Vida Saúde

15 perguntas e respostas sobre o câncer de mama

Especialista tira dúvidas sobre a doença e esclarece mitos e verdades, além de sintomas e tipos da doença, que acomete mais mulheres, mas pode atingir homens também

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Outubro Rosa é a ação dedicada à conscientização sobre o câncer  de mama
Outubro Rosa é a ação dedicada à conscientização sobre o câncer de mama (câncer de mama)

São Paulo - Apesar de ser o tipo mais prevalente entre as mulheres, o câncer de mama ainda é um tema cercado por mitos. Dúvidas como “sutiã apertado ou antitranspirantes roll-on causam câncer?” são apenas algumas das manifestações que a médica Andrea Cubero, mastologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, recebe em seu consultório todos os dias.

Para a especialista, a falta de conhecimento – ou a propagação de informações erradas – é um dos principais fatores que impedem um diagnóstico precoce. Por isso, ela defende que se fale mais sobre o assunto. “Isso estimula as mulheres a buscar informação mais cedo e fazer o autoexame, atitude que pode salvar muitas vidas”, frisa.
Segue uma lista com as principais dúvidas sobre o câncer de mama, sua incidência, grupos de risco, causas e tratamentos, respondidas pela mastologista.

1- Quais os sintomas e os tipos de câncer de mama?

Os sintomas mais comuns são os nódulos irregulares e endurecidos, muitas vezes aderidos aos planos profundos da mama, inversão do mamilo, retração da pele da mama (como se fosse uma “covinha”), fluxo papilar (saída espontânea de secreção pelo mamilo) e algumas situações que simulam um processo inflamatório com vermelhidão e inchaço.
Existem outros sinais que só são vistos no exame de mamografia, como, por exemplo, as microcalcificações agrupadas.
O câncer de mama é uma doença muito complexa e com diferentes comportamentos na sua manifestação e evolução. De forma simplificada, podemos dividi-los em quatro subtipos moleculares:
- Luminais A e B
- Triplos Negativos
- Her 2 positivos
Essa classificação nos ajuda a programar e escolher o tratamento de forma individualizada.

2- Mulheres com menos de 35 anos podem ter câncer de mama?

Mulheres jovens podem ter câncer de mama, mas não é o mais comum. A faixa etária de maior incidência do câncer de mama encontra-se entre 50 e 60 anos.

3- Homens podem ter câncer de mama?

Entre os homens, a incidência é menor. Para cada 100 diagnósticos de câncer de mama em mulheres, diagnosticamos um câncer de mama no homem.

4- O câncer de mama pode ser hereditário?

Somente cerca de 10 % de todos os cânceres de mama são hereditários, ou seja, devido a uma alteração genética que passa de uma geração para outra. A grande maioria ocorre de forma espontânea.

5- Quem toma anticoncepcional tem mais chances de ter câncer de mama?

Não há uma associação clara na literatura científica sobre o uso do anticoncepcional ser um fator de risco para o câncer de mama. No entanto, mulheres que já tiveram câncer de mama ou lesões precursoras, aquelas com histórico familiar ou com mutações genéticas presentes devem ter uma orientação cuidadosa e, se possível, evitar os métodos hormonais.

6- E quem tem prótese de silicone?

As próteses de silicone podem ser utilizadas com segurança tanto em pacientes que desejam cirurgia estética das mamas, quanto naquelas que necessitam de cirurgia reparadora pós câncer de mama. Vale ressaltar que a mulher com prótese também pode e deve realizar o autoexame regularmente.

7- Ser mãe após os 30 anos ou não ter filhos pode aumentar o risco de desenvolver a doença?

Apesar de conceitualmente poder aumentar o risco de desenvolver o câncer de mama, na prática, a influência de fatores de forma isolada exerce uma atuação muito pequena no aparecimento do câncer de mama.

8- Usar sutiã apertado eleva a possibilidade de câncer de mama?

Não aumenta o risco, porém, pode machucar a mama e causar dor.
9- Usar desodorante ou antitranspirante pode influenciar no surgimento da doença?
Não, isso é um mito. Nenhum tipo desodorante, seja roll-on ou spray, pode causar o câncer.

10- Tem um dia certo do mês para fazer o autoexame?

O ideal é realizar o autoexame entre o 7º e 10º dia da menstruação, período em que as mamas estão menos influenciadas pelas alterações hormonais. Para aquelas mulheres que não apresentam mais ciclos menstruais, recomenda-se realizar o autoexame mensalmente.

