Opinião

Nem pior e nem melhor

Benedito Buzar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Pela maneira nada condizente com os ditames republicanos e verbalizadas por quem deveria ser o primeiro a dar exemplos edificantes ao País, aquele desastrado episódio, continua na ordem do dia, sendo discutido, suscitando polêmica e dividindo a opinião pública, na medida em que foi visto e entendido como um ato grosseiro e comprometedor à liturgia do cargo. Benedito Buzar

No dia 19 de julho passado, o presidente da República, Jair Bolsonaro, como vem acontecendo desde que assumiu o cargo mais importante do País, produziu mais uma de suas descontroladas e estapafúrdias opiniões sobre atos e fatos da vida pública, mostrando o seu desconhecimento da realidade brasileira e o despreparo para governar uma nação cuja população dele esperava mais sensibilidade para enfrentar os problemas do País com seriedade, compostura e vontade pessoal e política.

Naquela oportunidade, no Palácio do Planalto, num café da manhã, com jornalistas, Bolsonaro foi flagrado pelas televisões, dizendo levianamente ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que “daqueles governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão”, por isso “não tem que ter nada pra esse cara”.

O inconveniente desabafo do chefe da Nação, extravasado num momento inadequado e fora da agenda, foi literalmente interpretado como um recado de cunho discriminatório, endereçado ao governador Flávio Dino de que, neste mandato presidencial, não terá vez e voz e será tratado à base de pão e água.

Pela maneira nada condizente com os ditames republicanos e verbalizadas por quem deveria ser o primeiro a dar exemplos edificantes ao País, aquele desastrado episódio, continua na ordem do dia, sendo discutido, suscitando polêmica e dividindo a opinião pública, na medida em que foi visto e entendido como um ato grosseiro e comprometedor à liturgia do cargo.

Com respeito ao agressivo e indelicado gesto do Presidente da República, que atingiu a figura pessoal e política do governador Flávio Dino, nem o povo maranhense e muito menos o povo brasileiro, na sua esmagadora maioria, o aplaudiram ou concordaram até porque bateu de frente com o Art. 78 da Constituição, que manda a quem se encontra investido no cargo de chefe da Nação cumprir as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a União, a integridade e a independência do Brasil.

De minha parte, quero dizer que, com relação à conduta de Flávio Dino à frente do Governo do Estado do Maranhão, não o considera o pior do Brasil, pois é do consenso que existem outros governadores, inclusive de estados mais destacados que o Maranhão, que realizam administrações nada convincentes e mais decepcionantes.

Na realidade, o atual chefe do Executivo maranhense poderia apresentar um melhor desempenho na sua gestão se tivesse, salvo melhor juízo, a seu lado uma equipe de auxiliares de melhor nível técnico, mais preparada e com capacidade para tocar a máquina administrativa com mais eficiência e determinação.

Se por um lado, afirmo que Flávio Dino não é o pior do Brasil, de outro lado, asseguro que ele, como todos os governadores do Nordeste, estão todos numa mesma situação, enfrentando dificuldades estruturais e conjunturais, que os nivelam por baixo, quanto à situação econômica e social.

Nesse particular, o governador Flávio Dino, por ser um homem de esquerda e de fazer parte de um partido como o PC do B, cuja filosofia política estriba-se na luta pela mudança dos desníveis de vida e na melhor distribuição e renda, no Maranhão, contudo, esses quesitos ainda não foram modificados ou melhorados, ao contrário, continuam como dantes no quartel de Abrantes, ou seja, do mesmo jeito quando assumiu o governo do Estado e prometeu no seu discurso de posse dar a volta por cima, ou seja, apresentando baixos índices de desigualdade social e de acentuado atraso econômico.

As obras pontuais e os programas sociais que ora se realizam no Maranhão, inobstante ao esforço do governador, praticamente não conseguiram mudar a fisionomia da sociedade, até porque, na sua grande maioria, derivam de recursos federais, que se já eram minguados, ficaram mais complicados quanto à liberação dos mesmos, pois dependem exclusivamente da vontade do Presidente Bolsonaro, este, sim, o pior que o Brasil já teve ao longo de sua história, que, se já não via Flávio Dino com bons olhos, agora, não quer vê-lo nem pintado de amigo do presidente dos Estados Unidos.

Semanas atrás, na Folha de São Paulo, um artigo do jornalista Hélio Schwartsman, intitulado “O antiestadista”, dizia os motivos pelos quais Jair Bolsonaro faz jus a esse título: “Ele não tem noção da estatura do cargo que ocupa, dedicando-se a questiúnculas que não deveriam chegar nem perto do gabinete presidencial, como o conteúdo de filmes que contam com financiamento público ou o número de pontos necessários para cassar a habilitação de motoristas”.

“Pior, buscar interferir em assuntos de forma personalista, com desprezo pelas instituições e contra consensos técnicos e não desperdiça oportunidades de aprofundar as divisões políticas que tanto mal tem causado ao País”.

“Ele abusa de pautas que não passam de nitroglicerina ideológica, investe contra governadores nordestinos e ataca de forma pusilânime, desafetos e até profissionais que não corroboram suas singulares visões de mundo”.

“Não dá nem para afirmar que o presidente é sincero em suas convicções. Pois quando julga que há uma oportunidade para faturar, não hesita em renegar o discurso da véspera”.

Quem tem, portanto, todos esses defeitos, seja na biografia, seja no desempenho do mandato, não pode apontar o dedo para ninguém e tentar execrá-lo perante à opinião pública.

