Especial / Aldenora Bello

Do coração solidário, nasceu o refúgio aos que têm câncer

Presente na sociedade ludovicense há mais de cinco décadas, hospital aponta limitações técnicas e financeiras, mas segue tentando prestar serviço de qualidade

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

[e-s001]Quando um homem simples chamado Antônio Dino veio para São Luís, após sair da sua terra natal, a conhecida Cururupu (MA) – distante 215 quilômetros da capital maranhense –, não imaginava que sua iniciativa e de sua esposa, Enide Dino, faria a diferença nos tempos atuais e em décadas anteriores na vida de tanta gente. Sua generosidade e apreço pelos outros o fizeram não medir esforços – assim como na sua formação acadêmica – para abrir, com o incentivo do poder público, à época, uma das unidades de saúde referenciais do estado e da região nordeste.

O Hospital Aldenora Bello tornou-se, com o tempo e esforço de muitos colaboradores, um centro de cura e amor para quem tem a sua vida devastada, preliminarmente, com o diagnóstico de câncer. Se, em anos anteriores, a unidade mantinha funcionamento pleno, atualmente o hospital registra problemas e luta para revertê-los e, desta maneira, fidelizar a sua relação com o seu maior “cliente”: o cidadão.

Quanto ao início dos trabalhos, há uma divergência. Os autos oficiais da unidade apontariam para a inauguração no fim da década de 1950, mais precisamente em 1958. No entanto, pesquisa levantada por O Estado, com base em acervos tipográficos registrados nos arquivos da Biblioteca Pública Nacional, direciona para a entrada em julho de 1965.

Segundo a edição do antigo Jornal do Maranhão, do dia 18 de julho de 1965, o então governador maranhense Newton Bello – após fazer parte de um grupo da sociedade civil, com o objetivo de lutar por melhorias aos pacientes do câncer – contou com o apelo de sua esposa, a primeira-dama do Estado à época, Aldenora Bello, para abrir um polo específico no tratamento da enfermidade.

Com isso, próximo a esta data e englobando um pool de obras governamentais, Newton Bello entregou, em solenidade – acompanhado por autoridades e pelo arcebispo de São Luís, dom João José da Mota – as primeiras instalações do Hospital Aldenora Bello. Em ato concorrido, segundo o Jornal do Maranhão, o vice-governador do Estado, Alfredo Duailibe – então presidente da Companhia de Ofensiva contra o Câncer – efetuou o desenlace da faixa oficial no prédio, que funcionava no endereço atual, situado na Rua Seroa da Mota, no bairro Apeadouro.



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A estrutura contava apenas com dois quartos, cada um com seis leitos e consultórios para atendimento, além da recepção. O letreiro antigo na fachada e o símbolo relativo ao câncer, mencionado o signo, chamavam a atenção de quem passava próximo ao local.

Havia ainda na unidade uma sala de raio-X. No entanto, a própria direção à época entendia que a estrutura não seria capaz de realizar nenhum tratamento para o câncer “de forma apropriada”.

A entrega do Aldenora Bello contou, ainda de acordo com reportagem divulgada pelo Jornal do Maranhão, com o estímulo da cooperação financeira do Governo do Maranhão, com o apoio do Ministério da Saúde (MS).

Equipamentos avançados
Com a inauguração, os proprietários Antônio Dino e Enide Dino assumiram a Liga Maranhense e a Rede Feminina de Combate ao Câncer. Ambos iniciaram ações de arrecadação de recursos para a construção de um pavilhão para abrir uma bomba de cobalto (espécie de aparelho usado para o tratamento de radioterapia contra o câncer. O equipamento foi instalado em mar­ço de 1976.

[e-s001]A morte do fundador
Quatro meses após a medida de avanço da unidade, Antônio Dino faleceu, vítima de uma parada cardíaca. Como profissional, deixou um grande legado entre filhos e colegas. Em sua homenagem, foi cria­da a Fundação Antônio Dino (cuja sede funciona atualmente ao lado do Hospital Aldenora Bello).

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