Artigo

Sexo para todos os males

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

Descobri, em reportagem recente deste jornal, que 6 de setembro é o Dia Internacional do Sexo, data assim escolhida como uma alusão à prática do 69. Complementando, a reportagem informava o que tudo mundo, mais ou menos, sabia: sexo é o melhor remédio.

As razões, explicadas cientificamente, aqui não carecem ser esmiuçadas. Enumeram-se as doenças e dores para as quais funciona que é uma maravilha: 1) Para enxaqueca, 2) Para fortalecimento dos ossos 3) Para combater a incontinência urinária 4) Para aliviar as cólicas de TPM. 5) Para melhorar o aspecto da pele 6) Para melhorar o sono 7) Para aliviar o estresse 8) Para queimar calorias 9) Para aumentar a imunidade contra infecções, gripes e resfriados 10) Para envelhecer melhor e... Enfim, trata-se de um remédio tão eficiente que não é exagero se conjecturar que o sexo seja bom também para morrer melhor.

Com tantos atributos o que se lamenta é que ainda não seja reconhecido como tal pela ANVISA, o que só pode ter origem preconceituosa a partir do que se admite como politicamente correto. Uma primeira providência para desconstruir o ‘pecaminoso’ que ronda a atividade sexual seria passar a reconhecer melhor seus propagadores e agentes. Urge, por exemplo, que os motéis deixem de ser instalados apenas em avenidas e locais obscuros e passem a existir em locais de grande visitação vindo a denominar-se, ao invés de motéis, clínicas de saúde. O mesmo vale para prostitutas que passariam a ser reconhecidas como profissionais da saúde pública com direito a aposentadoria por tempo de serviço e direitos equivalentes aos que lidam com a saúde como médicos, enfermeiros e farmacêuticos.

Restaria ao Ministério de Saúde distribuir bulas explicativas à população mais ou menos da forma que segue:

Composição: Trata-se de um remédio natural cujos principais componentes químicos e físicos são trilhões de células desenvolvidas a partir de um código de crescimento chamado DNA até se constituírem seres humanos. A otimização dos efeitos de sexo como remédio exige que haja conjunção de dois indivíduos para tanto, preferencialmente.

Posologia: Embora aplicado e ingerido comumente em horários noturnos, sexo não tem restrição de horário, podendo ser consumido a qualquer hora do dia. Quanto ao local dá-se preferência para locais pouco movimentados e com baixa visibilidade. Essa restrição tem a ver com certo grau de paroxismo e excitação que, surgindo logo em seguida a aplicação do remédio, pode fazer com que seja confundida sua forma de utilização com a de alguém sob o impacto de alguma possessão ou loucura.

Precauções: Embora liberado sem a obrigatoriedade de receita médica, recomenda-se não exagerar na dose o que pode viciar os pacientes tornando-os obsessivos. (Obs. Um exemplo disso foi a cantora Anitta, presentemente sob cuidados médicos).

Efeitos Colaterais: o principal efeito colateral acontece depois de 9 meses e tem a ver com o surgimento na barriga da receptora daquilo que convencionou-se chamar de filho, nem sempre bem-vindo, infelizmente. Neste caso, para evitar, deve-se socorrer de uma camisinha enquanto se estiver tomando o remédio. Os demais efeitos colaterais são considerados contornáveis sem uso de outro remédio: paixão, obsessão, perda temporária de raciocínio e outras manias.

José Ewerton Neto

Autor de O ABC bem humorado de São Luís

E-mail: ewerton.neto@hotmail.com

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