Editorial

Um problema alarmante

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

Na semana passada, mais um caso de violência contra a mulher ganhou repercussão nos meios de comunicação. Um empresário foi preso após fazer ameaças de morte a ex-namorada. As mensagens, cujo conteúdo era aterrorizante, não foram as primeiras ameaças do suspeito em relação a mulher. Contra ele já havia uma medida protetiva, mesmo assim, ele insistia em tentativas violentas de aproximação com a vítima.

Infelizmente, esse não é um caso isolado e os números de violência estão cada vez mais preocupantes. Somente este mês no Maranhão, ocorreram 35 casos de feminicídios, tipificação criminal para definir assassinatos que acontecem pelo fato da vítima ser mulher e de acordo com a Delegacia Especial da Mulher (DEM), de janeiro a julho deste ano já foram decretadas 2.298 medidas protetivas, o registro de 3.797 boletins de ocorrências e um total de 283 prisões de agressores, sendo a maioria pelos crimes de ameaça e lesão corporal.

Se os números oficiais já impressionam, é sempre importante lembrar que os crimes de violência contra a mulher em sua grande maioria acontecem dentro de casa e são ocultados pelo silenciamento das vítimas, seja por pressão psicológica, por vergonha ou também por dependência financeira do agressor. Apesar do tema ter começado a ser discutido com mais ênfase nos últimos anos, ilustrando, inclusive, tramas de novelas, ainda é um desafio aplicar o processo educativo e de reconhecimento do que é um relacionamento abusivo.

Em entrevista no fim de semana a O Estado, a coordenadora de Delegacias da Mulher no Maranhão, Kazume Tanaka ressaltou que além do trabalho repressivo, os órgãos de segurança pública têm investido em trabalhos preventivos por meio de palestras, mesas de diálogos, seminários e campanhas, além de um diálogo presente com os meios de comunicação como forma de esclarecer mulheres a romper o ciclo de violência. Além disso, em se tratando do trabalho de repressão dos crimes, há de se destacar a importância da Casa da Mulher Brasileira, com funcionamento 24 horas e com uma estrutura de acompanhamento abrangente das vítimas de violência.

No entanto, a ruptura com a violência contra a mulher ainda é um desafio complexo que, apesar dos avanços, ainda está na fase inicial, se considerarmos que o Brasil tem índices preocupantes e com muitas nuances no caminho a serem percorridas.

E além das palestras educativas executadas pelos órgãos de segurança, que são de fundamental importância, é essencial discutir com seriedade questões de gênero nas escolas. Orientar alunos sobre questões de respeito, prestar atenção em comportamentos é uma função importante que os professores podem desempenhar e assim contribuir para formação de pessoas com mais compreensão sobre a complexidade da violência contra a mulher.

Romper com o ciclo de violência contra a mulher só é possível por meio da educação e vai além de palestras pontuais, os ensinamentos são diários. Sim, os professores têm nessa missão um papel fundamental, pois o papel das escolas vai muito além das disciplinas básicas.

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