De centro-esquerda

Nova coalizão toma posse na Itália e estreita laços com UE

Antes de começar mandato, o novo governo, que precisará ser aprovado pelo Parlamento, buscará uma relação muito menos conflituosa com a União Europeia do que a coalizão antecessora, formada melo M5S

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Novo Gabinete do governo italiano tomou posse ontem
Novo Gabinete do governo italiano tomou posse ontem (Reuters)


ROMA - O novo governo de coalizão italiano tomou posse ontem, 5, com o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, unindo-se ao antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) em uma improvável aliança celebrada pelos mercados financeiros.

Os indícios são que o novo governo buscará uma relação muito menos conflituosa com a União Europeia do que a coalizão antecessora, formada melo M5S e pela sigla de extrema direita Liga. A antiga gestão implementou não só uma dura política anti-imigratória , mas também era uma grande opositora das regras orçamentárias do bloco europeu, que limitam a dívida e o déficit públicos dos países da zona do euro.

O PD assumiu as pastas da Economia e de Assuntos Europeus e o ex-primeiro-ministro Paolo Gentiloni foi nomeado como novo comissário italiano na União Europeia — indicações que deverão garantir uma boa relação com Bruxelas.

A perspectiva animou o mercado financeiro, fazendo com que as ações italianas tivessem fortes ganhos nas últimas semanas. A taxa de rentabilidade de obrigações de 10 anos do Tesouro atingiu, na quarta-feira, 4, um novo recorde de 0,803% — no início de agosto, o índice estava em 1,5%. Quanto menor é esta taxa, maior é a confiança no mercado em questão.

O primeiro-ministro Giuseppe Conte, um professor de Direito sem filiação partidária, mas próximo ao M5S, liderou sua nova equipe de sete mulheres e 14 homens durante a cerimônia de posse que aconteceu na quinta-feira,5, em Roma. Com algumas exceções, como o ex-vice-primeiro-ministro Luigi Di Maio, do M5S, encabeçando a Chancelaria, a maior parte dos nomes da nova gestão é de pessoas novas, com experiência política limitada.

" Nós sabemos muito bem que os partidos que formam esta coalizão tiveram grandes desavenças ao longo dos anos. É um caminho difícil pela frente, mas o que importa é o espírito", disse Dario Franceschini, novo ministro da Cultura italiano, logo após a primeira reunião do Gabinete. "Há um clima de boa vontade e cooperação".

Em um claro afastamento da gestão antiga, o 67 o governo a se formar na Itália desde o fim da Segunda Guerra Mundial pôs o Ministério do Interior sob tutela de Luciana Lamorgese, servidora pública especialista em imigração. Anteriormente, a pasta era comandada por Matteo Salvini, ex-vice-primeiro-ministro e líder da Liga, figura central do movimento de extrema direita europeu e grande derrotado pela aliança entre M5S e PD.

Salvini é derrotado

Ao contrário de Salvini, que críticos costumavam dizer que passava mais tempo em seu Twitter do que no ministério, Lamorgese não tem perfis em redes sociais e deverá adotar uma postura muito mais discreta que seu antecessor, enquanto busca trabalhar com Bruxelas para negociar uma nova gestão do fluxo de imigrantes que chega à Itália pelo Mediterrâneo.

De janeiro até o meio de maio, Salvini supostamente só teria ido ao escritório em 17 dias. Motivado pelo bom desempenho da Liga nas eleições para o Parlamento Europeu, no final de maio, ele apresentou uma moção de desconfiança contra sua própria coalizão de governo para desencadear novas eleições gerais. Salvini, contudo, não considerou que o PD e o M5S poderiam deixar de lado sua animosidade e unir forças para evitar um novo pleito.

Enquanto o novo Gabinete tomava posse, Salvini disse que "fortes poderes" europeus estavam por trás da nova coalizão: "Não vai durar muito", ele escreveu em seu Twitter. "Oposição no Parlamento, em governos municipais e nas praças e, finalmente, iremos votar e ganhar."

Moção de confiança

O novo governo não entrará em funcionamento até que passe pelas moções de confiança nas duas Casas do Parlamento italiano — votações que acontecerão, respectivamente, na segunda e na terça-feira,3.

É esperado que a administração de Conte passe por ambas votações, mas terá apenas uma frágil maioria no Senado que poderá dificultar, no futuro, a aprovação de medidas sobre temas mais sensíveis.

O primeiro passo do novo governo será definir o orçamento para 2020 — em uma plataforma compartilhada no início da semana, M5S e PD concordaram com medidas expansionistas que estimulem a estagnada economia italiana.

Roberto Gualtieri, novo ministro da Economia, é o atual presidente do Comitê de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu. Sua indicação é um sinal para Bruxelas de que Roma está disposta a iniciar uma nova relação — a UE ameaçou, duas vezes, aplicar ações disciplinares contra a antiga coalizão de governo devido ao estouro de suas contas públicas.

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