Conte anuncia renúncia ao cargo de primeiro-ministro da Itália
Chefe do Governo sai disparando contra o seu primeiro-ministro e ministro do interior Matteo Salvini, a quem acusou de agir sem responsabilidade e causar sérios riscos ao país.
Roma - O primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte anunciou, nesta terça-feira, 20, que vai renunciar após o debate parlamentar que seguirá sua declaração perante o Senado, onde ele pronunciou um discurso muito duro contra Matteo Salvini.
Em um discurso solene perante o Senado, Conte criticou seu ministro do Interior, dizendo que ele apenas “perseguiu seus próprios interesses e os interesses de seu partido” ao tentar tirar proveito das pesquisas que os creditavam com uma grande maioria no parlamento, na sequência dos resultados recordes nas europeias (34%).
"Fazer os cidadãos votar é a essência da democracia, mas pedir a eles que votem todos os anos é irresponsável", disse Conte. "O país precisa urgentemente de medidas para promover o crescimento econômico e o investimento".
"Estou interrompendo aqui essa experiência de governo. Pretendo concluir essa passagem institucional de maneira coerente. Irei ver o presidente da República para apresentar minha renúncia", disse Conte, ressaltando que antes pretende ouvir o debate programado para durar 3h45.
Em seu discurso contra Salvini, Conte acusou o vice-primeiro-ministro de causar "sérios riscos ao nosso país" e evocou o perigo de uma espiral econômica negativa para a terceira economia da zona do euro.
Ele também acusou o líder da Liga (extrema direita) de "falta de respeito pelas regras e instituições", repreendendo-o por exigir eleições o mais rápido possível para obter "plenos poderes".
"Caro ministro do Interior, ouvi você pedir 'plenos poderes' e apelar para que seus apoiadores saiam às ruas para apoiá-lo, essa atitude me preocupa", acrescentou Conte.
"Não precisamos de plenos poderes, mas de líderes com o senso de instituições", disse ele.
Tendo chegado à chefia do país depois de uma marcha fascista em Roma, o ditador Benito Mussolini obteve em 1922 "plenos poderes" para dirigir como desejava a Itália durante o ano seguinte
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