária a uma nova eleição geral — a última foi realizada em 2017 —, mas a vinculava à eliminação de qualquer possibilidade de um Brexit sem acordo de transição com a União Europeia, algo que se concretizou no início desta semana.

Depois que o Parlamento se recusou a acatar seu cronograma para votar o acordo de divórcio com a UE, interrompendo sua tramitação, o primeiro-ministro se viu legalmente forçado a aceitar uma nova extensão de três meses para a saída britânica. O novo prazo, oferecido por Bruxelas na segunda e formalmente concedido na tarde desta terça-feira, adia a data limite para o Brexit para o dia 31 de janeiro, deixando aberta possibilidades para que o divórcio aconteça nos dias 1 o ou 31 de dezembro, a depender de sua ratificação.

"Aos meus amigos britânicos, a UE adotou formalmente a extensão [do Brexit]. Esta poderá ser a última. Por favor, façam bom proveito deste prazo", tuitou Donald Tusk, presidente da Comissão Europeia cujo mandato se encerrará no final de novembro. "Eu também quero dizer adeus, já que minha missão aqui chega ao fim. Eu vou manter meus dedos cruzados por vocês."

Data é impasse

Esta é a quarta tentativa de Johnson, que assumiu a chefia do governo no final de julho, de antecipar as eleições gerais. O último fracasso na convocação do pleito aconteceu na tarde de segunda-feira, quando a proposta do premier foi rejeitada.

Há ainda, no entanto, um impasse no que diz respeito à data da eleição. Johnson deseja que ela aconteça no dia 12 de dezembro, pois isso lhe daria tempo suficiente para ratificar um acordo do Brexit antes de os britânicos irem às urnas. Assim, ele ficaria consagrado como o premier que garantiu a saída da UE.

Os liberais democratas e o Partido Nacionalista Escocês, no entanto, querem que o pleito ocorra três dias antes, no dia 9. Com isso, o governo seria obrigado a dissolver o Parlamento nesta sexta-feira de manhã, para que o prazo legalmente determinado de 25 dias úteis entre a dissolução do Legislativo e as eleições fosse respeitado. Na prática, isso impediria que o governo ratificasse seu acordo do Brexit antes do pleito.

Segundo a imprensa britânica, é provável que o primeiro-ministro concorde com um meio termo no dia 10 ou 11 de dezembro, em uma aposta de que conseguirá a maioria e um novo Parlamento que pare de frear seus planos para o divórcio britânico. Os trabalhistas, por sua vez, indicam que preferem o dia 9, mas apoiarão qualquer data.

Um outro apoio pode vir de dez dos 21 conservadores rebeldes que haviam sido expulsos do partido e que foram readmitidos ontem, 29.

Os aliados de Corbyn apresentaram emendas que, se aprovadas, permitiriam a participação no pleito de cidadãos da UE que residem no Reino Unido e de jovens de 16 e 17 anos — grupos que historicamente tendem a apoiá-lo. As medidas, no entanto, não foram selecionadas para votação pelo Parlamento.

Segundo um agregador de pesquisas do Financial Times, os conservadores lideram as intenções de voto com 36% contra 25% dos trabalhistas, mas, ainda assim, o resultado da eleição é uma grande incógnita. Os trabalhistas e o Partido Nacionalista Escocês defendem, caso consigam chegar ao poder, um novo referendo para que o povo decida sobre o futuro do Brexit. Os liberais democratas, por sua vez, defendem o cancelamento do Brexit.

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