Brasil na ONU

Na ONU, Jair Bolsonaro fala em Cuba, Venezuela e socialismo

Em seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, presidente do Brasil disse que o Brasil, antes dele, estava "à beira do socialismo"; Bolsonaro disse ainda que a Amazônia é maior que a Europa Ocidental

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Presidente da República Jair Bolsonaro iniciou seu discurso atacando partidos de esquerda e Cuba e Venezuela
Presidente da República Jair Bolsonaro iniciou seu discurso atacando partidos de esquerda e Cuba e Venezuela (Bolsonaro)

São Paulo

Em um discurso de aproximadamente meia hora, o presidente Jair Bolsonaro fez sua estreia na Assembleia Geral da ONU sem começar seu pronunciamento focando na questão climática, principalmente no que tange a questão das queimadas na Amazônia.

Bolsonaro iniciou sua fala citando que assumiu um país que estava "à beira do socialismo", fortemente influenciado por Cuba e Venezuela, de acordo com ele.

“Lhes apresento um novo Brasil, que ressurge depois de estar à beira do socialismo” foi a frase escolhida pelo presidente para iniciar o discurso, logo depois dos agradecimentos a Deus por sua vida e de dizer que iria “restabelecer a verdade”.

Bolsonaro ainda mencionou que o Brasil não colabora mais com a ditadura cubana após o cancelamento do programa Mais Médicos, que visava à interiorização de médicos cubanos no país.

O presidente citou, ainda, a Venezuela como exemplo a não ser seguido pelo Brasil. “Outrora democrática, hoje nossos vizinhos venezuelanos experimentam a crueldade do socialismo” que, de acordo com ele, é mantido por agentes do regime cubano que controlam a sociedade local, acrescentando que a história mostra esses agentes infiltrados.

Sobre a situação na Venezuela, Bolsonaro ainda citou que o Brasil trabalha com os Estados Unidos para restabelecer a democracia em solo venezuelano. Finalizando o bloco sobre socialismo de sua fala, o presidente ainda afirmou que o Foro de São Paulo, “organização criminosa criada por Fidel (Castro, ex-presidente de Cuba), Lula (Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil) e Chávez (Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela)”, precisa ser combatido.

Relações internacionais

O presidente também endereçou questões de relações internacionais em seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU. “Reafirmo nossa disposição de manter contribuição concreta às missões da ONU, inclusive no que diz respeito ao treinamento e à capacitação de tropas, área em que temos reconhecida experiência”, disse o presidente, que logo depois introduziu sua agenda internacional “com o intuito de resgatar o papel do Brasil no cenário mundial e retomar relações com importantes parceiros”.

Na sequência, Bolsonaro fez um resumo de todas as parcerias comerciais internacionais que já firmou desde que eleito, relembrando, principalmente, que “junto com o presidente argentino Mauricio Macri e nossos sócios do Uruguai e Paraguai, afastamos do Mercosul a ideologia e conquistamos importantes vitórias comerciais ao concluir negociações que já se arrastavam por décadas”. Bolsonaro também afirmou que está “ansioso” para visitar parceiros na África, Oceania, Europa, mundo árabe e Ásia

“Essas visitas reforçarão a amizade e o aprofundamento das relações com Japão, China, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar. Pretendemos seguir o mesmo caminho com todo o mundo árabe e a Ásia”, disse o presidente.

“Como os senhores podem ver, o Brasil é um país aberto ao mundo, em busca de parcerias com todos os que tenham interesse de trabalhar pela prosperidade, pela paz.

Presidente diz que discurso foi “contundente”

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que seu discurso foi “contundente” e bem objetivo. Ele negou acusações de agressividade, após críticas do chanceler cubano, Bruno Rodríguez, e de organizações ambientalistas, de defesa de indígenas e de direitos humanos.

A jornalistas, quando deixava o hotel para almoçar, o presidente brasileiro deu uma rápida declaração: “Vocês têm que fazer avaliação. Acho que foi um discurso bem objetivo, contundente. Não foi agressivo, mas nós buscamos restabelecer a verdade das questões que estávamos sendo acusados no Brasil”.

Ele irritou os representantes cubanos ao citar o país, ao lado da Venezuela, ao criticar o socialismo, e ao acusar os médicos cubanos do programa Mais Médicos de atuarem no Brasil “sem nenhuma comprovação profissional” e com 75% de seus salários confiscados. “Um verdadeiro trabalho escravo”, comentou.

Já ONGs ambientalistas e de direitos humanos criticaram especialmente os trechos do discurso em que Bolsonaro falou sobre a Amazônia e os povos tradicionais da região.

“O presidente negou abertamente os dados e fatos que mostram o nível assustador da devastação da Amazônia e outros biomas do país e atacou uma liderança indígena abertamente, o cacique Raoni, um defensor de seus direitos e dos direitos dos seus povos”, diz nota da Anistia Internacional.

Representantes dos povos indígenas também se disseram indignados com a presença de Ysani Kalapalo, apontada pelo presidente como prestigiada liderança indígena “apta a representar as etnias relacionadas” – o que foi negado por caciques de 16 povos indígenas.

“Ela [Ysani Kalapalo] pode ser alguém que representa o governo dele, não os indígenas”, disse ainda Sônia Guajajara em uma coletiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em Nova York, ontem.

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