QUEIMADAS

Incêndios no Mato Grosso e Rondônia se alastram pelo Brasil

Brasil vive a maior onda de queimadas dos últimos cinco anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com 71.497 focos até domingo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Em imagem do dia 19, 18h, manchas vermelhas mostram alta concentração atmosférica de monóxido de carbono
Em imagem do dia 19, 18h, manchas vermelhas mostram alta concentração atmosférica de monóxido de carbono (mapa incêndios)

SÃO PAULO - O Instituto Nacional de Meteorologia informou que enormes incêndios estão ocorrendo na tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai nas últimas 48 horas. Os maiores focos de incêndio estão nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.

Na segunda-feira (19), a capital paulista escureceu às 15h. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o fenômeno foi causado por nuvens cumulonimbus carregadas, atreladas às queimadas descontroladas que ocorrem nas últimas horas. O vento levou a fumaça até o estado de São Paulo.

O Inpe divulgou que, em 2019, as queimadas tiveram um aumento de 83% em relação ao ano anterior. A Rondônia é o quinto estado no país com mais focos de incêndio neste ano, com 5.533. O primeiro é Mato Grosso, com 13.682 focos.

A fuligem resultante das queimadas geram riscos à saúde da população e para o transporte aéreo. A época da seca favorece a dispersão do incêndio. “No fim da semana passada, principalmente na sexta-feira (16), dava pra ver nitidamente uma pluma de fumaça descendo em direção ao Sul do Brasil. O fluxo dos ventos virou de tal forma que trouxe a fumaça, mas isso não estava previsto”, afirmou Josélia Pegorim, meteorologista do Climatempo.

Avanço
O Inpe admitiu que um corredor de fumaça avançou em direção ao centro-sul do país e chegou a São Paulo, mas garantiu que esta não era a principal causa para a escuridão. Mas especialistas já vêm alertando para o fenômeno há alguns dias. A MetSul, empresa de meteorologia do sul do país, publicou em seu Twitter na noite do último sábado (17), uma fotografia de uma lua alaranjada vista de Livramento, na fronteira do Brasil com o Uruguai.
A tonalidade era causada pelo efeito óptico gerado pelas partículas na atmosfera vindas dos incêndios no norte do país. No mesmo fim de semana, o astrônomo Jorge Melendez, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, alertava na rede social sobre o mesmo fenômeno visto de São Paulo.

Investigação
Especialistas e autoridades afirmam que os incêndios nas florestas são causados pelo tempo seco - em algumas regiões não chove há cerca de 90 dias - junto com a ação de moradores, fazendeiros e grileiros que possuem a prática de queimar lixo ou áreas de mata para abrir o terreno. A Folha de S. Paulo noticiou em 14 de agosto que fazendeiros do entorno da BR-163, no sudoeste do Pará, haviam anunciado no dia 10 "o dia do fogo". O Inpe registrou nas horas seguintes uma explosão dos focos de incêndio na região. Já o Acre declarou estado de alerta ambiental pelo aumento no número de incêndios no estado.

A região está há semanas sob os holofotes internacionais. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) está publicamente em guerra com os dados do Inpe que indicam um forte aumento do desmatamento na Amazônia durante os primeiros meses de seu Governo. Bolsonaro desacreditou os números e foi contestado publicamente pelo então presidente da instituição, Ricardo Galvão.

O físico acabou destituído. O mandatário brasileiro, que vem sinalizando desde a campanha de 2018 para uma flexibilização dos controles de desmatamento, enfraqueceu o Ibama e defende a mineração em terras indígenas. Também entrou em rota de colisão com países como Alemanha e Noruega, que contribuem desde 2008 para o Fundo da Amazônia, um dos responsáveis por financiar projetos de preservação da floresta brasileira. Os repasses de dinheiro foram suspensos.l

Queimadas
O Brasil vive a maior onda de queimadas dos últimos cinco anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Programa Queimadas do instituto, vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, registrou 71.497 focos de incêndio entre os dias 1º de janeiro e 18 de agosto deste ano. O número é 82% maior do que o mesmo período do ano passado, quando foram registrados 39.194 focos de incêndio. A última grande onda é de 2016, com 66.622 focos de queimadas entre essas datas.

Não está claro quando a última onda de queimadas começou. Imagens de um forte incêndio em Rondônia rodaram as redes sociais no fim de semana, assim como da capital Porto Velho submersa em uma nuvem de fumaça. Entre às 17h e 18h desta segunda, imagens de satélite em tempo real de diversas empresas e instituições internacionais - entre elas a Nasa - mostravam alta concentração atmosférica de monóxido de carbono (CO) no Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O incêndio também atingiu ao longo do fim de semana partes da Bolívia e do Paraguai, que finalmente conseguiu controlar as chamas na tarde desta segunda após 21.000 hectares da reserva Três Gigantes, na região da Tríplice Fronteira, queimarem. Os mesmos satélites mostraram ao longo dos últimos dias uma forte cortina de fumaça avançando em direção ao centro-sul do Brasil.

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