Poluição

Manchas de óleo se espalham e já atingem quatro praias do MA

Quatro praias de Alcântara e uma em Santo Amaro do Maranhão foram atingidas pelas manchas; Ibama apura se o material foi derramado de navios petroleiros

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Tartaruga, foi encontrada na Praia de Itatinga, no município de Alcântara, e estava coberta de óleo
Tartaruga, foi encontrada na Praia de Itatinga, no município de Alcântara, e estava coberta de óleo ( tartaruga)

As manchas de óleo, de origem ainda desconhecida, continuam se espalhando pelo litoral do Nordeste. No Maranhão, segundo dados atualizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), quatro praias da costa maranhense estão contaminadas pelo petróleo puro. Esses pontos estão nas cidades de Alcântara e Santo Amaro do Maranhão. Nove estados nordestinos foram atingidos. O último foi a Bahia, no dia 3 deste mês, segundo o órgão do Governo Federal.

Conforme o Ibama, as áreas com localidades oleadas no litoral maranhense são as praias de Travosa, da Mamuna, da Ilha do Livramento e de Itatinga. A primeira fica em Santo Amaro do Maranhão. As demais estão em Alcântara. Outros pontos foram classificados como “não observados”. De acordo com o instituto, isso significa que não há nenhum vestígio de óleo nos mares desses trechos, como Litorânea, em São Luís; Ilha dos Poldros, em Araioses, e Praia do Canto dos Atins, em Barreirinhas, na região dos Lençóis.

Ou seja, segundo os dados do Ibama, até o momento não há vestígios de manchas de petróleo nas praias da Região Metropolitana de São Luís. Importante destacar que o primeiro caso no território maranhense foi detectado na Praia de Itatinga, em Alcântara, no dia 22 de setembro, ocasião em que uma tartaruga-marinha foi encontrada coberta de óleo. No Nordeste, a poluição causada pelo óleo foi verificada, primeiramente, nos estados da Paraíba e Pernambuco, no início do mês passado. A substância alcançou cidades como Recife, João Pessoa e Olinda.

De acordo com o instituto, até o momento 11 tartarugas e uma ave conhecida como “bobo-pequeno”, ou furabucho (Puffinus puffinus), foram encontradas impregnadas da substância. Sete tartarugas fo­ram achadas mortas ou morreram após o resgate, assim como a ave.

Tartaruga com óleo
Na tarde do dia 22 de setembro, o primeiro vestígio do material foi detectado no Maranhão depois que o universitário Júlio Deranzani Bicudo localizou uma tartaruga repleta de petróleo, por volta das 16h30, quando caminhava nas areias da Praia de Itatinga. O animal estava com uma densa camada da substância na cabeça e no casco. O estudante contou que seguiu o rastro das manchas na extensão da faixa de areia.

O universitário relatou na época que a tartaruga estava agitada, por conta do material. Ele, então, levou o animal até um chuveiro situado na praia, para limpá-lo. Após livre da substância, a tartaruga foi devolvida ao mar já à noite, perto das 19h. Com a divulgação do caso nas redes sociais, a Empresa Maranhense de Administração Portuário (Emap) se pronunciou e disse que não havia registros de nenhum vazamento de óleo na região do Porto do Itaqui, e que as operações no local
seguiam normalmente.

O Governo do Maranhão também se manifestou naquele momento e declarou que criou um grupo, formado por membros do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), CBM e outros setores, para apurar o caso.

Ações do Ibama
Em nota, o Ibama frisou que, desde o dia 2 de setembro, está estabelecendo uma série de ações, juntamente com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (DF), Marinha e Petrobras, com o objetivo de investigar as causas e responsabilidades do despejo, no meio ambiente, do petróleo cru que atingiu o litoral nordestino. O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), inclusive, já determinou uma investigação sobre as origens, causas e responsabilidades pelo material derramado nas praias da região.

“O resultado conclusivo das amostras, solicitadas anteriormente pelo Instituto e pela Capitania dos Portos, e cuja análise foi feita pela Marinha e pela Petrobras, apontou que a substância encontrada nos litorais trata-se de petróleo cru, ou seja, não se origina de nenhum derivado de óleo”, diz o Ibama na nota.

A investigação do Ibama, com apoio dos Bombeiros do DF, mostra que o petróleo que está poluin­do todas as praias seja o mesmo. Contudo, a sua origem ainda não foi identificada. Em análise feita pela Petrobras, a empresa informou que o óleo encontrado não é produzido pelo Brasil.

“O Ibama requisitou apoio da Petrobras para atuar na limpeza de praias. Os trabalhadores que estão sendo contratados pela petrolífera são agentes comunitários, pessoas da população local, que recebem treinamento prévio da empresa para ocasiões em que forem necessários os serviços de limpeza. No entanto, o número efetivo de mão de obra dependerá da quantidade de pessoas treinadas disponíveis nas áreas”, finaliza.

Estados atingidos
Segundo o Ibama, a mancha já poluiu os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Já são 132 locais atingidos, em 61 municípios. Há suspeita de que a contaminação tenha relação com navios petroleiros. A hipótese é que algum deles tenha efetuado uma limpeza nos tanques e despejado os rejeitos no mar.

NÚMEROS
11 tartarugas e uma ave encontradas impregnadas de óleo
7 tartarugas morreram antes ou após resgate, assim como a ave

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