Almoço com Sarney

Todas as vezes que o ex-presidente José Sarney vem a São Luís, faz parte de sua agenda um almoço com um grupo de amigos.

Na segunda-feira passada, no restaurante Ferreiro Grill, uma mesa especial chamava as atenções da clientela pela presença de Sarney, que na companhia de Benedito Buzar, Aparício Bandeira, Joaquim Haickel, José Jorge Soares, Remy Ribeiro, Fabiano Vieira da Silva, Jura Filho, Francisco Leda, Eliézer Moreira, Nan Souza e o coronel Vieira, passavam em revista os acontecimentos políticos de ontem e de hoje ao sabor dos deliciosos pratos da culinária maranhense.

Sarney na Casa da Cultura

Na tarde daquele dia e após o almoço, Sarney e este jornalista se dirigiram para a Casa da Cultura Josué Montello, onde a diretora da Instituição, Joseane Sousa, mostrou o farto e primoroso material biográfico e literário do patrono da Instituição, guardado e conservado com o maior cuidado e desvelo.

Sarney que não conhecia a Casa da Cultura Josué Montello, saiu dali empolgado com o que viu.

Sarney na Amei

Para completar o périplo cultural, restava visitar a Livraria AMEI, no Shopping São Luís, onde Sarney queria ver e adquirir os recentes lançamentos editoriais e produzidos pelas novas gerações maranhenses.

Ficou tão impressionado com a quantidade e a qualidade da produção livresca ali exposta, que de lá saiu carregando um volumoso pacote de obras, que levará para Brasília para consumi-los e mostrar aos brasilienses o tipo de livro que se edita em São Luís.

Palmas para Joaquim Haickel

O Maranhão cultural precisa saber e aplaudir, o incansável trabalho de Joaquim Haickel na área da arte cinematográfica, graças ao seu esforço pessoal e intelectual.

Na semana passada, a MAVAM, empresa criada por Joaquim e que faz parte da Fundação Nagib Haickel, produziu e apresentou para um público selecionado duas obras cinematográficas da maior importância artística e jornalística.

A primeira, um longa sobre a vida e a obra de um dos mais expressivos pintores e escultores do Maranhão, Celso Antônio; a segunda, um documentário com base no trabalho jornalístico, dos anos sessenta e setenta, em São Luís, do profissional Lidenberg Leite, que retrata atos e fatos da vida pública e privada maranhense.

Camelôs na Rua Grande.

Para facilitar as obras de requalificação na Rua Oswaldo Cruz, a construtora responsável pela execução dos serviços de engenharia, permitiu e facilitou o deslocamento dos camelôs que trabalhavam nas ruas transversais e adjacentes.

Com a finalização dos trabalhos do IPHAN e a proximidade da data de inauguração da nova Rua Grande, nada mais problemático e complicado do que o retorno dos camelôs aos lugares de origem.

Eles, que já haviam se habituado a trabalhar nas ruas transversais e adjacentes, provavelmente vão exigir um preço alto para voltar aos postos antigos.

Assaltantes no interior

Os assaltantes que atuavam nas principais cidades brasileiras, descobriram algo espetacular para sobreviverem com mais tranquilidade e menos risco: a mudança para o Nordeste do Brasil.

Ao contrário do que acontece nas urbes mais adiantadas do país, onde os bandidos enfrentam uma polícia mais organizada e melhor treinada, em nossa região, sobretudo no interior, os assaltantes podem atuar com mais desenvoltura e facilidade, porque as forças policiais são em menor escala e atuam com menos armamentos.

Não é à toa que, de uns tempos para cá, o interior do Maranhão está infestado de bandidos e de profissionais na arte de assaltar e implodir estabelecimentos bancários, estes, desprovidos de esquemas de segurança à altura de enfrentá-los.

Celso Veras

Mais um amigo que parte, mais uma inteligência e exemplo de honradez que o Maranhão perde: Celso Veras, um cara de personalidade forte, mas dotado de uma fragilidade física bem acentuada. Dele guardarei sempre boas lembranças, como figura humana e pela conduta moral e digna na vida privada e pública.

Uma passagem marcante em sua atividade pública, ocorreu no governo Epitácio Cafeteira, em 1987, quando dirigiu o Projeto Nordeste, mantido com recursos de organismos nacionais e internacionais e voltado para o fomento e desenvolvimento de projetos comunitários.

Por não se submeter aos caprichos políticos do governador Cafeteira, na sua ânsia de aplicar os recursos em atividades avessas ao projeto, Celso se rebelou contra a intromissão do governador, gerando crise no governo e sua exoneração do cargo.

Tudólogos em profusão

Tudólogo é um neologismo que diz respeito a pessoa que opina sobre qualquer assunto, assenhorando-se sempre como pretenso especialista em qualquer matéria ou assunto.

Pois é essa categoria de gente que passou a ser encontrada em São Luís em larga escala e fácil de ser identificada pela berrante chatice.

Por se acharem entendidos em qualquer assunto (política, economia, literatura, religião, futebol) acham-se no direito de participar ou de se intrometer em conversas para as quais não foram convidados ou chamados a opinar.

Viva Caxias

Que belo exemplo de civismo deu o prefeito de Caxias, Fábio Gentil, de comemorar com toda a pompa os 196 anos de Adesão de Caxias à Independência do Brasil.

São Luís e Itapecuru-Mirim, onde foram travadas lutas intensas contra os portugueses, que nos queriam subjugar a Portugal, esqueceram de fazer qualquer comemoração alusiva a tão importante efeméride histórica.

Até o ponto facultativo que antigamente fazia lembrar a Adesão do Maranhão à Independência passou despercebido.

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