11- Se não encontrar nada no autoexame, é preciso fazer mamografia?

O autoexame nunca substitui a mamografia. Ele é importante no caso de algo novo ou diferente aparecer nas mamas no intervalo entre a realização do exame ou entre as consultas de rotina com seu médico.

12- Existem exames melhores do que a mamografia para identificar tumores? Quais são os métodos de diagnóstico que acompanham a mamografia?

A mamografia ainda é o melhor exame para rastreamento, ou seja, diagnóstico precoce do câncer de mama. Ela pode mostrar lesões ainda milimétricas, tais como as microcalcificações, que não são vistas em outros exames de imagem como o ultrassom e/ou ressonância nuclear magnética das mamas.
Esses exames de imagem são solicitados para casos em que a mamografia pode deixar dúvida, ou em pacientes com mamas “densas” (com muito tecido glandular produtor de leite) ou ainda em paciente de alto risco para o câncer de mama.

13- A radiação da mamografia aumenta o risco de câncer?

A mamografia é uma radiografia das mamas. Para se obter esta imagem é usado feixes de raios-x de baixa energia após a mama ser comprimida entre duas placas. O risco associado a esta exposição é mínimo quando comparado ao benefício que o exame oferece.

14- Quais são os casos em que é necessário fazer uma mastectomia?

De uma forma geral, indicamos mastectomia para tumores de grandes dimensões (que praticamente envolvem toda a mama); nos carcinomas inflamatórios; em situações em que há vários tumores, mesmos que pequenos espalhados por toda a mama; e nos casos de câncer não invasivo (in situ), que apresenta microcalcificações extensas em toda a mama ou em boa parte dela.

15- Quais são os tipos de tratamento existentes para o câncer de mama?

O tratamento do câncer de mama é multidisciplinar e ele é feito em conjunto com o oncologista clínico e o radioterapeuta. Desta forma, hoje, contamos com a cirurgia, tratamento sistêmico (quimioterapia, hormonoterapia e drogas-alvo moleculares) e a radioterapia.

SAIBA MAIS SOBRE CÂNCER DE MAMA

Segundo os Registros de Câncer e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS), realizados em 2018 e 2019 pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama ainda é o tipo com maior incidência entre as mulheres, representando 29,5% dos casos de neoplasia. É também o tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil: 16,1% entre todas as neoplasias.

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação anormal e descontrolada de células mamárias. A mastologista Andrea Cubero, explica que a principal manifestação da doença é um nódulo irregular, fixo e geralmente indolor, e está presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher.

Outros sinais de alerta, segundo a especialista, são pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja; alterações no bico do peito (mamilo); saída de líquido anormal das mamas; dor recorrente nos seios; e pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço.

“Hábitos saudáveis de vida, tais como atividade física regular, controle do peso corporal, alimentação equilibrada, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e, no caso de mulheres com filhos, a amamentação são algumas medidas que podem contribuir para a prevenção do câncer de mama”, frisa a médica.

A doença é mais recorrente após os 50 anos, e tem caráter genético em 5% a 10% dos casos. Medidas preventivas, realização do exame de mamografia e o acesso à informação contribuem para um diagnóstico precoce, evitando agravamento do quadro.

RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA

O procedimento de reconstrução mamária, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), é oferecido apenas para mulheres com câncer que tiveram que retirar a(s) mama(s) ou parte(s) dela(s). Dessa forma, a rede pública de saúde oferece integral e gratuitamente os procedimentos de recuperação pós-mastectomia.

A reconstrução mamária deve ser feita de acordo com a possibilidade clínica e preferência da mulher. A orientação, conforme previsto na Lei nº 12.802, é que a cirurgia de reconstrução, prioritariamente, seja realizada na retirada da mama.
No entanto, de acordo com a própria legislação, quando não houver indicação clínica para realização dos dois procedimentos ao mesmo tempo, a paciente será encaminhada para acompanhamento e terá garantida a realização da cirurgia após alcançar as condições clínicas necessárias. Essa é uma medida de segurança e bem-estar, adotada ou não conforme cada caso.

Sendo assim, cabe à equipe médica responsável pela paciente avaliar se é possível realizar os dois procedimentos no mesmo ato cirúrgico. A decisão é tomada com base em diversos fatores, como a condição da área afetada para evitar infecção ou rejeição da prótese e a vontade da própria paciente. Em alguns casos, é necessária a radioterapia ou quimioterapia antes da reconstrução mamária ser realizada.

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