Críticas da oposição

Johnson causa indignação ao citar deputada morta por extremista pró-Brexit

Criticado por linguagem agressiva, premier britânico perde sétima votação no Parlamento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Boris Johnson deixa Downing Street em Londres: críticas por linguagem agressiva
Boris Johnson deixa Downing Street em Londres: críticas por linguagem agressiva (Reuters)

LONDRES - O discurso virulento do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, no Parlamento na quarta-feira, 25, e o uso do nome da deputada trabalhista anti-Brexit Jo Cox , assassinada por um homem de extrema direita durante a campanha pelo referendo, gerou críticas da oposição e até de membros de seu Partido Conservador. Ao discutir com a trabalhista Paula Sheriff, que pedira que o primeiro-ministro que “moderasse sua linguagem”, Johnson afirmou que a melhor maneira de honrar Cox “seria, acredito, realizar o Brexit”, o que causou uma onda de indignação.

“Me deixa doente que o nome de Jo seja usado dessa maneira”, tuitou o marido de Jo Cox, Brendan, que em declarações à rádio BBC criticou a linguagem “irresponsável” usada pelos políticos de ambos os lados, acusando-os de exacerbar as divisões sociais sobre a saída britânica da União Europeia.

O Parlamento retomou suas atividades na quarta-feira, depois que a justiça declarou “ ilegal ” a decisão de Johnson de suspender as sessões durante cinco semanas, em pleno debate sobre o Brexit. Na sessão, o primeiro-ministro britânico enfrentou uma avalanche de críticas por sua oratória, considerada incendiária e perigosa no debate que divide a sociedade britânica. Ele se recusou a se desculpar, criticou repetidamente os legisladores por aprovar uma “lei de rendição” que o forçaria a solicitar um novo adiamento do Brexit e disse que “não trairia” o mandato do povo de deixar a União Europeia.

" Ontem (...) palavras raivosas foram pronunciadas, a atmosfera era tóxica", lamentou o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, que chamou os deputados a “se tratarem como oponentes e não como inimigos”.

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, acusou Johnson de usar uma linguagem “indistinguível da linguagem da extrema direita”.

Até alguns membros do Partido Conservador governista pareciam incomodados:

"Em um momento de sentimentos contraditórios, todos devemos estar cientes do impacto do que dizemos sobre aqueles que nos observam", disse o ministro da Cultura e Mídia, Nicky Morgan.

Danos à democracia

O neto de Winston Churchill, Nicholas Soames, expulso do Partido Conservador por se rebelar contra Johnson, por sua vez, disse que “a linguagem que está usando causa muitos danos à nossa democracia”.

Mais tarde, foi a vez da irmã de Boris Johnson se unir às críticas.

"Meu irmão usa palavras como ‘rendição’ e ‘capitulação’, como se as pessoas que estão no caminho da sagrada vontade do povo, como definido pelos 17,4 milhões de votos em 2016, tivessem que ser enforcadas, afogadas, esquartejadas e cobertas por penas disse Rachel Johnson ao canal Sky News.

" Eu penso que tudo isto é muito repreensível", completou a jornalista, contrária ao Brexit.

Johnson sofreu nesta quinta-feira a sétima derrota consecutiva no Parlamento, onde os ânimos estão agitados com a proximidade de um Brexit incerto que provoca uma debate cada vez mais tenso. Por 306 votos a 289, os deputados rejeitaram a proposta de um breve recesso na próxima semana, de segunda a quarta-feira, para permitir que os membros do partido governamental participem do congresso anual da formação.

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